sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O golpe nosso de cada dia

                                                                                     por Mário Medina
Enquanto a direita sangra o PT, os petistas sangram o povo pobre. Postei essa frase no meu facebook essa semana. É uma frase síntese da conjuntura no Brasil. De fato, esta tem sido a tônica das últimas semanas: Dilma acuada pela oposição golpista desferindo todo tipo de medidas neoliberalizantes pra se manter no cargo da presidência. E quem paga o pato das crises econômica e política é o trabalhador. A Agenda Brasil, por exemplo, pacote sugerido por Renan Calheiros, virá para regulamentar a terceirização,  ampliar a idade da aposentadoria e instituir a cobrança por serviços do SUS, entre outras maldades. O PDE (pprograma de defesa ao emprego), por sua vez, garante empregos, mas com salários menores, sem tirar um centavo do lucro dos patrões, tudo com dinheiro público.
Aqui destacamos nossas consignas de transição ao socialismo, com escalas móveis de horas de trabalho e salário. Ou seja, temos um programa e apontamos para uma solução classista. Que os salários aumentem de acordo com a inflação e que a jornada de trabalho seja reduzida para que todos trabalhem!
Um verdadeiro governo dos trabalhadores começaria qualquer ajuste da economia por esse pontos, garantindo o direito ao trabalho e ao salário, o direito à vida digna. A solução pra saída da crise é a diminuição da desigualdade e o aumento de oportunidades. Ao invés de financiar os patrões, Dilma deveria financiar quem a elegeu pensando num Brasil melhor, mais justo.

O golpe já vem sendo dado

O presidente da CUT chegou a dizer que, se fosse o caso, formariam trincheiras e pegariam em armas pra defender Dilma do golpe. A própria Dilma está bem na defensiva, exaltando as ``qualidades do estado democrático de direito``, acusando seus opositores de golpistas. Sim, o Brasil tem uma tradição golpista. Nossa historia é uma historia de golpes. A república foi instituída por golpe, o estado novo, a ditadura. etc
Verdade seja dita: seria legítimo que os cutistas pegassem em armas pra defender o governo democraticamente eleito. A OAB e os setores legalistas saíram em ataque ao líder cutista e este logo desconversou,  dizendo se tratar de uma figura de linguagem. Mas o perigo do golpe existe. Evidente que os riscos podem variar de acordo com a conjuntura, mas a jogada da direita é bem essa. O acordo/ barganha tácito da direita com o PT é o seguinte: vocês defendem nossas medidas que nós não o derrubamos.
Na prática o golpe já esta sendo dado, e sua principal vitima é o povo, que apesar de ter elegido o PT na esperança de se livrar dos tucanos, acabou por ter um governo que gere o sistema como os tucanos o fariam. É o chamado estelionato eleitoral, claro, mas que camufla uma perversa lógica de alternância de poder: Dilma faz as maldades, e as faz com bastante eficiência aos olhos dos banqueiros rentistas e patrões, capitaliza todo descontentamento das massas e abre espaço pra direita tradicional voltar via eleitoral.
O PT, completo refém da maquina e do PMDB, só faz papel de coitado enquanto passa todo o protagonismo político aos velhos caciques da câmara e do senado. Com seus quadros indo pra cadeia ou quase lá, não tem o que fazer, afinal a direitosa Policia Federal e o judiciário só prendem petistas. Lula que se cuide; ele bem que pode ser o medalhão que falta aos carrascos.
E o que a esquerda faz agora? Sai com os coxinhas no dia 16, endossa o pedido de impeachment da extrema direita? Ora, seria uma piada de nítido mal gosto. Esquerda que é esquerda não se deixa confundir com direita. Óbvio que mais do que ninguém estamos furiosos com os calhordas do PT, que não queremos esse governo; mas não nos peçam que façamos coro com uma turma que consegue ser ainda pior que eles. Dilma e o PT terão de se ver com as massas. Nenhum politiqueiro da direita fará isso por nós. E temos dito.


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Auditar a dívida, romper com os sanguessugas!

                                                                                     por Mário Medina


A diferença de renda entre ricos e pobres sempre foi alarmante no Brasil. Todo mundo sabe disto. Não é novidade pra ninguém. A despeito dos discursos dos petistas que bradam terem eliminado a miséria no país, o Brasil continua a ostentar um dos maiores índices de concentração de renda do mundo. Nesse mês a Receita Federal divulgou tabela que revela bem essa realidade. Segundo a própria receita, menos de 1% dos brasileiros detém cerca de 30% da riqueza declarada.
Os dados estão no site da receita para que qualquer um tenha acesso. Segundo os dados, 71 mil brasileiros concentram 22% de toda riqueza. Essa elite representa 0,3% dos declarantes do imposto de renda em 2013. A concentração da renda no Brasil é de espantar qualquer um. 
Outra coisa que espanta é notar que os mais ricos pagam menos impostos, enquanto a fatia mais pobre da população paga mais. A receita aponta que os 72 mil brasileiros mais ricos são tributados em até 66% de sua renda, enquanto os cidadãos que ganham até cinco salários mínimos são tributados em 95% de seus ganhos.
Essa desproporção toda poderia ser corrigida caso houvesse vontade política para taxar as grandes fortunas. Se o Brasil tributasse lucros e dividendos de sócios e acionistas de empresas, por exemplo, coisa que acontecia até o ano de 1995, o país voltaria a arrecadar uma quantia de cerca de 50 bilhões, quase a mesma quantia que Dilma cortou no atual ajuste fiscal.
Na campanha presidencial do ano passado, nos acalorados debates de tv, os principais candidatos ao planalto sequer tocaram no tema. Com exceção dos presidenciáveis da chamada ultra-esquerda, PSOL, PSTU, PCB e PCO.
Luciana Genro, única candidata da esquerda a participar dos debates, propunha taxar em 5% as fortunas que ultrapassam 50 milhões de reais, o que uma parcela da esquerda julga pouco, mas que já faria uma diferença substancial na receita da união.
A queda da popularidade de Dilma tem tudo a ver com isso. Em tempos de crise, Dilma foi ao horário de propaganda e aos debates de tv assegurar que em seu segundo mandato asseguraria direitos, que não cortaria investimentos e que não elevaria os juros, entre outras propostas. 
Na mesma semana de sua vitória eleitoral deu ordens de elevar os juros, e em pouco tempo sua popularidade foi caindo conforme despejava o ônus da crise sobre os ombros dos trabalhadores.
O PT não tem vontade política de romper com os banqueiros e rentistas. Pelo contrário, faz de tudo para garantir as gordas fatias de lucros sobre juros. A dívida brasileira só faz crescer e Dilma, que tanto acusou os tucanos de plantar inflação pra colher juros, faz o mesmo jogo da direita agora que é governo. 
Aliás, Dilma só está no governo porque continua sendo funcional aos desejos da elite financeira do país. Verdade que uma ampla parcela desta elite prefere a gerência tucana, mas dificilmente haverá impeachment se Dilma continuar se dispondo a aplicar a linha política da direita. Como a direita vai batalhar pra derrubar um governo tão submisso, que abaixa a cabeça e faz todas as suas vontades? Repito, tem a direita que quer a cabeça de Dilma agora, mas a tendência é sangrarem o PT pra garantirem seu retorno via eleições de 2018.
Aos trabalhadores só resta romper definitivamente com o governismo do pelego PT e viabilizar alternativas de poder popular, com uma auditoria popular da dívida. Uma auditoria como esta poria a claro que não devemos mas que somos credores da burguesia sanguessuga.