domingo, 31 de agosto de 2014

Apertem os cintos!!!


                                                                                   por Beth Monteiro

TEMOS QUE TOMAR UM REMÉDIO PARA EVITAR NÁUSEAS E ASSISTIR ALGUNS PROGRAMAS DA GLOBO para denunciar as manipulações.

Na sexta-feira (29) o Globo Repórter fez um programa inteiro dedicado a preparar os brasileiros, que ganham entre um e três salários mínimos, para os dias de aperto que virão. Certamente, porque apostam na vitória de Marina Silva e consequentemente no aumento dos juros, do desemprego e do arrocho salarial em nome de combater a inflação, via autonomia do Banco Central, o que levará a uma enorme inadimplência.

Foi uma verdadeira aula de como sobreviver e realizar todos os sonhos de consumo, ganhando, por exemplo, R$ 1.200,00 (Mil e duzentos Reais). A palavra de ordem é economizar.

O programa mostrou exemplos de famílias que conseguem este milagre “demonstrando” matematicamente que com esta quantia é possível comprar a casa própria, motos, bicicletas, mobiliar a casa e ainda poupar algum. Só não explicou que este salário ou ganho mensal não garante sequer a cesta básica par uma família pequena. Ou seja, com mil e duzentos reais, você pode tudo, menos comer, pagar aluguel, passagens, contas de luz e água...

Este programa deixou uma mensagem clara: apertem o cinto porque Tio Sam vem aí, com tudo.

NÃO ESTOU PREGANDO VOTO ÚTIL EM DILMA, mas alertando que, independentemente de qual das duas forem eleitas, temos que nos preparar para uma luta duríssima, pois, em termos de repressão, não há diferença nenhuma entre elas.

O VOTO NA OPOSIÇÃO DE ESQUERDA NÃO É UM VOTO INÚTIL. É um recado para ambas as candidatas de que vamos seguir na luta por nossos direitos. E a quantidade de votos na oposição de esquerda vai demonstrar o quanto seremos capazes de resistir aos ataques que virão.


Léo Cabral/ MSILVA Online
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Neca Setúbal, herdeira do Itaú e coordenadora do programa de governo de Marina Silva, a candidata e seu vice, Beto Albuquerque

sábado, 30 de agosto de 2014

Posição do PSTU sobre os acordos de Heloísa Helena com o PSDB em Alagoas

Reproduzimos abaixo trecho de uma nota pública solta pela direção do PSTU Alagoas. Temos acordo com esse trecho da nota e exigimos um posicionamento da direção do Psol. 



Maceió, 30 de agosto de 2014


Direção Estadual do PSTU/AL

As fotos divulgadas nas redes sociais na última semana deixaram muitos perplexos. Heloísa Helena, uma das principais referências políticas do PSOL, sorrindo de mãos dadas a Júlio César, candidato do PSDB ao governo do estado de Alagoas. Afinal, estas alianças que Heloísa Helena está construindo em Alagoas são coerentes com o compromisso de construir uma campanha a serviço da luta dos trabalhadores e trabalhadoras?  Estas atitudes do PSOL são coerentes com o compromisso de lutar pelo socialismo e a construção de um projeto que enfrente o capitalismo?

Heloísa Helena, candidata ao senado pela Frente de Esquerda, é uma das maiores figuras da esquerda nacional e símbolo da luta contra a direita e contra os usineiros de Alagoas. Sua candidatura ao Senado representava uma esperança e uma possibilidade frente à candidatura de Fernando Collor, favorita até o momento. 

Porém, nos últimos dias, Heloísa começou a campanha recebendo apoio de figuras da política alagoana historicamente alinhadas aos usineiros: primeiro foi Adriano Soares, ex-secretário de Educação do governo tucano e notabilizado pelo escândalo em que tratou manifestantes no 11 de Julho com termos de baixo calão. Em seguida, foi Alexandre Toledo (PSB), candidato a vice-governador pela chapa de Benedito de Lira (PP). Por fim, o próprio governador Teotonio Vilela e todo o seu partido, PSDB, grandes responsáveis pelos últimos anos de caos social no estado, decidiram declarar apoio à candidatura de Heloísa ao senado. Lamentavelmente, não houve da parte da candidata a negativa a este apoio e a necessária demarcação política. O que houve foram demonstrações públicas de afeto e compromisso frente a este apoio, com foto divulgada em redes sociais, onde Heloísa está de braços dados com Júlio César, candidato a governo do PSDB.

Esta atitude é um desrespeito com os trabalhadores e trabalhadoras que depositaram sua confiança na Frente de Esquerda e na possibilidade de candidaturas independentes. Sem sombra de dúvidas é muito importante derrotar Collor eleitoralmente na disputa ao senado. Mas a que preço? Ao preço de se aliar aos usineiros e ao PSDB? Heloísa Helena embarca de mala e cuia no vale tudo para garantir sua eleição e abandona o campo político que estávamos construindo.

Heloísa Helena está rompendo com a Frente de Esquerda e com tudo aquilo que serviu de base para a sua construção. Abraça os setores reacionários do estado em nome de um projeto particular, abandonando um projeto coletivo extremamente importante para Alagoas. Abre mão da independência política tão cara à Frente. Heloísa rompe até mesmo com definições estabelecidas dentro de seu próprio partido. Quem será seu candidato a governador? Júlio César (PSDB) ou Mário Agra (PSOL)? Em quem votará para presidente? Em Luciana Genro (Psol) ou em Marina Silva (PSB)?

Por tudo isto, declaramos que nos retiramos da campanha de Heloísa Helena para o Senado até que ela reveja estas posições e desfaça estes acordos com o PSDB. De outra forma, não faremos mais campanha para sua candidatura ao Senado, porque estas alianças rompem o acordo que fizemos na Frente de Esquerda.

O PSTU seguirá construindo a candidatura de Mário Agra neste momento. Seguiremos na Frente de Esquerda e respeitando suas definições: Heloísa Helena e o PSOL farão o mesmo?

Frente à tragédia do PT, que agora é aliado incondicional de figuras políticas como Collor e Renan Calheiros, e os usineiros, o nome de Mário Agra é uma alternativa política. Porém, este apoio não é uma carta branca para que o PSOL tome as atitudes que bem entende. Chamamos o PSOL, Mário Agra e sua militância a se oporem a esta atitude de Heloísa Helena. Chamamos o PSOL a se pronunciar sobre esses acordos. Queremos saber: qual é a posição do PSOL sobre as atitudes de Heloísa? Vai exigir conosco que Heloísa cumpra os acordos da Frente? Que rompa com o PSDB e construa a candidatura que o povo de Alagoas precisa: a candidatura independente e capaz de derrotar Collor, mas sem nenhuma aliança com os usineiros de Alagoas.

Reafirmamos nosso compromisso com as lutadoras e lutadores do nosso estado. Não vamos romper com as ideias que acreditamos e defendemos em nome do vale tudo eleitoral.

A FRAGILIDADE DA TRÉGUA ENTRE ISRAEL E A RESISTÊNCIA PALESTINA

                                                                                        por Beth Monteiro

A destruição em Gaza horrorizou o mundo: cerca de 2.143 pessoas foram mortas e mais de 11.000 feridas, sendo 90% das vítimas civis. Gaza foi praticamente colocada abaixo com a destruição de 17.000 casas e milhares a mais danificadas. Meio milhão de pessoas foram forçadas a se deslocar para abrigos de emergência ou empurradas para casas de parentes e amigos, enquanto 100 mil ficaram desabrigadas. Al-Mezan, dos Direitos Humanos, compilou uma lista de 504 crianças mortas durante o massacre.

É compreensível que os palestinos tenham festejado a trégua por tempo indeterminado entre Israel e a Resistência, afinal foi um alívio, depois de 50 dias de bombardeios indiscriminados sobre a população civil encurralada em um micro território cercada por todos os lados, sem ter para onde fugir.

O cessar-fogo, intermediado pelo Egito, avançou um pouco em relação ao que pôs fim ao ataque israelense em Gaza, no final de 2012, pois houve um comprometimento, por parte de Israel, em aliviar alguns aspectos do bloqueio, como as restrições da entrada de mercadorias, ajuda humanitária, materiais de construção e ampliação da área marítima aberta aos pescadores palestinos em seis milhas náuticas.

Israel não atingiu seu objetivo principal, que é a desmilitarização da Resistência. Por isso, esta é uma trégua frágil, apesar do terrível saldo em mortes e destruição da infraestrutura de Gaza e um número inédito de israelenses mortos neste tipo de ataque de Israel.

Militarmente, Israel é muito mais poderoso, os palestinos nem exército têm. Israel pode bombardear à vontade, possui tanques e cabeças nucleares. Mas no confronto direto, exatamente como aconteceu nos massacres anteriores em Gaza e na guerra no Líbano, em 2006, foi surpreendido por ferozes guerrilheiros da resistência, que provocaram baixas nos comando de campo do IDF, a brigada Golani e transformaram em sucatas seus tanques Merkava de renome mundial.

Não há nada que garanta este acordo de cessar fogo. O ministro israelense da Defesa Moshe Yaalon, disse em entrevista coletiva: "Nós vivemos no Oriente Médio e vamos ter de voltar para o campo de batalha, e se o fizermos, vamos bater Hamas, da mesma forma que fizemos durante esta operação".

OS PALESTINOS FORAM AS MAIORES VÍTIMAS DESTE MASSACRE, MAS ISRAEL FOI DERROTADO internamente com o aprofundamento da polarização social; condenado internacionalmente por milhões de pessoas que se manifestaram nas ruas, por alguns governos ( Venezuela, Bolívia, Equador, Síria, Cuba e Irã), intelectuais e artistas que tiveram coragem para desafiar o terror israelense que vai muito além de suas fronteiras.

Se por um lado, os fascistas da extrema direita pressionam o governo pela “solução final” para os palestinos, por outro, setores da classe trabalhadora e da juventude israelenses se revoltaram contra o massacre, ao mesmo tempo em que se insurgem contra os altos níveis de desigualdade social. Os principais jornais israelenses pediram renúncia de Netanyahu e seu próprio gabinete está dividido sobre o acordo com o Hamas.

Nas próximas negociações, agendadas para o final de setembro, os mesmos impasses sobre o fim do cerco voltarão à tona, como a construção de um porto e um aeroporto em Gaza e a questão dos prisioneiros. Por outro lado, Israel seguirá batendo na mesma tecla da desmilitarização do Hamas.

Por isso, a luta em solidariedade aos palestinos não pode parar. A tarefa é intensificar a campanha do Boicote a Israel até que a Palestina seja livre.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

AS ELEIÇÕES E A NAVALHA DE OCKHAM

                                                              por Beth Monteiro

Quanto mais o foco das promessas e propostas eleitorais forem consequências ou os problemas que a população enfrenta (falta de moradia, baixos salários, falta de atendimento médico, de educação de qualidade, transporte etc), mais se colocará aos olhos dos eleitores uma cortina de fumaça para que estes não saibam exatamente os motivos subjacentes a estes problemas.

Este tipo de abordagem se assemelha a uma tentativa de tratar uma grave infecção com analgésicos para aliviar a dor, enquanto o vírus vai destruindo todo o organismo.

A maioria das pessoas aceitam soluções apresentadas para determinados problemas devido ao fato de serem estas promessas simples e compreensíveis, do tipo: falta casa? Vou construir casas. Pronto, está resolvido. De onde virá o dinheiro e porque faltam moradias para milhões de brasileiros, não importa. Elas aparecerão como um milagre. De fato, não é agradável para estas pessoas saberem que o dinheiro para a construção de moradias vai para o pagamento de juros da Dívida Pública e para as mãos da especulação imobiliária que só constrói shopping centers, prédios de escritórios ou residenciais de luxo.

ÀQUELES QUE SÃO IGNORANTES E NÃO SABEM, AINDA É POSSÍVEL DESCULPAR. Mas tem muita gente em pleno uso de suas faculdades mentais que está seguindo a mesma lógica de que governar sob as ordens do capital financeiro não impede o atendimento das reivindicações mais sentidas da maioria da população e aposta suas fichas em uma candidata como Marina Silva, ainda mais neoliberal e entreguista do que o governo atual, argumentando por vezes, que ela é progressista. Nem consultando psicanalistas é possível explicar isto sem considerarmos que, ou a pessoa é ignorante, ou sabe que ela é de direita e finge que acredita que é de esquerda, ou é uma pessoa conservadora com tendências fascistas.

OS MARQUETEIROS SABEM QUE DISCUSSÕES MACROECONÔMICAS NÃO INTERESSAM à maioria dos eleitores e que estes decidem seus votos por muitos motivos; como simpatia; por uma ou outra frase de efeito com a qual concorda; por ser oposição ao atual governo; por influência de amigos, familiares e líderes religiosos; para defender o pouco que conseguiu na atual gestão e, principalmente, por vias de uma intrincada teia de interesses que permeiam toda a sociedade. O emprego de um parente no gabinete de um parlamentar, ou exercendo cargo de confiança em uma prefeitura, por exemplo, é motivo de votos para um determinado candidato entre familiares, amigos, vizinhos que, vez por outra, podem contar com os favores desta pessoa e votam, também, em suas indicações.

REALMENTE, COMO DIZ A MÚSICA, ESTÁ TUDO DOMINADO. Apesar disto, existem alguns poucos espaços para a discussão verdadeiramente política, espaços que são disputados por vários segmentos da esquerda reformista, centrista, ou a que se reivindica revolucionária marxista. Uma espécie de plateia vip tão ou mais confusa do que a grande massa de manobra.

Obs.: A Navalha de Occam é um princípio lógico atribuído ao frade franciscano inglês Guilherme de Ockham (século XIV) em que este afirma que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo, eliminando todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria.
Beth Monteiro

Foto: A NAVALHA NA CARNE - A peça de Plínio Marcos é como uma metáfora dos mecanismos de poder entre as classes sociais brasileiras, uma vez que as personagens, embora pertençam ao mesmo estrato social, se dedicam a uma contínua disputa pelo domínio sobre o outro. Nessa disputa, as personagens vão da força física à chantagem pela autopiedade, da sedução à humilhação, da aliança provisória entre dois na tentativa de isolar o terceiro, mas a possibilidade de juntar suas forças para lutar contra a situação que os oprime nunca é cogitada.
Foto: AS ELEIÇÕES  E A NAVALHA DE OCCAM

Quanto mais o foco das promessas e propostas eleitorais for as consequências ou os problemas que a população enfrenta (falta de moradia, baixos salários, falta de atendimento médico, de educação de qualidade, transporte etc), mais se coloca nos olhos dos eleitores uma cortina de fumaça para que estes não saibam exatamente os motivos subjacentes a estes problemas.

Este tipo de abordagem se assemelha a uma tentativa de tratar uma grave infecção com analgésicos para aliviar a dor, enquanto o vírus vai destruindo todo o organismo.

A maioria das pessoas  aceita  as  soluções apresentadas para determinados problemas  devido ao fato de serem estas promessas simples e compreensíveis, do tipo: falta casa? Vou construir casas. Pronto, está resolvido. De onde virá o dinheiro e porque faltam moradias para milhões de brasileiros, não importa. Elas aparecerão como um milagre. De fato, não é agradável para estas pessoas saberem que o dinheiro para a construção de moradias vai para o pagamento de juros da Dívida Pública e para as mãos da especulação imobiliária que só constrói shoppings, prédios de escritórios ou residenciais de luxo.

ÀQUELES QUE SÃO IGNORANTES E NÃO SABEM AINDA É POSSÍVEL DESCULPAR.  Mas tem muita gente em pleno uso de suas faculdades mentais que está seguindo a mesma lógica de que governar sob as ordens do capital financeiro não impede o atendimento das reivindicações mais sentidas da maioria da população e aposta suas fichas em  uma candidata como Marina Silva ainda mais neoliberal e entreguista do que o governo atual, argumentando por vezes, que ela é progressista. Nem consultando psicanalistas é possível explicar isto sem considerarmos que, ou a pessoa é ignorante, ou sabe que ela é de direita e finge que acredita que é de esquerda, ou é uma pessoa conservadora com tendências fascistas.

OS MARQUETEIROS SABEM QUE DISCUSSÕES MACROECONÔMICAS NÃO INTERESSAM à maioria dos eleitores e que esta decide seus votos por muitos motivos como simpatia; por uma ou outra frase de efeito com a qual concorda; por ser oposição ao atual governo; por influência de amigos, familiares e  líderes religiosos; para defender o pouco que conseguiu na atual gestão e, principalmente, por vias de uma intrincada teia de interesses que permeia toda a sociedade. O emprego de um parente no gabinete de um parlamentar, ou  exercendo cargo de confiança em uma prefeitura, por exemplo, é motivo de votos para um determinado candidato entre familiares, amigos, vizinhos que, vez por outra, podem contar com os favores desta pessoa e votam, também, em suas indicações.

REALMENTE, COMO DIZ A MÚSICA, ESTÁ TUDO DOMINADO. Apesar disto, existem alguns poucos espaços para a discussão verdadeiramente política que são disputados por vários segmentos da esquerda reformista, centrista, ou a que se reivindica revolucionária marxista. Uma espécie de plateia vip tão ou mais confusa do que a grande massa de manobra.

Obs.: A Navalha de Occam é um princípio lógico atribuído ao frade franciscano inglês Guilherme de Ockham (século XIV) em que este afirma que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo, eliminando todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. 
Beth Monteiro

Foto: A NAVALHA NA CARNE - A peça de Plínio Marcos é como uma metáfora dos mecanismos de poder entre as classes sociais brasileiras, uma vez que as personagens, embora pertençam ao mesmo estrato social, se dedicam a uma contínua disputa pelo domínio sobre o outro. Nessa disputa, as personagens vão da força física à chantagem pela autopiedade, da sedução à humilhação, da aliança provisória entre dois na tentativa de isolar o terceiro, mas a possibilidade de juntar suas forças para lutar contra a situação que os oprime nunca é cogitada.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Privatização à vista

                                                                                                   por Beth Monteiro

O QUE SIGNIFICA A INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL EM RELAÇÃO AO GOVERNO?

Esta proposta defendida pela candidata Marina Silva significa transformar a Banco Central em único instrumento de regulamentação econômica, ou seja, dar ao BC o poder total de estabelecer taxas de juros para controlar a inflação.

Marina está propondo não só a volta da política monetária do governo FHC, como aprofundá-la, só que através de uma total independência do Banco Central para que este, ao adotar medidas que beneficiem ainda mais os banqueiros e especuladores, em prejuízo da maioria da população, não venha sofrer pressões políticas, ou seja, populares através de greves e manifestações.

Basta lembrar que as taxas de juros praticadas pelo governo de FHC atingiram
85,4% ao ano. Certamente isso serviu para atrair especuladores, que eles chamam de investidores, e também controlou a inflação, que mesmo assim chegou a 12% no último ano de seu mandato. As consequência foram: aumento do desemprego, redução dos salários e recessão.

O que Marina propõe é a “VELHA POLÍTICA” de aprofundamento dos ataques aos direitos dos trabalhadores, aliada a uma brutal repressão das lutas para que o Banco Central , leia-se especuladores e banqueiros, fiquem de mãos livres para agir.

Dilma não está propondo nada de muito diferente, uma vez que governa e seguirá governando nos limites do que permite a nossa escravidão pela Dívida Pública. Entretanto, uma coisa é ter o principal órgão de regulamentação macroeconômica totalmente livre para remunerar o capital, sem ser “incomodado” pelos trabalhadores revoltados com as consequências de sua políticas; e outra é um mínimo de controle pelo governo que, ao ser pressionado pelas massas e por pequenos empresários falidos, pode ser obrigado a tomar providências no sentido de frear os ataques.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Quem manda no processo eleitoral? Qual o papel da esquerda revolucionária nesse processo?


                                                                                                              por Beth Monteiro

A QUESTÃO QUE ESTÁ COLOCADA NESTAS ELEIÇÕES NÃO É APENAS QUEM, entre os candidatos eleitos pela burguesia (Dilma, Marina e Aécio), ESTÁ MENTINDO MAIS. Trata-se de, neste grave momento de derrocada do capitalismo, saber como nós, trabalhadores, aposentados, pensionistas e aliados enfrentaremos esta crise. Ficando claro que não existe, nos marcos do capitalismo, perspectiva de melhoria no nível de vida e que, ao contrário, o que está colocado é uma abrupta queda do pouco que foi conquistado com muita luta.

O atual governo tem sido criticado pelo capital financeiro que, apesar de sua alta lucratividade durante os três mandatos do PT, quer seguir neste ritmo, aumentando seus ganhos, e para isto se coloca frontalmente contra a qualquer programa de alívio à extrema pobreza e qualquer indício de resistência à privatização dos últimos redutos estatais como Banco do Brasil, Caixa Econômica.

Por outro lado, os negócios da burguesia brasileira com a China, Rússia, Irã, por exemplo, preocupam as oligarquias norte-americanas e europeias; embora eles façam também negócios com estes países, temem um alinhamento mais consistente.

Na realidade, nestas eleições, os que se batem pela presidência da República são, de um lado, Estados Unidos e aliados e, por outro lado, Rússia e China. É a geopolítica e a disputa por hegemonia do capital batendo em nossas portas.

A base da dominação imperialista em nosso país se dá pelos mecanismos de extorsão praticados pelo capital financeiro: a tal Dívida Soberana (que de soberana não tem nada). Não é a toa que nenhum dos três postulantes da burguesia ao cargo de presidente da República tocam, nem de leve, neste assunto: eles travam a discussão em torno de quem vai economizar mais para garantir a extorsão. Ou seja, eles disputam quem melhor atende às exigências do capital financeiro.

Para se credenciar, a presidente Dilma tem mostrado “bons serviços” ao imperialismo, dando carta branca para a intensificação da repressão contra os que lutam e lutarão muito mais pelos seus direitos. E sobre a repressão aos movimentos sociais e dos trabalhadores, Marina Silva e Aécio Neves se calam, pois se eleitos, encontrarão as forças repressivas em adiantado estado de deformação de todos os princípios que regem os direitos humanos, o que será muito útil para eles.

A Participação dos Partidos da esquerda marxista nestas eleições tem três objetivos principais: desmascarar esta farsa de que é possível atender qualquer reivindicação dos trabalhadores se o nosso país seguir autorizando o saque de nossas riquezas pela Dívida Pública ; fortalecer a luta pelo NÃO PAGAMENTO DA DÍVIDA e eleger parlamentares que estejam aos lado dos trabalhadores em suas lutas por direitos que estão sendo retirados ou negados.

Portanto, se você não é um especulador, não investe na Bolsa de valores, não é um dos que investem no agronegócio, não é dono de um banco ou empreiteira e nem ocupa cargo remunerado no governo fique atento ao que diz os candidatos do PSOL, do PCB, do PCO e do PSTU.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

NÃO QUEREMOS DINHEIRO DE PATRÕES!!!

O PSTU do Rio Grande do Sul soltou uma nota pública sobre um depósito de 15 mil reais na conta de Luciana Genro, efetuado pelo Grupo Zafari, empresa do ramo de alimentos, uma das maiores do Brasil, a maior do estado de Rio Grande do Sul.
Com muita razão, os companheiros do PSTU repudiaram tal recebimento como doação de campanha, afirmando que são contrários ao financiamento capitalista das campanhas da esquerda, fato que levou o PT à degeneração, um dos motivos do rompimento de Luciana em 2003 e da criação do Psol.
Luciana já havia recebido 100 mil reais da Gerdau em 2006. Fez uma auto-crítica e se comprometeu com o partido a não receber tais financiamentos nesta eleição de 2014.
Sendo assim, exigimos que a companheira Luciana e os membros de sua equipe financeira devolvam essa quantia e façam uma auto-crítica, que se expliquem diante de tamanha polêmica e que se comprometam em não receber dinheiro dos patrões.

   Mário Medina, candidato a deputado federal, Psol-SP

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Desconstrução das opressoes. Uma interface entre Deleuze e Karl Marx

                                                                          por Roberto Barros / RPR- Ribeirão Preto

Me proponho a uma tarefa complexa, mas gratificante. Ponho-me a escrever um breve texto sobre a interface desses dois pensadores no intuito de promover uma desconstrução nas formas hegemônicas de poder, pelo menos, no que tange ao universo linguístico-cultural. Para fazer essa convergência de ideias poderíamos nos remeter ao autor Lazzarato. Partindo-se do axioma filosófico levantado por ele, podería-se indagar: Como construir mundos onde não haja uma produção fixável ou mensurável o suficiente para o capitalismo expropriá-la? Penso que isso signifique, pelo menos o autor coloca dessa forma, uma ruptura do pensamento dualista do tipo ''isto ou aquilo'' e deslocar para uma ampliação das diversas pautas de valores e direitos. Dessa forma, as lutas por gênero saem do escopo Mulher/Homem e atingem o patamar dos "mil sexos", ou seja, incluindo todos os gêneros que são oprimidos pelo patriarcado. Da mesma forma, a luta antes denominada GLS, que passou a ser LGBT, depois LGBTT, no sentido de incluir as diversas formas de orientação sexual. Seja em um aspecto ou em outro, percebe-se que a militância, agora, encontra-se (e deve encontrar-se em rede - juntos e separados). Nesse sentido, a opressão econômica, à classe proletária, do Marxismo tradicional, deve-se converter nas "mil diferenças". Isso é, de certa forma esclarecedor e pontua uma característica que não se pode negar. A "força" do capitalismo contemporâneo, sua monstruosidade, está em sua enorme capacidade de modulação, ou seja, consiste na multiplicação dos modos de apreender, recodificar e incorporar tudo que se coloca para além de si mesmo. Nesse século XXI, o cerne do capitalismo não é mais a fábrica, mas as empresas. É nesse sentido que encontra-se a interface entre Deleuze e Marx. Atualmente, menos do que fabricar um objeto, fabrica-se o DESEJO E A CRENÇA. É, justamente, a imagem que chega antes do produto e o espetáculo antes do consumo. A empresa não fabrica o objeto, mas o mundo em que este objeto vive. A antiga lei de mercado oferta - procura e escassez, hoje, encontra-se em outro patamar: a lei, hoje, é a constituição de público e sua fidelização. Em suma: A demanda não se subordina à oferta, mas é criada independentemente dela. Essa é uma das manifestações mais nefastas desse sistema, pois hoje o capitalismo tem COLONIZADO o campo dos possíveis ao apreender os fluxos de desejos e extrair o lucro. Esse ponto é bem retratado por Lazzarato no livro Revoluções do Capital. Essa lógica incutiu ao indivíduo pensar como um "empreendedor de si mesmo" e deslocou serviços como educação, saúde, aposentadoria; que são serviços sociais em um "investimento individual" É o indivíduo se sobrepondo ao coletivo e legitimando esse processo com discursos tipicamente meritocráticos. Portanto, "NÃO PRECISAMOS DO CAPITALISMO. Não é ele quem gera valor, mas as redes colaborativas das pessoas, na sua organização de fluxos e criação de mundos. O capitalismo fixa os fluxos e isola os circuitos dessa rede global, e assim acumula. Faz isso não por princípios intrínsecos (“leis econômicas”) do sistema, mas pela coação do direito". (Lazzarato). Nesse sentido faz-se necessário lutar pela consolidação dos direitos sem perder de vista as "mil diferenças" e os "mil sexos", pois igualdade propicia as diferenças e não as nega (fato que muitos deveriam levar em consideração, ainda mais, quando perpetuam discursos direitistas e conservadores sem pensar nas construções sociais formadas). Para isso, o autor defende a ideia de "guerra semiótica" ou mesmo, uma "guerra de estética", uma disputa midiática dos públicos e dos processos de mobilização de sua atenção. Na nova “economia do sensível”, o ativismo cultural torna-se imediatamente polítco.