por Luiz Carlos de Oliveira
A eleição do direitista Mauricio Macri à presidência da
Argentina, no ultimo domingo, trouxe o fim de um ciclo de 12 anos dos
kirchineristas no poder. Beneficiado
pelo descontentamento popular com o governo de Cristina, Macri venceu por
estreita margem o candidato governista Daniel Scioli.
Na Venezuela, as pesquisas acerca das eleições parlamentares
do próximo mês apontam para vantagem dos opositores, e o país vive à beira de
uma convulsão social, com crises de abastecimento e uma polarização
violentíssima, com conflitos de rua, assassinatos encomendados, etc
A despeito de certa estabilidade em países
como Bolívia e Equador, também governados por forças de ``esquerda``, a
situação na região é bem mais auspiciosa para os direitistas, que também tem tudo para
retomar a presidência no Brasil em 2018, isso se não derrubarem Dilma antes por
força de golpe.
Concretizada essa tendência geral, quem perderia espaço e
influência no continente seria a China, que se vale dos imbróglios dos bolivarianos
com os Estados Unidos para ampliar seus mercados na região, especulando
inclusive a construção de uma mega ferrovia a cortar o continente do Atlântico
ao Pacifico, via que facilitaria o escoamento de commodities para a costa a fim
de embarcá-las para o Oriente.
Rússia e China são os únicos países do mundo que podem
aspirar a fazer frente ao imperialismo ianque. São potências que, por seu
passado de países operários, cumpriram tarefas de desenvolvimento que lhes
permitiram chegar ao status atual. Tem burguesias poderosíssimas e tendem a
expandir seus mercados de forma a monopolizarem o capital de diversos países ao
redor do mundo para, posteriormente, se elevarem à condição de economias
imperialistas.
A situação naquele pais é tão complexa, que, apesar de
acumular tantas tragédias, também é o país a abrigar a primeira revolução
socialista do século, no Curdistão sírio, liderada por anarquistas e com a
inaudita característica do feminismo em suas fileiras.
Outro ``país sintoma`` da polarização mundial é a Ucrânia,
com o surgimento de guerrilhas separatistas pró-Rússia logo após a subida ao
governo de fascistoides que forjaram as manifestações da praça Maidan,
movimento que aglutinou populares insatisfeitos com o então governo, aliado de
Putin.
Nos países acima citados, russos e americanos se confrontam
indiretamente.
O abatimento do caça russo na Turquia semana passada deixou
Putin irritadíssimo. O acontecido foi tido como deliberada provocação e pode
deslanchar em outras hostilidades.
Ou seja, pipocam conflitos mundo afora, o terrorismo do Isis
chega à Europa para resultar em maior acuamento a refugiados e minoria
islâmica, e a tendência é que tudo isso demore a apresentar desfecho. A história é muito dinâmica e as tendências da
economia, das lutas pelo poder e das subseqüentes guerras parecem não dar
sossego as nossas cabeças modernas.
Mas tudo o que temos assistido é conseqüência do modo de
produção capitalista. E o mundo só terá paz no dia em que esse sistema de
morte der lugar ao socialismo.
A conformação do poder pode se alterar por agora na
Argentina, na America do Sul e no mundo, mas as coisas só vão realmente mudar
no dia em que, em nível mundial, e isso é importantíssimo dizer, o poder sair
das mãos de uma meia dúzia qualquer para que os trabalhadores o exerçam com
soberania.
Cumpre dizer que eventuais zigue-zagues históricos, os avanços e os retrocessos nas lutas, os ascenços e recuos dos movimentos de massas, farão parte. A luta é assim. A vida é assim.