quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O CAMINHO DO IMPEACHMENT

                                                                                           POR MÁRIO MEDINA



O Brasil vai mesmo de mal a pior. Domingo foi a vez do PMDB levar a presidência da câmara e do senado. Temos o congresso mais conservador desde 64, com direito a bancada ruralista, bancada evangélica, bancada da bala, etc... E um novo presidente da câmara que é declaradamente contra a regulação da mídia e se posiciona a favor do financiamento privado de campanha.

Ou seja, o congresso mais reacionário de todos os tempos elegeu um legítimo representante da retrógrada elite brasileira, um sujeito que vai jogar pesado contra as poucas medidas progressistas que Dilma e o PT poderiam implementar.

Isso se Dilma continuar no poder, porque é bem capaz que esse mesmo congresso leve a cabo um processo de impeachment contra a mesma. Descontentes com o espaço perdido no primeiro escalão dessa gestão, os caciques peemedebistas mostram descontentamento suficiente pra isso. São capazes de qualquer coisa pelo poder.

Dilma tem dado os anéis pra não perder os dedos, distribuindo ministérios de grande envergadura aos mais legítimos representantes dos interesses das elites. Foi Kassab nas Cidades, Kátia Abreu na Agricultura, Joaquim Levy na fazenda, etc...

Difícil acomodar todo mundo. Tem uma fração considerável da burguesia e das oligarquias que está insatisfeita. O PSDB bancou a eleição de Eduardo Cunha no congresso. Dilma não foi capaz de sustentar sua base. A cpi da Petrobrás deve sair em pouco tempo, a despeito do próprio Cunha ter sido citado na operação Lava Jato da polícia federal.

O caminho para o impeachment começa a ser pavimentado. O imperialismo ianque queria Aécio, a grande mídia corporativa também, o sistema financeiro idem. Grande parte da classe média estava convencida de que deveria romper esperanças com o PT e aderir ao discurso meritocrático e tacanho dos tucanos.

Dizem que a direita está em crise... Ledo engano. A direita está nadando de braçadas. Quem está em crise é a esquerda. Existe uma tremenda crise de direção. O PT, que sucumbiu ao regime e agora serve de testa de ferro pras oligarquias e pra burguesia exportadora de comodities, é o mesmo PT que consegue ter uma tremenda base popular, com sindicalistas pelegos que manipulam as massas.

A esquerda revolucionária não tem encontrado espaço pra crescer. A duras penas alguns movimentos mais progressistas rompem parcialmente à esquerda. Mas com tanta maldade desferida por Dilma nos pacotes de austeridade, com cortes nos direitos trabalhistas, a muito custo esse governo teria base popular que o sustentasse diante dos golpes da direita.

O PT optou pela traição de classe para ser governo. Mas a elite brasileira só parcialmente e temporariamente optou pelo PT. Bom lembrar que o PT chegou ao governo depois de oito anos de privatizações. Só o PT servia para frear o ascenso das massas e dar fôlego à um sistema de desigualdades.

Dilma, agora, defende e banca o aumento dos juros, defende e banca o que chama de ''concessões'' nas rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Já rifou o pré-sal; empossou a chapa ministerial mais abjeta da história do novo período democrático brasileiro... Quero ver ela ter coragem de convocar o povo às ruas quando os imbecis do parlamento investirem mais fortemente contra ela...

Nenhum comentário:

Postar um comentário