sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A dinâmica do poder no mundo / A perspectiva revolucionária da história

                                                                                         por Luiz Carlos de Oliveira

A eleição do direitista Mauricio Macri à presidência da Argentina, no ultimo domingo, trouxe o fim de um ciclo de 12 anos dos kirchineristas no poder. Beneficiado pelo descontentamento popular com o governo de Cristina, Macri venceu por estreita margem o candidato governista Daniel Scioli.
Resultado de imagem para cristina kirchner jovenAcontece que a alternância na Casa Rosada altera de forma substancial o cenário político regional.. Há quem aposte que seja o começo do fim do bolivarianismo e da hegemonia ``esquerdista`` na América Latina.
Na Venezuela, as pesquisas acerca das eleições parlamentares do próximo mês apontam para vantagem dos opositores, e o país vive à beira de uma convulsão social, com crises de abastecimento e uma polarização violentíssima, com conflitos de rua, assassinatos encomendados, etc
A despeito de certa estabilidade em países como Bolívia e Equador, também governados por forças de ``esquerda``, a situação na região é bem mais auspiciosa para os direitistas, que também tem tudo para retomar a presidência no Brasil em 2018, isso se não derrubarem Dilma antes por força de golpe.
Concretizada essa tendência geral, quem perderia espaço e influência no continente seria a China, que se vale dos imbróglios dos bolivarianos com os Estados Unidos para ampliar seus mercados na região, especulando inclusive a construção de uma mega ferrovia a cortar o continente do Atlântico ao Pacifico, via que facilitaria o escoamento de commodities para a costa a fim de embarcá-las para o Oriente.
Resultado de imagem para obama e putinA propósito, por falar nos interesses chineses em terras latinas, oportuno é mencionar a aproximação dos chineses com os russos, o costume que mantêm de votarem juntos no conselho da ONU, a indisposição que partilham com as forcas da OTAN, e o fato de terem, recentemente, desdolarizado seu câmbio.
Rússia e China são os únicos países do mundo que podem aspirar a fazer frente ao imperialismo ianque. São potências que, por seu passado de países operários, cumpriram tarefas de desenvolvimento que lhes permitiram chegar ao status atual. Tem burguesias poderosíssimas e tendem a expandir seus mercados de forma a monopolizarem o capital de diversos países ao redor do mundo para, posteriormente, se elevarem à condição de economias imperialistas.
Resultado de imagem para Putin, imagensIsso naturalmente desagrada aos Estados Unidos e seus satélites, e a situação vai se agudizando em movimentações que, para muitos, configuram uma fase prévia à terceira guerra mundial. Pessimismo à parte, já podemos apontar para uma espécie de guerra fria, com destaque para a guerra civil na Síria, com mais de quatro anos de conflitos e 240 mil mortos, levando a um êxodo de refugiados que tentam entrar na Europa e ao avanço militar do Estado Islâmico, que hoje comanda varias cidades, retrocedendo agora por conta da intervenção russa.
A situação naquele pais é tão complexa, que, apesar de acumular tantas tragédias, também é o país a abrigar a primeira revolução socialista do século, no Curdistão sírio, liderada por anarquistas e com a inaudita característica do feminismo em suas fileiras.
Outro ``país sintoma`` da polarização mundial é a Ucrânia, com o surgimento de guerrilhas separatistas pró-Rússia logo após a subida ao governo de fascistoides que forjaram as manifestações da praça Maidan, movimento que aglutinou populares insatisfeitos com o então governo, aliado de Putin.
Nos países acima citados, russos e americanos se confrontam indiretamente.
Resultado de imagem para guerra síria, imagemO Irã, pais do famigerado ``Eixo do Mal``, governado por xiitas que se indispõem com  o imperialismo, que tantos impasses tem com os EUA por conta de seu enriquecimento de urânio, também conta com a simpatia dos russos. O país se opõe a outras potencias da região, que por sua vez se aliam aos EUA, como Arábia Saudita e Turquia.
O abatimento do caça russo na Turquia semana passada deixou Putin irritadíssimo. O acontecido foi tido como deliberada provocação e pode deslanchar em outras hostilidades.
Ou seja, pipocam conflitos mundo afora, o terrorismo do Isis chega à Europa para resultar em maior acuamento a refugiados e minoria islâmica, e a tendência é que tudo isso demore a apresentar desfecho. A  história é muito dinâmica e as tendências da economia, das lutas pelo poder e das subseqüentes guerras parecem não dar sossego as nossas cabeças modernas.
Mas tudo o que temos assistido é conseqüência do modo de produção capitalista. E o mundo só terá paz no dia em que esse sistema de morte der lugar ao socialismo.
A conformação do poder pode se alterar por agora na Argentina, na America do Sul e no mundo, mas as coisas só vão realmente mudar no dia em que, em nível mundial, e isso é importantíssimo dizer, o poder sair das mãos de uma meia dúzia qualquer para que os trabalhadores o exerçam com soberania.
Cumpre dizer que eventuais zigue-zagues históricos, os avanços e os retrocessos nas lutas, os ascenços e recuos dos movimentos de massas, farão parte. A luta é assim. A vida é assim.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A anunciada ruína petista / Lições a tirar

                                                                                       por Mário Medina

A bola da vez na Lava Jato

Os telejornais noticiaram o dia inteiro: Pela primeira vez na historia do país um senador da republica é preso em pleno exercício do mandato. A bola da vez na operação Lava Jato é o petista Delcídio do Amaral, senador pelo estado do Mato Grosso do Sul e líder do governo na casa.
E a situação do petista é delicada. Escutas da Polícia Federal atestam que o sujeito se movimentava no sentido de obstruir as investigações, além de articular uma possível fuga de seu comparsa Nestor Cerveró, sujeito ao qual também subornava com o objetivo de não ter seu nome citado em uma possível delação premiada.
Rui Falcão, presidente nacional do PT, já lavou as mãos e disse que não deverá se solidarizar com Delcídio, que não foi pego por questão que envolvesse o partido. Agora é mais capaz que o senador sofra sanções e que seja inclusive expulso da sigla.
Como de costume, o monopólio da imprensa burguesa se regalou da desgraça petista e explorou o tema o quanto pode ao longo do dia. A direção do PT, a exemplo do que vem fazendo nos últimos tempos, se esforçou por se descolar de seu filiado corrupto e o entregou às garras da justiça burguesa, como se a prisão do companheiro não tivesse nada a ver com a perseguição da policia federal ao ex-presidente Lula, o verdadeiro alvo da direita, a figura a ser manchada até a próxima eleição presidencial.
Porque é esse o plano da oposição golpista caso não logre êxito em efetivar o impeachment de Dilma. E todas as forcas da reação burguesa operam nesse sentido, desde as seletivas operações da arqui-reacionária Policia Federal, passando pelo mecanismo de alienação das massas promovido pela imprensa capitalista, sobretudo Globo e Veja, finalizando com a cumplicidade do judiciário em queimar figuras oriundas do governo, tendência que deverá aumentar a medida que o desgaste desse ultimo persiste, inclusive com as escutas revelando que o senador Delcídio afirmava ter trânsito entre ministros do STF.
Destaque curioso teve a fala da ministra Carmen Lucia, ao ler seu voto na última sessão, quando a mesma, em tom de lamúria e certo deboche, fez menção ao slogan da campanha lulista em 2002, aquele que dizia: ``A esperança venceu o medo``. Detalhe sutil, que passa despercebido aos mais distraídos, sua fala revela a imparcialidade tucana predominante naquele ambiente.

A ruína petista

Resultado de imagem para Delcidio Amaral, imagemO PT vai ruindo aos poucos. Muitos já abandonaram o barco, revelando vícios eleitoreiros ao optar por legendas burguesas e de oposição. Os que permanecem vão caindo um a um, sem moral alguma, sem defesa. Impressionante ver como a executiva do PT mobiliza o partido para defender o ajuste fiscal de Dilma / Levi, articula um acordão mais do que indecente com o líder dos picaretas, Eduardo Cunha, e se desmancha diante das ofensivas golpistas da direita.
Fez bem a esquerda do partido em romper e se filiar ao Psol. Verdade que demoraram pra largar o osso, mas como diz o ditado popular, antes tarde do que nunca.
Frente aos fracassos históricos do PT, lamentamos que tal partido, antes uma grande esperança da esquerda e das massas, tenha se convertido em apenas mais um elemento do jogo político burguês. Frente aos acintes golpistas da direita que não aceitou o PT por sua origem e base social, nos insurgimos. Somos contra qualquer processo de impeachment dessa direita tucana que não soube perder a eleição nas urnas, e estamos dispostos a formar frente única com os governistas nesse sentido, deixando bem claro que não temos qualquer acordo programático com o deformado PT, mas defendendo o país dos retrocessos que seriam advindos de um impeachment que não se justifica.
A população trabalhadora e as forcas da esquerda devem garantir os avanços conquistados, ao mesmo passo que devem introduzir novas conquistas, tudo forjado nas lutas sociais, nas ruas, sem falsas esperanças nesse regime burguês falido, mas apostando no poder popular, na revolução e no socialismo. Verdade que isso às vezes parece distante demais, que nos soa como utopia, como sonho irrealizável, mas é um processo, e a velocidade de sua realização depende de nosso empenho também.
Superar a experiência do PT e se armar contra as aventuras golpistas da direita é apenas o começo.É a tarefa do momento.



quinta-feira, 5 de novembro de 2015

NOTA DA FRENTE RESISTÊNCIA SOBRE A CONJUNTURA


A crise do capitalismo mundial chegou ao Brasil para tirar o sono de muitas famílias. Num cenário de recessão econômica, com altos índices de desemprego, juros vertiginosos, inflação galopante, um brutal aumento nas tarifas de energia elétrica e água, aumento da gasolina e do gás de cozinha, etc, o trabalhador ainda é penalizado por uma política de ajuste fiscal do governo petista, que ataca velhos direitos e enxuga o orçamento fazendo com que, em momentos de crise econômica, os diminuídos recursos sejam transferidos preferencialmente para os poderosos, sejam eles grandes capitalistas do campo e das cidades, banqueiros ou especuladores, em detrimento da classe trabalhadora.
 
Enquanto o povo trabalhador perde com as medidas de austeridade do governo Dilma, como as MP’s 664 e 665, os patrões são poupados com o PPE (programa de proteção ao emprego), que diminui os salários dos operários e não mexe em nada no lucro dos empresários. Foram cortadas verbas da saúde e da educação, áreas notadamente em crise, mas os bancos continuam batendo recordes de lucros e o pagamento de juros e amortizações da dívida pública é mantido religiosamente.
 
Apesar de todas essas práticas – contrárias ao prometido pelo PT durante a campanha presidencial de 2014 -, a oposição de direita é insaciável, e continua a pressionar Dilma mais e mais. Dilma ao invés de governar amparada por suas bases da CUT e dos movimentos sociais optou por fazer concessões à burguesia, na ilusão de assim conter o golpismo em marcha no pós-eleição. Porém, acossado pela chantagem do impeachment, em sua política de colaboração de classes, o PT tem cedido cada vez mais, entregando ministérios e contemplando picaretas como o “Chigago boy” Joaquim Levy na Fazenda, o indecoroso Kassab nas Cidades, a famigerada Kátia “Motosserra” Abreu na Agricultura e o pau mandado de Eduardo Cunha, o peemedebista Celso Pansera, na pasta de Ciência e Tecnologia. O mesmo Eduardo Cunha, presidente do velho balcão de negócios dos politiqueiros profissionais, a Câmara, em meio a denúncias de propina e contas secretas na Suíça, permanece no cargo, mediante barganhas e chantagens entre o governo e a oposição de direita.
 
Todavia, o que já é péssimo pode piorar ainda mais. Como dito, a oposição de direita quer ainda mais. Para as forças reacionárias do país, alinhadas com Washington e o imperialismo mundial, o ajuste implementado pelo governo do PT é tímido e lento, e, além disso, o PT ainda possui, ainda que cada vez mais tênues, laços históricos com o movimento operário e social. Por isso, farão tudo ao seu alcance para derrubar o governo petista ou inviabilizá-lo nas eleições de 2018, para que possam colocar um autêntico representante do capital, que possa, sem o menor pudor ou escrúpulo, implementar a agenda neoliberal em grau máximo.
 
Nós da Frente Resistência não podemos aceitar que o Partido dos Trabalhadores seja derrubado por forças muito mais à sua direita. Os trabalhadores precisam reassumir o protagonismo político no País, na luta contra os desmandos do Executivo e do Congresso; essa batalha, todavia, será enormemente mais árdua, difícil e sacrificante para a classe trabalhadora caso a oposição de direita tenha sucesso em derrubar o PT do poder. Portanto, combatemos o golpe, o que não significa, em momento algum, capitular à política do PT.
 
Assim, a Frente Resistência convoca organizações, movimentos sociais, partidos políticos, sindicatos, estudantes e forças de esquerda, democráticas e progressistas em geral, para se somarem a essa luta. Já passou da hora de construirmos uma frente de atuação na defesa de nossa classe. Convocamos, portanto, a FRENTE ANTI-GOLPISTA, ANTI-IMPERIALISTA e ANTI-FASCISTA, pela defesa intransigente de nossos direitos, pela revolução brasileira e pelo socialismo!