terça-feira, 18 de junho de 2013

Ascenso das lutas populares no Brasil

-->
por Mário Medina

O refluxo pode durar um tempo razoável, mas o ascenso social vem, necessariamente, em algum momento de crise. E no Brasil é chegado o momento oportuno das sublevações populares, sobretudo das juventudes dos grandes meios urbanos, que continuam sem perspectivas de mudança dentro da atual conjuntura política de pseudo regime democrático, que lhes sufoca com repressão e meios de controle social para lhes enquadrar dentro de um sistema viciado, onde vigora todo tipo de exploração sobre as classes mais pauperizadas.
Mas tem uma hora que a bomba explode. E a ideologia dominante não tem sido capaz de conter a revolta. As manifestações por todo o país começaram com a bandeira da tarifa zero no transporte público, com os estudantes se rebelando contra o aumento abusivo e injustificável dos preços das passagens, mas transbordou o temário inicial após a resposta truculenta das policias militares a serviço dos governos locais, e, na última semana, colocou dezenas de milhares de manifestantes nas ruas das maiores cidades do país.
Deste modo as manifestações ganharam um caráter nacional e multitudinário, graças às demandas sociais que não tem sido contempladas pelo regime democrático burguês, que mais se caracteriza por uma ditadura velada dos interesses dos grandes capitalistas, que estão por trás do governo de Dilma e dos politiqueiros locais que lhes servem como testas de ferro no plano político.
O que está em jogo para os estudantes e trabalhadores que saem às ruas já não é tão somente o preço abusivo do transporte, mas a luta pelo direito de se manifestar sem sofrer repressão; acompanhada de toda uma gama de reivindicações sociais de uma classe que não aguenta mais viver e ser tratada como gado, vítima dos vis interesses financeiros dos que dominam os meios de produção e o sistema político.
Agora o que está em jogo é o descontentamento massivo com os gastos da Copa; o descontentamento social com o sucateamento dos serviços públicos, tais como a saúde, a educação, a previdência; o descontentamento da juventude com o desemprego, com os salários rebaixados que não cobrem as perdas inflacionárias e que assim penalizam os trabalhadores, lhes tirando poder de compra, lhes impondo uma vida de privações e necessidades.
Repito: uma hora a bomba explode. E a burguesia no governo, com suas pífias manobras políticas, não é capaz de conter o ascenso das massas, e assim se encontra num impasse. Dilma e os picaretas do congresso nacional assumem um discurso ameno e moderado diante das convulsões sociais. Os politiqueiros bem sabem que tem de tratar de colocar panos quentes sobre a revolta se quiserem mesmo contornar a situação e permanecerem no poder.
A grande mídia dos poderosos já não eh capaz de manobrar a opinião publica com tanto êxito, não diante de tamanha crise social e política, e assim capitula diante da cruel realidade e adere à um discurso cínico e conciliatório, tratando como jovens politizados e conscientes os que outrora tachavam de vândalos.
Diante de tudo que está colocado, é imperativo concluir que está na hora da classe trabalhadora e da esquerda tomarem o poder e transformarem a sociedade de classes numa sociedade igualitária, de assumirem a liderança da revolução social e o processo de transição ao socialismo. Só numa sociedade socialista será possível ter vida plenamente digna e com verdadeira liberdade.
A tarefa colocada para a esquerda revolucionária é dirigir o descontentamento das massas para uma politização e conscientização que se converta em práxis revolucionária, organizando os elementos revoltosos da sociedade em torno de um projeto de sociedade socialista.

sábado, 15 de junho de 2013

LIBERDADE IMEDIATA AOS PRESOS POLÍTICOS DE ALCKMIN!

Carta aberta de professores da USP que exigem imediata libertação dos presos políticos das manifestações dessa semana em São Paulo
Nós, abaixo-assinados, professores da Universidade de São Paulo, exigimos a imediata libertação dos cidadãos feitos prisioneiros políticos pelo governo do Estado de São Paulo em razão de uma manifestação pacífica contra o aumento da tarifa do transporte público municipal. Exigimos, em especial, a imediata libertação de nossos três estudantes, José Roberto Ferreira Militão Junior, Maria Clara Guiral Bassi e Iuri Gabriel Bonfim. Além disso, exigimos a punição exemplar de todos os policiais militares engajados em injustificáveis ataques à população e aos profissionais de imprensa direta ou indiretamente envolvidos na manifestação do dia 13 de junho de 2013. Um verdadeiro Estado de direito não pode admitir esse tipo de comportamento daqueles agentes públicos pagos justamente para proteger os cidadãos paulistas. Liberdade imediata aos presos políticos de Alckmin! 
Beatriz Raposo de Medeiros 
Cilaine Alves Cunha
Cristina Wissenbach
Deize Crespim Pereira
Elisabetta Santoro
Fátima Bueno
Flavio Wolf de Aguiar
Francis Aubert
Francisco Carlos Palomanes Martinho
Glória Alves
Henrique Carneiro
João Zanetic
Laura de Mello e Souza
Leila Leite Hernandez
Lucia Wataghin
Manoel Fernandes de Sousa Neto
Marcello Modesto
Marcos Silva
Maria Cristina Correia L. Pereira
Maria Ligia Coelho Prado
Mauricio Salles Vasconcelos
Neide Maia González
Pablo Ortellado
Renato Queiroz
Roberta Barni
Rodrigo Ricupero
Rosangela Sarteschi
Ruy Braga
Sean Purdy
Sergio Miceli
Sylvia Bassetto
Tania Celestino Macêdo
Vima Lia Martin

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nota do PSOL: Revolta popular é legítima. Abaixo a Repressão!



O Partido Socialismo e Liberdade manifesta seu total apoio às manifestações ocorridas em todo o Brasil contra o aumento das tarifas dos transportes coletivos e repudia veementemente a violência policial que tem buscado reprimir o legítimo direito de organização e manifestação.

A crescente intensidade dos protestos – que passaram por Porto Alegre, Natal, Maceió, Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo – furaram o bloqueio da grande imprensa e tornaram-se tema que tem mobilizado a sociedade.

Governantes da turma do “prende e arrebenta” não entendem que a revolta causada por ficar até seis horas numa condução de péssima qualidade que consome um terço do salário é o motivo do apoio popular às manifestações. A contestação que começou com a juventude é a ponta do iceberg de uma imensa insatisfação coletiva. Responder com intransigência, truculência e brutalidade policial é jogar gasolina na fogueira. Alckmin, Haddad, Cabral e Paes assumam suas responsabilidades com a repressão revoltante e despropositada e sua inação. Além disso, não cabe ao Ministro Cardozo, que deveria ser da Justiça, incentivar a truculência e ajuda da Polícia Federal na repressão aos movimentos.

Ao mesmo tempo, a escalada de violência promovida pelas Polícias Militares, principalmente nos recentes protestos na capital paulista demonstram que a política totalitária dos governos municipais e estaduais não convive com a divergência, a crítica e a contestação o que resulta na criminalização dos movimentos sociais e manifestantes, fato inadmissível numa sociedade democrática e que merece o repúdio do PSOL. Exigimos a libertação imediata de todos os presos. Além disso, penalizar ativistas com pagamento de fianças, inclusive com valores absurdos e enquadramento por formação de quadrilha é inadmissível.

Ao acusar de vandalismo o conjunto desse amplo e legítimo movimento, governantes inescrupulosos e a elite brasileira tentam manipular a opinião pública, mas sofrem um imenso revés com a resposta clara das pesquisas, que demonstram enorme apoio popular às manifestações e repúdio à coação e violência policial.

Cabe salientar que recentemente as tarifas de transporte coletivo ficaram isentas das alíquotas de PIS e Cofins, o que deveria evitar o aumento. É absurdo que mesmo com essas vantagens tributárias, os empresários reajustem as tarifas de transporte coletivo com a anuência dos prefeitos e governadores. Esse conluio entre empresários e governantes não esconde que as empresas de transportes coletivos figuram como destacadas financiadoras das campanhas eleitorais dos que agora aceitam os aumentos como uma forma de “pagar a conta”.

Nas cidades governadas pelo PSOL – Macapá (AP) e Itaocara (RJ) - não houve aumento das tarifas de ônibus por decisão política dos prefeitos. Nossa lógica de governo está a serviço dos trabalhadores e da juventude e não de acordos com empresários que transformam o direito ao transporte público num simples negócio. Consideramos que é possível, com um orçamento equilibrado e disposição política, avançar em medidas como o passe livre para estudantes e mesmo a tarifa zero. A defesa dessas propostas, portanto, nada tem de irreal ou absurdo, assegurando o direito constitucional dos cidadãos à mobilidade.

O PSOL continuará a cerrar fileiras em defesa do direito à contestação, em defesa do direito ao transporte público de qualidade e contra a violência policial. Goiânia e Porto Alegre já obtiveram vitórias com a redução das tarifas. É hora de avançar e conquistar. E só com luta se conquista.



São Paulo, 14 de junho de 2013.

PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Giannazi cobra autonomia em escolas paulistanas

 
No dia 05 de junho o professor e deputado estadual Carlos Giannazi, membro titular da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa, criticou duramente, pela tribuna da ALESP, a Portaria publicada no Diário Oficial do Município que fixa as diretrizes para a reposição de aulas dos dias parados por conta da greve de 22 dias do magistério público.Para Giannazi, o processo de reposição deve ser feito por cada escola em calendário construído coletivamente com a comunidade escolar. “A Portaria, ao obrigar as escolas a reporem as aulas no recesso escolar de julho sacrificando assim as reuniões e jornadas pedagógicas, está desrespeitando os princípios constitucionais da autonomia e gestão democrática das escolas, passando por cima do projeto pedagógico de cada uma delas”, argumentou o parlamentar, que é diretor licenciado de escola pública da rede municipal de ensino.
Durante seu pronunciamento, Giannazi disse que exigirá do executivo municipal a reformulação da Portaria e que estuda medidas como acionar o Ministério Público Estadual e o Conselho Municipal de Educação.

                       Do Boletim informativo do mandato

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Unidade Nacional contra a criminalização do Movimento Estudantil

Carta lida e aprovada na última plenária do Encontro nacional da UNE. A TR assina embaixo dessa ideia!

"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram...
já não havia mais ninguém para reclamar."
(Martin Niemöller, 1933)

A todos os estudantes, a todos os Centros e Diretórios Acadêmicos, a todos os DCEs, à UNE!

Hoje, estudantes da USP, Unifesp, Unesp, UFMT, e de tantas outras, estão processados, acusados de coisas como formação de quadrilha, destruição do patrimônio público e outras acusações absurdas numa clara ofensiva de criminalização do Movimento Estudantil, além de inúmeros outros processos administrativos e perseguições no interior da universidades.

Os estudantes processados e perseguidos se manifestaram por diversas pautas. Independente da consideração que qualquer um faça sobre os encaminhamentos e os métodos que utilizaram, não podemos aceitar que as questões políticas sejam resolvidas pela polícia. Estes são métodos de regimes totalitários, inaceitáveis.

Lutar pelas reivindicações dos estudantes é  legítimo e não pode ser crime! Lutar por Educação Pública e Gratuita para todos em todos os níveis é parte integrante da luta histórica dos estudantes. Nada tem a ver com formar uma quadrilha! Se nos calarmos diante disto, se nada fizermos, amanhã serão milhares de estudantes criminalizados e presos simplesmente porque tenham se manifestado de alguma forma por nossas reivindicações.

Não nos espantemos se no dia depois de amanhã, venham a criminalizar estudantes que simplesmente estejam à frente de uma entidade estudantil. Lembrem-se o que aconteceu no Congresso da UNE de 1968, em Ibiúna! Agora eles colocam a Polícia Militar dentro do maior campus da maior universidade do Brasil, a USP, algemam, prendem e processam estudantes em plena "democracia", e nos calamos? Não!

É preciso construir a unidade dos milhões de estudantes Universitários e dos milhões de secundaristas. É preciso construir a unidade do Movimento Estudantil para organizar, preparar manifestações nacionais. Para isso, a UNE deve convocar uma grande Plenária Nacional contra a criminalização do Movimento Estudantil.


Primeiros Signatários:
Forum dos Processados da USP
Forum dos Processados da Unifesp
DCE da Univille
DCE da Fundação Osvaldo Cruz
DCE da UFMG
DCE da UFBA
Juventude Marxista
Levante Popular da Juventude
União Juventude Rebelião
Corrente Proletária Estudantil – POR
AJR – Juventude do PCO