quarta-feira, 27 de maio de 2015

Um vácuo à esquerda


                                                    por Mário Medina

Todas as medidas do chamado ajuste fiscal de Dilma/ Levy, como o mega-corte de cerca de 70 bilhões no orçamento da União, com vultosíssimas quantias retiradas de áreas notadamente em crise, como educação e saúde; o endurecimento nas regras de benefícios como seguro desemprego e pensões por morte; tudo em função de garantir o pagamento religioso dos juros da divida pública, fazem do Governo Dilma um governo cada dia mais impopular, e do PT, um partido cada vez mais rejeitado.
Os discursos de campanha fizeram com que milhões de brasileiros acreditassem no PT e depositassem suas esperanças no voto em Dilma. Diante da ameaça do retorno tucano, outros milhões optaram pelo voto útil em Dilma pra barrar um eventual ascenso da direita. Pois bem, agora esses milhões de brasileiros amargam a crise recessiva com um governo que, a despeito de se reivindicar do Partido dos Trabalhadores, governa como árduo defensor dos interesses da elite, cortando na carne direitos históricos da população, fazendo com que os mais pobres paguem pela crise.
A contradição do PT é tão grande que uma ala de parlamentares se recusam a votar nas medidas 664 e 665 e já falam em abandonar o partido. Tudo isso porque Dilma e o PT se apegaram tanto ao poder que preferem continuar administrando o estado brasileiro ainda que seja pra manter a pose. As pessoas mais razoáveis a uma hora destas já notaram que o PT não manda mais em nada.
O PT virou completo refém da máquina, um mero boneco de ventríloquo nas mãos do PMDB e da alta burguesia brasileira. O PT caminha por uma degeneração sem volta; e caminha mesmo para desfiliações em massa e rachas incontáveis. Uns pela direita, como Marta que abandonou o barco e optou pelo PSB como destino; mas também com dissindências de parlamentares e figuras públicas mais progressistas que recusam em centralizar-se diante dos ataques desferidos ao conjunto dos trabalhadores.
O Brasil assiste a queda do mais importante partido da volta à democracia, um partido que por anos, talvez, décadas, serviu de referência aos trabalhadores e jovens que ansiavam por um país livre do poder das oligarquias e de seus caciques; partido que capitalizou os sonhos libertários de toda uma geração de lutadores, mas que agora chega à sua ruína, e, em seu afã pelo poder, distribui maldades a torto e a direito.
Oxalá os partidos da esquerda revolucionaria filiem essa camada de petistas honestos e descontentes e consigam diferenciar-se do PT em suas trajetórias. A historia se repete primeiro como tragédia, depois como farsa. Estaremos aqui lutando para construir uma oposição operária e comunista. A tarefa agora é construir um partido operário e revolucionário pra reagrupar lutadores e militantes, e servir de referência em tempos de tanta crise de referência.




sexta-feira, 22 de maio de 2015

Dia 29 de Maio: GREVE GERAL CONTRA O PL4330 – OS TRABALHADORES NÃO PODEM VACILAR!

                                                         por Gilber Martins



É preciso que a classe trabalhadora acorde para o que de fato está acontecendo no país, parando de escutar a versão da Rede Globo de televisão e afins que enganam a classe trabalhadora, quando falam do Projeto da Terceirização, mentindo e dizendo que se trata de algo “bom”, “positivo para economia”. Mentira. Não se iludam.
O PL4330 segue agora para apreciação do Senado e é preciso um forte movimento dos trabalhadores e inclusive da juventude para que os senadores engavetem o projeto. Os partidos da direita golpista, junto com a Força Sindical, central sindical amiga da direita PSDBista-golpista, vão fazer lobby dizendo que a terceirização será uma “maravilha” para a economia brasileira. Cabe à CUT, CTB, CSP-CONLUTAS, INTERSINDICAL, MST, MTST, UNE, partidos de esquerda, movimentos sociais em geral se unificarem e fazerem uma forte pressão popular contra a aprovação do PL4330 que a direita capitalista golpista quer impor sobre os ombros da classe trabalhadora.
Mesmo que a Presidente Dilma vete o PL4330, o desejo da maioria dos picaretas direitistas da Câmara dos Deputados, a serviço dos patrões, é abrir uma crise institucional com o poder executivo do país, tudo para prevalecer a lógica brutal de ataque aos direitos dos trabalhadores.
Terceirização é uma regressão anterior ao período do Governo de Getúlio Vargas. Ou seja, a direita retrógrada do país sente saudade mesmo é do tempo em que trabalhador era escravo e tratado na base do chicote. Você, trabalhador, trabalhadora, não pode vacilar. Não importa se trabalha em uma empresa privada ou no serviço público, dia 29 de maio é dia de GREVE GERAL, é dia de nossa classe trabalhadora brasileira se levantar e ir à luta contra a sanha exploradora dos patrões e da direita política golpista do país.
Trabalhadores do Brasil, uni-vos, ou poderá ser tarde demais!
Por: Gílber Martins Duarte – Militante SOCIALISTA LIVRE (FCT) – Sind-UTE/Uberlândia/MG – Doutor em Análise do Discurso/UFU – Professor da Rede Estadual de Minas Gerais – Membro MEOB/CSP-CONLUTAS – EDITOR DO BLOGwww.socialistalivre.wordpress.com

Rússia promete ajuda militar ao Iraque

                                                                                                 por Joycemar Tejo


Na busca de suporte internacional na luta contra a organização criminosa ISIS (que, desgraçadamente, se apoderou há pouco da histórica cidade milenar de Palmira, na Síria, como se vê aqui), o governo iraquiano tem estreitado os laços com a Rússia de Putin e Medvedev, conforme pode ser lido no texto abaixo (link original aqui). A Rússia, que já cedera helicópteros Mil Mi-28 às forças iraquianas, promete expandir a cooperação militar, fornecendo armamentos e realizando "todos os esforços" para ajudar o governo iraquiano a fazer retroceder o avanço da organização criminosa, de acordo com as palavras do ministro das relações exteriores russo, Sergei Lavrov.

É evidente para nós que as forças dos EUA/ OTAN, apesar dos ataques aéreos realizados por sua coalizão, pouco fazem para deter o avanço dos criminosos jihadistas. Esse "corpo mole" tem explicação, qual seja, o objetivo imediato de derrubar o governo sírio de Assad, bem como o de manter o terror e o caos na região, principalmente contra as populações xiitas -no poder na Síria, na ramificação alauíta, e majoritária no Iraque-, religiosamente associadas ao Irã. Portanto, Assad e Irã, por serem inimigos declarados do sionismo israelense (no caso do Irã, somemos a firme retórica anti-estadunidense), são o alvo principal das forças imperialistas, que não hesitam em se valer do próprio ISIS contra eles. Lembremos, por oportuno, o verdadeiro boicote que a Turquia de Erdogan, país membro da OTAN, realiza no Curdistão sírio, preferindo que a cidade de Kobane, em sua fronteira, caia diante dos jihadistas -o que felizmente não ocorreu- a ajudar a luta curda. Tal é o papel reacionário da OTAN, um autêntico verdugo dos povos do planeta.


Diante da deslealdade dos "aliados" da OTAN, o governo iraquiano age corretamente ao buscar novos parceiros, no campo militar, econômico e político. Na avaliação de nossa Frente Comunista dos Trabalhadores, a Rússia, especificamente, integra o bloco alternativo internacional que desponta como oposição ao imperialismo ocidental. Nesse sentido, convocamos à FRENTE ÚNICA antiimperialista, em torno de tal eixo alternativo (sem que criemos ilusões com o caráter burguês de seus governos), na resistência contra os EUA e OTAN.

sábado, 16 de maio de 2015

UM CHAMADO À JUVENTUDE PARA A CONSTRUÇÃO DA FRENTE ANTI-IMPERIALISTA E ANTI-FASCISTA

Contribuição da FRENTE COMUNISTA DOS TRABALHADORES (FCT) ao 54o Conune:


Greve Geral contra a terceirização, as MPs 664 e 665, a redução da maioridade penal, o “ajuste fiscal!

Existe uma onda reacionária promovida pelo imperialismo para derrubar governos que na atual conjuntura estão mais alinhados com a China e a Rússia do que com o Ocidente. Honduras (2009), Equador (2010), Líbia (2011), Paraguai (2012), Egito (2013), Ucrânia (2014),... No governo Obama a CIA realizou um Golpe de Estado por ano. O Brasil pode ser a bola da vez. E não adianta a Dilma obedecer às pressões da direita golpista e do imperialismo, fazer um “ajuste fiscal” para sobrar mais dinheiro para o grande capital, contra a população e a juventude trabalhadora, como fez cortando verbas para educação. Se na geopolítica internacional, o governo do Brasil continuar aliado aos BRICS a escalada golpista vai continuar, ainda que possa dar uma desaquecida pelas contradições dentro da própria frente golpista. Estamos em uma nova guerra fria entre Ocidente e Oriente e não é a política econômica nacional, mas a economia política mundial quem predomina na disputa do destino das nações. Nós da Frente Comunista dos Trabalhadores fazemos uma análise mais ampla e profunda para entender a conjuntura no Brasil, baseada na geopolítica e na economia política internacional. A crise capitalista de 2008, que teve como epicentro os EUA e Europa abriu uma nova situação mundial. A recessão nas metrópoles abriu espaço para a projeção comercial da China e Rússia, duas economias capitalistas cujas tarefas nacionais burguesas foram resolvidas por revoluções sociais e implantação de ditaduras proletárias. Dispondo de gigantes recursos energéticos e humanos, as burguesias destes dois países avançam sobre o recuo econômico dos EUA e UE, atingidos pela recessão e aspiram converter-se em potências imperialistas. O imperialismo reage a expansão comercial do bloco Eurásico, manipulando o descontentamento popular sem direção revolucionária (como ocorreu nas jornadas de junho de 2013 no Brasil depois que a grande mídia resolveu “sequestrá-las” para a direita) contra os efeitos da crise capitalista para articular Golpes de Estado contra governos semicoloniais e expandir seu parasitismo como fez na Líbia, Paraguai, e Ucrâ- nia, cujos governos estreitavam suas relações comerciais com China e Rússia. Mas não basta o Brasil se associar aos Brics, a China e a Rússia para reverter a tendência histórica da queda da taxa de lucro do capital instalado no Brasil. Graças aos altos preços dos commodities e a parceria comercial do governo do PT com a China, a partir de 2009, aliado aos ganhos de produtividade derivados da taxa de exploração, a crise capitalista mundial de 2008 teve baixo impacto no Brasil. Mas, a partir de 2011, a queda dos preços dos commodities e a desaceleração da economia chinesa fizeram com que a economia agroindustrial brasileira, inteiramente dependente das grandes economias mundiais, entrasse em crise. Os mecanismos que livraram o Brasil dos efeitos da crise mundial, no final dos anos 10, não contiveram a tendência da queda da taxa de lucro do capital, que despencou a partir de 2004, caindo em 8% em 2008, principalmente com o crescimento dos salários que provocou a queda de 25% na taxa de exploração. Para recuperar a taxa de lucro o capital ameaça realizar ataques brutais aos direitos da juventude e da população trabalhadora como a terceirização e a redução da maioridade penal. A direita é um pit bull do imperialismo contra as massas. A instauração de governos títeres de direita e fascistas, como na Ucrânia, tem a função política de aterrorizar as massas (como realizada por Beto Richa contra os professores paranaenses) para obrigá-las a se submeterem a planos de austeridades, ajustes fiscais, perda de conquistas, demissões, arrocho salarial, precarização do trabalho que permitam ao imperialismo extrair superlucros dos trabalhadores. Para derrotar esta ofensiva e virar a mesa a juventude precisa impulsionar a partir deste 54o ConUNE uma unidade de ação da UNE, CUT, MST, MTST, se opondo firmemente a perseguição da direita ao PT, PCdoB, à esquerda e ao comunismo, mas sem defender politicamente o governo Dilma, ao PT e suas políticas contra a juventude e a classe trabalhadora. Lutar por um programa pela Estatização e expropriação sob o controle dos trabalhadores e usuários da mídia burguesa, educação, saú- de, transportes. Pelas reformas urbana e agrária, pela revolução agrária contra a agroindústria. Pela dissolução de todo aparato repressivo policial. A FCT luta por uma FRENTE ÚNICA ANTIIMPERIALISTA, unindo BRICS, bolivarianos, Estados Operários remanescentes, nacionalismo islâmico e Irã, africanos e “terceiromundistas” – sempre que estiverem sob ataque e/ou em contradição com o imperialismo. Lutamos pela Greve Geral contra a terceirização e a direita golpista, tendo como estratégia a construção da OPOSIÇÃO OPERÁRIA E COMUNISTA AO GOVERNO DILMA-LEVI e de um partido para lutar pela revolução e o socialismo.

 Frente Comunista dos Trabalhadores Liga Comunista - Coletivo Lenin - Espaço Marxista - Socialistas Livres - Tendência revolucionária

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Nota da Ashoka Brasil contra as ameaças da extrema-direita à Leonardo Sakamoto



Reproduzimos a nota da Asoka Brasil contra as ameaças ao repórter e blogueiro da esquerda Leonardo Sakamoto. Essas ameaças se tornaram mais constantes depois da intensificação da luta de classes no Brasil, a partir das eleições de 2014, e são promovidas por setores da direita e da extrema-direita possivelmente ligados ao agronegócio, fundamentalismo religioso evangélico e grupos militaristas contrários à defesa dos Direitos Humanos no Brasil.

Ashoka Brasil

NOTA PÚBLICA: RECONHECIMENTO, REPÚDIO E SOLIDARIEDADE

NOSSA VOZ NA VOZ DE LEONARDO SAKAMOTO


A presente nota pública visa expressar apoio incondicional ao trabalho de Leonardo Sakamoto, jornalista, professor, Empreendedor Social Ashoka e fundador da ONG Repórter Brasil, que vem desenvolvendo um trabalho de informação nas redes sociais de grande importância social, em favor do Estado Democrático de Direito e sempre pautada nos direitos humanos.

Através da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto tem abordado temas muito sensíveis, como trabalho escravo, corrupção e terceirização no trabalho. Temas que tocam em direitos fundamentais que são violados por grupos de poder na sociedade.

Pautado em princípios éticos, na verdade e usando uma linguagem que alcança todas as gerações, principalmente a juventude, Sakamoto, que representa a voz de milhões de brasileiros, tornou-se uma ameaça para quem trabalha contra a democracia e os direitos humanos.

A organização Repórter Brasil sai à frente na luta pelo fortalecimento das entidades e movimentos da sociedade civil, trazendo como princípios norteadores e inegociáveis a ética, a democracia, a transparência de gestão, a autonomia política, e parâmetros na relação com o poder público, limitando o recebimento de verba pública a 30% de seus recursos.

Queremos, em público, reconhecer o brilhante trabalho que Leonardo Sakamoto vem desenvolvendo, bem como, agradecê-lo e encorajá-lo a continuar firme em seus propósitos.

Assim, repudiamos todo tipo de intimidações, ameaças e atentados que vêm sendo perpetradas contra Sakamoto em razão de seu brilhante trabalho.

Após o processo eleitoral de 2014, cresceu o número de ameaças contra Sakamoto. Essas ameaças vêm sendo feitas por meio de comunicação virtual, através de abordagens físicas e difamações caluniosas.

Para essas pessoas e grupos ligados ao movimento ruralista, ao fundamentalismo religioso e outros setores conservadores da sociedade, queremos dizer que Sakamoto e sua equipe são pessoas que gozam de credibilidade nacional e internacional.

Leonardo Sakamoto, o Brasil e o mundo precisam de pessoas como você na construção de uma sociedade onde todas as pessoas sejam respeitadas em sua dignidade. Conte com todo nosso apoio e solidariedade, pois sua voz é a nossa voz!

São Paulo, 30 de abril de 2015.

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segunda-feira, 11 de maio de 2015

O golpismo no Brasil, na América Latina e as tarefas da Frente Comunista dos Trabalhadores RESOLUÇÕES DA REUNIÃO NACIONAL DA FCT

São Paulo, 03 de maio de 2015

Nos discursos e publicações do 1º de maio ficou clara uma matriz comum de raciocínio tanto de Lula, que começa a ficar preocupado com seu futuro político diante do cerco golpista contra ele, quanto a oposição de esquerda e satélites. O primeiro considera uma ingratidão do grande capital querer golpeá-lo agora, apesar dos governos do PT terem sido os mais lucrativos de todos os tempos. PSOL, PSTU e tutti quanti, por sua vez, consideram improvável um golpe de Estado pelo mesmo motivo. Ambos associam a possibilidade de golpe com a política econômica praticada pelo governo. De fato, pensando a partir deste vetor só pode deduzir-se que ou a burguesia é ingrata ou não cometeria golpe nenhum contra o governo do PT e seus dirigentes.

Divergindo deste pensamento, militantes da FCT, com presença da LC, CL, TMB, CSL, TR, reunidos no dia 3 de maio de 2015, colocaram como elementos principais do golpismo dois vetores e que tarefas devem assumir nossa organização diante dos mesmos.

GEOPOLÍTICA E ECONOMIA POLÍTICA MARXISTA

Um vetor parte da Geopolítica: emblocando com os BRICS, a maioria dos governos latino-americanos incomodam o imperialismo norte-americano, ao ponto de fazer com que setores da direita imperialista mobilizem suas forças contra o PT, contra Cristina Krishner na Argentina, e contra Maduro na Venezuela, uma vez que este alinhamento contraria interesses comerciais, econômicos, militares do imperialismo.

Outro vetor parte da economia política. Não basta o Brasil se associar aos Brics para reverter a tendência histórica da queda da taxa de lucro do capital instalado no Brasil. Entre 1993 e 2004, a taxa de lucro cresceu 35%, a composição orgânica do capital em 20% e a taxa de exploração em 55%. A economia se desindustrializou e reprimarizou, com o setor agro-alimentar responsável por 28% do PIB, tornando-se o 3º maior exportador agrícola do mundo em valores absolutos, atrás apenas da UE e dos EUA.

CONQUISTAS SALARIAIS, SOCIAIS E PAUPERIZAÇÃO RELATIVA

Sob o governo Lula e do boom de commodities, houve alguns ganhos importantes para a classe trabalhadora: com a expansão inédita de um sistema de proteção social, o aumento de crédito a juros baixos para os trabalhadores e universalização da saúde e da educação. A ampliação do programa de subsídio Bolsa Família é a face mais visível dessas políticas. Entre 2004 e 2011, o número de famílias beneficiadas com as transferências de renda mais do que dobrou, de 6.5 a 13.3 milhões, o que representa quase um quarto da população. Nas regiões mais pobres e isoladas do país, o aumento do gasto social pelo Estado através deste programa tornou-se o principal motor da economia local.

Outro pilar da política do governo, adotada através de negociações com os sindicatos, foi para aumentar o salário mínimo e pensões. Ele subiu 211% em termos nominais entre 2002 e 2012, para um aumento, descontados-inflação real, de 66%. A taxa de desemprego caiu de 12,3% para 6,7% e a força de trabalho se expandiu a uma taxa anual de 1,6%. 

Também é verdade que mesmo na tendência crescente da economia, dos melhores anos dos governos do PT, o capital foi imensamente sempre mais beneficiado do que o trabalho, sobretudo os patrões latifundiários do chamado agronegócio, a quem Lula chamava de “heróis”, em detrimento da reforma agrária e dos sem terras, desprezados por Lula. Através do que nós marxistas chamamos de pauperização relativa, ainda que o salário cresça de forma aritmética, a exploração e a riqueza por ela produzida crescem de forma quase geométrica. Segundo o Banco Central, entre 2003 e 2011, o lucro do sistema bancário cresceu 250%, enquanto, no mesmo período, a renda do trabalhador subiu 22,24%.

ALTOS E BAIXOS DO PIB DE UM PAÍS ECONOMICAMENTE DEPENDENTE

No primeiro ano do governo Lula, como rescaldo da herança dilapidadora de FHC, o crescimento do PIB foi de 1,2%. Já entre 2004 e 2008 o crescimento médio do PIB foi de 4,76%. Sob os efeitos da crise de 2008, o PIB de 2009 despenca para 0,2% negativo.

Mas, graças aos altos preços dos commodities e a reorientação da economia brasileira realizada pelo governo do PT, via BRICS, em direção a China, em 2009, quando o país asiático substituiu os EUA como principal parceiro comercial brasileiro, aliado aos ganhos de produtividade derivados da taxa de exploração, fez com que a crise capitalista mundial de 2008 perdesse força na economia nacional e em 2010 o PIB brasileiro desse um salto para 7,6%. Todavia, a partir de 2011, com a queda dos preços dos commodities e a desaceleração da economia chinesa, derivada das medidas anticíclicas tomadas pela oligarquia mandarim para conter a queda de sua taxa de lucros e uma crise em sua economia, fizeram com que a economia agroindustrial brasileira, inteiramente dependente das grandes economias mundiais, entrasse em crise, chegando em 2014 a um “crescimento” do PIB de 0,1%.

A dependência do Brasil aos elementos que o beneficiaram no governo Lula, economia primária exportadora de commodities e dependência da demanda chinesa, foram os mesmos que afundaram o governo Dilma. As commodities, que tiveram um novo boom de 2009 até 2011, voltaram a despencar a partir de então. Como destaca o economista Michael Roberts “agora rentabilidade das exportações do Brasil é cerca de 20% abaixo de seus melhores anos antes de 2004... O crescimento do PIB do Brasil tem, consequentemente, diminuído desde 2011. Houve uma forte queda nos investimentos fabris e para exportações ao longo dos últimos dois anos. Enquanto o investimento público cresceu 0,4%, passando a 5,4% do PIB, não foi suficiente para compensar a queda na proporção do investimento privado em relação ao PIB de 14,3% para 12,7% no ano passado. A indústria nem sequer voltou para o patamar pré-crise de 2008”. 

Como dissemos no início, os mecanismos que livraram o Brasil dos efeitos da crise mundial, no final dos anos 10, não contiveram a tendência da queda da taxa de lucro do capital no Brasil, que despencou a partir de 2004 (caindo em 8% em 2008), principalmente com o crescimento dos salários que provocou a queda de 25% na taxa de exploração, segundo Roberts.

Os partidos como o PT, eleitos pela massa trabalhadora, só podem ser funcionais ao capital na medida em que investem na construção de consensos sociais mais amplos que os partidos tradicionais da burguesia, precisam realizar concessões e não podem implementar os ataques trabalhistas necessários para a burguesia voltar a crescer sua taxa de lucro, no ritmo e na intensidade que a burguesia exige e necessita, justamente porque o PT sofre pressões de sua base social, na maior parte trabalhadores. Isso é o outro vetor que explica o movimento golpista da direita contra os governos Dilma, Cristina, Maduro, que fazem concessões aos trabalhadores, sendo empecilhos para setores da burguesia latino-americano darem início a um novo ciclo de acumulação em níveis superiores ao atual.

ESCRAVIZAÇÃO E DITADURA PARA RECUPERAR A LUCRATIVIDADE

Apenas um ataque brutal aos direitos trabalhistas, sindicais, políticos e sociais, através da terceirização, redução da maioridade penal, da reforma política da direita, podem fazer com que a burguesia eleve suas taxas de lucro em queda, arrochando salários também com a ameaça de demissões, aprofundando a exploração da mais-valia e realizando a venda de suas mercadorias no mercado mundial.

Todavia, contraditoriamente, estas medidas também afetam a base de massas de manobra do golpismo, como visto no esvaziamento do “Fora Dilma!”, após a aprovação da terceirização na Câmara dos Deputados. Com isto, a frente golpista da direita e do imperialismo tentou avançar parlamentarmente com uma medida escravocrata só exequível por uma ditadura e após um golpe contra as massas, pôs o carro na frente dos bois e deu um tiro no pé.

Em seguida, na repressão sangrenta tucana aos professores paranaenses, a frente golpista cometeu outro vacilo, revelador do que devam esperar os trabalhadores na resistência em defesa de seus direitos, se triunfar o Golpe de Estado.

Outro reflexo do esvaziamento da base de massas da frente golpista foi visível no primeiro de maio da Força Sindical, que apesar de reunir Aécio (PSDB), Cunha (PMDB), Paulinho (Solidariedade) e Protógenes (PCdoB), mais sorteios e atrações musicais do que nunca, teve um público menor do que nos anos anteriores.

REAQUECIMENTO DO MOVIMENTO OPERÁRIO E POPULAR

A maior ameaça aos direitos trabalhistas e sindicais das últimas décadas obriga as centrais sindicais de esquerda burocratizadas a se moverem. A CUT e o MST estabeleceram um calendário de lutas e realizaram uma série de manifestações de rua como não realizavam desde antes da ascensão do PT ao governo federal. Na Câmara dos Deputados, os parlamentares do PT votaram em uníssono, assim como os do PSOL, contra o PL4330. De palavras, a CUT anuncia que fará uma Greve Geral contra a terceirização.

O MTST, a frente de esquerda (PSOL, PSTU, PCB) e seus satélites que boicotaram a manifestação do dia 13 de março convocada pela CUT contra a direita porque “não fazem protestos dirigidos por governistas”, tiveram de “morder a língua” e se veem impelidos por suas bases a seguir o calendário de manifestações convocadas pela CUT e MST no dia 15 de abril, 1º de maio, etc.

Na Força Sindical, a política pró-terceirização do “Solidariedade” provoca uma profunda insatisfação nas bases, com um princípio de motim logo abafado nos sindicatos metalúrgicos de Osasco, Guarulhos e Santo André.

Este reaquecimento do movimento de massas nacional, ainda que torpemente conduzido pela política de colaboração de classes da CUT, certamente leva os golpistas a repensarem seus planos e acreditarem que um Golpe de Estado no Brasil não será tão fácil como foi em Honduras e Paraguai, podendo abrir uma guerra civil de escala superior a que ocorreu na Líbia e que se desenvolve na Síria e Ucrânia.

APÓS OS REVEZES DE ABRIL, A FRENTE GOLPISTA FAZ UMA REORIENTAÇÃO TÁTICA

Após estas duas derrapadas consecutivas, os golpistas foram obrigados a ocultar melhor seus objetivos de ataque de ordem econômica contra as massas, e passaram a acelerar na caçada ao PT. O tesoureiro nacional do partido foi preso e três prefeitos petistas do interior mineiro foram baleados em dias distintos e situações similares. Por sua vez, o “Fora Dilma!” é temporariamente secundarizado com bandeira de agitação da direita. Alckmin, Serra e FHC declaram que “não há clima” agora para o impeachment, deixando para Aécio, Roberto Freire, Paulinho, Caiado e Bolsonaro a tarefa de se virar com a bandeira. O golpismo muda de foco, o “Fora Dilma!” é substituído por um ataque direto da Rede Globo a Lula e de efeito a mais longo prazo, visando sua impugnação ou algo pior.

Vale destacar também, como apontado no documento de 1º de maio da TMB argentina “Calendario electoral y golpismo”, que o imperialismo mudou de tática apresentando uma direção da direita mais “moderada” como Capriles na Venezuela ou Scioli na Argentina para vencer as resistências a sua estratégia golpista.

Tudo isso coincide com os métodos da Era Obama, que conjugam o calendário eleitoral latino-americano com golpes parlamentares. A tática golpista não foi abandonada pelo imperialismo, passou a fazer parte de um plano de várias ramificações. Sendo assim, se nem nas primárias do partido de Cristina, a "Frente para la Victória", nem nas eleições presidenciais posteriores saírem vencedores os candidatos imperialistas, como [Sergio] Masa (da Frente Renovador), [Daniel] Scioli (da Frente para la Victoria) ou [Mauricio] Macri (do PRO [Propuesta Republicana]), o imperialismo tratará de reforçar as tendências golpistas no Brasil, como parte do esforço para manter o controle sobre a América do Sul.

Não se pode esquecer que a alternativa dos candidatos pró-imperialistas não chegarem à Casa Rosada na Argentina coincidirá, cronologicamente, com o fim da Era Obama e o ascenso da direita republicana já em transição abertamente fascista nos EUA.

O discurso de Lula no 1º de Maio precisa ser visto nesta perspectiva, a do recrudescimento das tendências golpistas no Brasil depois de uma possível derrota da direita pró-imperialista na Argentina, mais do que de uma preparação para 2018.

Acossado, Lula que havia furado a participação prometida na manifestação da CUT do dia 13 de março, articula com o MTST, Intersindical do PSOL, PCO, juntamente com CUT, CTB, MTS um primeiro de maio inédito e lança uma frente nacional de esquerda contra a terceirização, a redução da maioridade penal e a direita. Lula quer construir uma espécie de frente popular de massas que siga defendendo e blindando o governo Dilma e o PT, enquanto ele toma cada vez mais distância das medidas impopulares de Dilma.

Setores da própria mídia golpista já destacam este distanciamento e acusam Lula de “cooptar grupos esquerdistas para, se quando e lhe for conveniente, contrapor-se a Dilma”. Estes movimentos da direita, a recente capa da Época contra o Lula e agora o Estadão e a Veja defendendo Dilma apontam que a mídia burguesa, agente do golpismo imperialista, pode recuar e adiar sua estratégia golpista, passando a adotar um 'Fica Dilma!' contra o reaquecimento do movimento de massas e a tentativa de Lula de criar uma frente popular de massas para defender o PT e a si mesmo. Ao mesmo tempo, enquanto Dilma fica e adota todo ou grande parte do receituário neoliberal escravocrata exigido, como visto nas Medidas Provisórias 664 e 665 (que tira direitos de seguro desemprego, pensões e seguro defeso) ou no avanço da OSs privatizando os serviços públicos sociais do Estado e efetivamente terceirizando, como para o povão a testa-de-ferro desta política segue sendo do PT, Dilma e o partido vão "sangrando" e perdendo o capital político eleitoral que possuem junto a população trabalhadora, que possuem junto a população trabalhadora, preparando assim a "interdição" de Lula para as eleições de 2018, o que pode vir a acontecer a partir da CPI do BNDES. O que não quer dizer de modo algum que esteja afastada a ameaça do Golpe de Estado antes disto. Por isso, enquanto defendemos a edificação de uma Frente Única Antifascista, Antiimperialista e Antigolpista, apostamos estratégica e organicamente na construção de uma nova oposição, uma oposição operária contra o governo Dilma-Levi e suas medidas contra a nossa classe.

COMBATER TODA A TERECEIRIZAÇÃO SEM DEIXAR DE COMBATER A PRIVATIZAÇÃO AS OSs

Lula afirma que Dilma vetará o PL 4330 da terceirização, mas a própria presidente se opõe a ser categórica sobre o que vai fazer quando o mesmo lhe chegar à mão. O PSDB se reposiciona e negocia com o PT a exclusão das empresas públicas e estatais da terceirização da atividade fim, mas, como a FIST denuncia no Folha do Trabalhador 23, a terceirização e a privatização avançam tranquilamente na saúde, educação e outros serviços, através das Organizações Sociais (OSs). Nesta linha, Marconi Perillo, também do PSDB, governador de Goiás, já prepara a privatização da Educação pública do Estado através das OSs.

Acreditamos que devamos fazer uma campanha contra o PL 4330, chamar a greve geral contra a mesma, mas também avançar na luta pela reversão de TODO processo de escravização e privatização, pela efetivação imediata e incondicional de todos os precarizados (terceirizados, quarteirizados, PJ, categoria O, subcontratados em geral, trabalho escravo) com plenos direitos trabalhistas e sindicais. Pela substituição dos concursos públicos pela contratação de trabalhadores pelos sindicatos, como eram os estivadores antes da política neoliberal dos anos 90 chegar aos Portos. Em defesa da estabilidade plena no emprego para todos, conquista que o proletariado brasileiro possuía no passado parcialmente, que a ditadura militar quebrou, criando o FGTS para poder aprofundar a taxa de exploração do trabalho.

Também se incluem nos objetivos estratégicos da direita escravocrata, testa de ferro do imperialismo, o avanço da privatização da Petrobrás, da Caixa Econômica, etc. Deveremos combater todas as medidas privatizantes e lutar pela reestatização sob o controle operário destas empresas.

CONCLUSÃO

O golpismo se explica como resultado de um novo conflito de disputa mundial por mercados, uma guerra cujas posições perdidas nos últimos anos são reconquistadas pelo imperialismo através de Golpes de Estados contra governos associados aos BRICs, Golpes que instauram governos títeres de direita e com elementos fascistas como na Ucrânia para obrigar as massas pela via do terror (como realizada por Beto Richa contra os professores paranaenses) a se submeterem a planos de austeridades, ajustes fiscais, perda de conquistas, demissões, arrocho salarial, precarização do trabalho que permitam ao imperialismo extrair superlucros dos trabalhadores.

TAREFAS POLÍTICAS DA FRENTE COMUNISTA DOS TRABALHADORES DIANTE DA CONJUNTURA

Nesta conjuntura, a Reunião Nacional da FCT do dia 03 de maio apontou para a seguinte política:

1) PARTICIPAR DA FRENTE DE ESQUERDA LANÇADA NO 1º DE MAIO COM UM PROGRAMA INDEPENDENTE - Ingressar na Frente de Esquerda para tentar organizar dentro dela um Bloco pela independência de classe com a base radicalizada de suas organizações e convocando ao MTST, Levante Popular da Juventude (consulta popular), PCML, PCO, CCR, Refundação Comunista, a combater o frente populismo da direção petista, pela frente única antifascista e antigolpista e antimacarthista, pela unidade de ação sem unidade programática, se opondo firmemente a perseguição da direita ao PT, mas sem defender o governo Dilma, seu partido principal e seu sucessor, e suas políticas antiproletárias.

Neste sentido deveríamos nos inserir desde já, armados com nosso Folha do Trabalhador 23, em todas as plenárias sindicais e populares para a organização da paralisação nacional do dia 29 de maio para preparar a greve geral.

Também deveríamos reivindicar uma plataforma para que esta frente de esquerda defenda e avance sobre as medidas realizadas por Maduro e Cristina contra a mídia golpista, tendo como norte a estatização e expropriação sob o controle dos trabalhadores e usuários da população trabalhadora da mídia burguesa, educação, saúde, transportes. Pelas reformas urbana e agrária, pela revolução agrária contra a agroindústria. Pela dissolução de todo aparato repressivo policial. Tal plataforma seria uma atualização ampliada das ressalvas sobre o documento da Frente pelas Reformas Populares, publicado no FdT 22.

2) OPOSIÇÃO OPERÁRIA E FUA MUNDIAL - Simultaneamente, deveríamos continuar agitando a Greve Geral contra a terceirização e a direita golpista, ao mesmo tempo que deveríamos dar mais destaque na estratégia da construção da oposição operária e comunista ao governo Dilma e Levi, pela construção de um partido revolucionário dos trabalhadores, como parte da luta pela revolução permanente combinada a tática da Frente Única Antiimperialista e Antifascista. Sendo a crise – e consequentemente a investida – mundial, a FCT luta por uma FUA mundial, unindo BRICS, bolivarianos, Estados Operários remanescentes, nacionalismo islâmico e Irã, africanos e antigos "terceiromundistas" - sempre que estiverem sob ataque e/ou em contradição com o imperialismo.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O país de uma meia duzia...

                                                                                                         por Mário Medina

Como diz o ditado: Não existe almoço de graça. Alguém sempre tem de pagar a conta. No Brasil, quem paga a conta da farra dos especuladores, banqueiros e grandes capitalistas é o trabalhador. Via de regra, por aqui os lucros são privatizados e os prejuízos, socializados. Não é que o Brasil seja um pais de ninguém; o Brasil é o pais de uma meia dúzia. Sempre foi assim, e, a depender da pequena elite que gere os negócios por aqui, tudo deve continuar a mesmíssima coisa.
Só mesmo a revolução socialista para livrar o Brasil da barbárie capitalista. Não é exagero algum afirmar isso. O discurso de tom conciliador do PT, essa ilusão reformista difundida por uma outra meia dúzia, só que esta travestida de intelectualidade universitária progressista, evidencia seu fracasso, sua saturação, e pede passagem para alternativas radicais.
Não é qualquer governo que está desferindo duros golpes contra os direitos da população trabalhadora. Estamos tratando de um governo que se diz dos trabalhadores, defendido e tido por velhos pelegos como um governo democrático e popular, orgulho da nação. Contradição maior não poderia haver. Esse governo que está aí é composto por quadros políticos que ha décadas atrás eram a esperança das cabeças mais progressistas.
Pois bem, foi esse governo que passou as MP`s 664 e 665 no congresso. Ou seja, de um governo que se esperava a defesa intransigente dos direitos trabalhista é que saiu o maior dos ataques dos últimos tempos. Dilma só não sofreu impeachment da extrema direita porque continua sendo a opção mais funcional à maioria do conjunto da direita e dos capitalistas.
Talvez FHC não fosse tão eficiente, capaz de tal proeza direitista. Marina e Aécio igualmente. As tendências golpistas dentro da atual gestão refluem à medida que Dilma abre mão de seu programa de campanha em favor dos interesses da meia dúzia patronal brasileira.
Já afirmávamos que Dilma dava os aneis pra não perder os dedos. E vai continuar assim. Esse governo vai ser desmoralizado e sangrado de modo que as chances de Lula em 2018 sejam minimizadas em favor da vitoria eleitoral da direita mais tradicional.
O ascenso da direita no Brasil é inquestionável. Globo e Veja dão a tônica da oposição ao governo Dilma, e, de panelaço em panelaço, uma nova geração de reacionários dorme acreditando que a culpa é só do PT, que o PT é comunista, castrista, bolivariano, etc, etc.
Ora vejam, o mesmo PT, que no dia anterior à votação do projeto que endurece a concessão ao seguro desemprego e às pensões por morte, levou ao ar um programa de TV que se opunha ao PL 4330, da terceirização. É o cumulo da cara de pau. Cinismo pouco não faz mais o estilo da cúpula petista.
No primeiro de Maio da CUT, em São Paulo, Lula subiu ao palco ovacionado pelos capas-pretas da maior e mais representativa central sindical do país, e dirigiu à multidão que ali se encontrava o seu discurso mais à esquerda dos últimos tempos. Natural que ele agora assuma um discurso radicalizado. Acuado pela direita, e até numa tentativa de se descolar da figura mal avaliada de Dilma, Luta tenta tirar o seu da reta. Ele, mais do que ninguém, devia ter ciência do que são capazes os ricaços brasileiros.
Ironia do destino ver Lula dizer agora que a elite brasileira é mal agradecida, que ele cooperou com vultosas quantias via BNDES para que os capitalistas brasileiros se desenvolvessem e batessem recordes de lucros num momento mais favorável da economia mundial. Lula entrou no jogo da democracia burguesa, e agora terá de se ver com as conseqüências cíclicas do sistema. A queda na taxa de lucro dos capitalistas chegou pra levar direitos trabalhistas consigo, e, com Dilma ou sem Dilma, com PT ou sem PT, o ajuste será cobrado pelos abutres. Pobre do povo brasileiro, que agora tem de amargar o desemprego na casa dos 7%, os juros em escalada, os aumentos abusivos nas contas de energia elétrica, a inflação corroendo os defasados salários, etc.
Os tempos são maus, e exigem soluções drásticas. Greve geral já! É hora dos trabalhadores tomarem as ruas contra as barbáries do sistema, com palavras de ordem de transição ao socialismo, com ação direta e protagonismo operário. Ou é isso ou então o Brasil continuará sendo o país de uma meia dúzia.



terça-feira, 5 de maio de 2015

O golpismo no Brasil, na América Latina e as tarefas da Frente Comunista dos Trabalhadores – RESOLUÇÕES DA REUNIÃO NACIONAL – 03 DE MAIO DE 2015


Nos discursos e publicações do 1º de maio ficou clara uma matriz comum de raciocínio tanto de Lula https://www.youtube.com/watch?v=EmF3Vxcm47g , que começa a ficar preocupado com seu futuro político diante do cerco golpista contra ele, quanto a oposição de esquerda e satélites. O primeiro considera uma ingratidão do grande capital querer golpeá-lo agora, apesar dos governos do PT terem sido os mais lucrativos de todos os tempos. PSOL, PSTU e tutti quanti, por sua vez, consideram improvável um golpe de Estado pelo mesmo motivo. Ambos associam a possibilidade de golpe com a política econômica praticada pelo governo. De fato, pensando a partir deste vetor só pode deduzir-se que ou a burguesia é ingrata ou não cometeria golpe nenhum contra o governo do PT e seus dirigentes.
Divergindo deste pensamento, militantes da FCT, com presença da LC, CL, TMB, CSL, TR, reunidos no dia 3 de maio de 2015, colocaram como elementos principais do golpismo dois vetores e que tarefas devem assumir nossa organização diante dos mesmos.
Um vetor parte da Geopolítica: emblocando com os BRICS, a maioria dos governos latino-americanos incomodam o imperialismo norte-americano, ao ponto de fazer com que setores da direita imperialista mobilizem suas forças contra o PT, contra Cristina Krishner na Argentina, e contra Maduro na Venezuela, uma vez que este alinhamento contraria interesses comerciais, econômicos, militares do imperialismo.
Outro vetor parte da economia política. Não basta o Brasil se associar aos Brics para reverter a tendência histórica da queda da taxa de lucro do capital instalado no Brasil. Para reverter a tendência atual da queda da taxa de lucro na América Latina, é preciso que a burguesia aplique um plano de austeridade muito maior do que, por exemplo, o PT aplica no Brasil.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Beto Richa (PSDB) trata educadores na bala e na porrada: criminoso!


      por Gílber Martins Duarte – Militante SOCIALISTA LIVRE (FCT) 
Lamentavelmente, é isso que o PSDB sempre teve a oferecer para os trabalhadores em educação dos diversos estados, ataques à escola pública, corte de direitos, achatamento salarial, e balas e bombas, muitas balas e bombas aos que lutam pela escola pública.
Em Minas Gerais, foi com mão de ferro que o PSDB sempre enfrentou as lutas da educação, e finalmente derrotamos esse governo direitista de Aécio Neves/Anastasia nas últimas eleições. Em São Paulo sempre foi assim que o PSDB enfrentou as lutas dos educadores e dos movimentos sociais, com demissões e repressão. Agora, no Paraná, o PSDB está mais uma vez revelando seu lado direitista-fascista na maneira de lidar com as lutas sociais e com as lutas da educação: tratando educadores como caso de polícia.
Toda a nossa solidariedade aos trabalhadores em educação, feridos pelas bombas, balas e cães do carniceiro Beto Richa (PSDB). Basta de PSDB à frente de estados e prefeituras. E que essa direita truculenta e golpista jamais volte ao poder do país. Essa é a conclusão política que a classe trabalhadora brasileira precisa tirar de uma vez por todas para jamais votar e dar poder para esses políticos da direita PSDBista que contaminam estados, prefeituras e o Congresso Nacional com sua sanha conservadora.

Calendário eleitoral e golpismo


                                                        por Leon Carlos, TMB- Argentina

Segue abaixo, vertida para o português, nota da Tendencia Militante Bolchevique -seção argentina do Comitê de Ligação para a Quarta Internacional, do qual nossa Frente Comunista dos Trabalhadores é a seção brasileira- sobre a conjuntura sul-americana. Os camaradas apontam a tática imperialista de investir no jogo eleitoral, com destaque para as eleições presidenciais argentinas deste ano.


Tudo indica que o imperialismo tem mudado de tática. É onde os candidatos da direita pró-imperialista aparecem de forma mais "moderada" e, portanto, com maiores chances eleitorais. Tal é o caso de Caprilles na Venezuela, Scioli na Argentina e quiçá algum peemedebista no Brasil. Nessa nova tática, o jogo do imperialismo é aguardar o calendário eleitoral. Não se pode esquecer que Maduro esteve a ponto de perder as eleições na Venezuela. Tudo isso coincide com os métodos da Era Obama, que conjugam o calendário eleitoral latino-americano com golpes parlamentares. Assim, a tática golpista não foi abandonada pelo imperialismo, e sim faz parte de um plano de várias ramificações. Nesse sentido é que, na Argentina, nas primárias (1) e depois nas eleições presidenciais, não surpreendem candidatos fiadores do imperialismo que têm chance eleitoral, como [Sergio] Masa (da Frente Renovador), [Daniel] Scioli (da Frente para la Victoria) ou [Mauricio] Macri (do PRO [Propuesta Republicana]), todos pró-imperialistas, apesar de suas diferenças. 

É muito provável que, conforme mencionado, o imperialismo reforce as tendências golpistas no Brasil como parte do esforço para manter o controle sobre a América do Sul. Não se pode esquecer que a alternativa dos candidatos pró-imperialistas não chegarem à Casa Rosada na Argentina coincidirá, cronologicamente, com o fim da Era Obama e o ascenso da direita republicana já em transição abertamente fascista nos EUA. O discurso de [Luís Inácio] Lula [da Silva] no 1º de Maio precisa ser visto nesta perspectiva, a do recrudescimento das tendências golpistas no Brasil depois de uma possível derrota (2) da direita pró-imperialista na Argentina, mais do que de uma preparação para 2018.

Notas

(1) Votações internas onde se escolhem os candidatos de cada partido. No caso da coalizão do partido governante, "Frente para la Victoria", os principais competidores são Scioli, governador da província de Buenos Aires, e [Florencio] Randazzo, atual Ministro do Interior & Transporte.

(2) A probabilidade da derrota de algum candidato pró-imperialista é algo que não se pode mensurar, haja vista a quantidade de manobras e a velocidade do processo político.