quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Leon Trotsky / gravura cubo-futurista


Gravura cubo-futurista, sem assinatura, provavelmente de Annenkov, 1922. Mais infos: http://thecharnelhouse.org/2013/03/15/trotskiana/ 


Gravura cubo-futurista, sem assinatura, provavelmente de Annenkov, 1922.

A que ponto podem chegar os pelegos da direção da CUT...

Abaixo, trecho de matéria veiculada pelo portal G1. Segue o link da íntegra. 

 http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/11/centrais-sindicais-propoem-modelo-europeu-de-manutencao-do-emprego.html



25/11/2014 14h17 - Atualizado em 25/11/2014 14h40

Centrais sindicais propõem 'modelo europeu' de manutenção do emprego

Contrato de trabalho seria mantido com redução de jornada e salário.
Seria temporário, em momentos de crise, e aprovado em acordo coletivo.

 As principais centrais sindicais do país levaram ao governo proposta baseada em um "modelo europeu" de manutenção do emprego para momentos de crise financeira, informou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. Ele e representantes de outros sindicatos se reuniram com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcio Holland, nesta terça-feira (25) em Brasília.


Qual o caminho da luta?

Essa camarilha de pelegos, de sindicalistas vendidos, velhacos, instalada na direção dos maiores sindicatos e centrais sindicais do país, quer cortar ela mesma os direitos de nossa classe. Não bastassem os ataques desferidos pela patronal, por esse governo dos patrôes e dos rentistas, agora é a própria '' liderança dos trabalhadores '' que  sugere corte nos salários. Os salários em geral já são rebaixados, a inflação tem corroído o poder de compra dos trabalhadores, etc, e ainda chega uma meia dúzia de picaretas que vive de ludibriar a base das categorias pra sugerir um disparate desses.
Esses pelegos desgraçados tem de ser varridos dos sindicatos, tem de ser atropelados pela base!

* Defendemos conselhos de base, conselhos deliberativos, radicalmente democráticos!
* Defendemos a redução da jornada sem redução dos salários!
* Trabalhemos menos para que todos tenhamos emprego e renda!
* Ninguém fica pra trás!
* Sem arrego!
* Ocupar as fábricas na luta contra as demissões!

Nenhum direito deve ser negociado! É a qualidade de vida dos trabalhadores que está em jogo. Redução dos salários implica em redução da qualidade de vida da nossa classe. O que pode ser reduzido é o lucro do patrão. Aliás, quem disse que não podemos viver sem patrões?

EUA: FERGUSON FORA DE CONTROLE


Os motins, em Ferguson e outras cidades, nos Estados Unidos, romperam abruptamente o pacto social obtido após dois séculos e meio de lutas por mais igualdade e oportunidade. A explosão social contra o racismo jogou por terra o mito de que a eleição do primeiro presidente negro na história do país significaria uma nova era de tolerância para com a população afro-americana.
A revolta , embora tenham sido menos violenta, na noite desta terça-feira(25), não dá sinais de arrefecimento; as autoridades fortalecem seu aparato de segurança, e a mídia em busca de justificativa tenta reduzir uma histórica explosão social em um tipo de performance encenada (pela direita?). Desde que souberam que Darren Wilson, o oficial branco, não seria condenado, as autoridades começaram os preparativos para enfrentar caos, como se fossem para uma guerra.
Tornou-se comum, há muito tempo, comunidades negras em todo o país protestarem contra tiroteios policiais que atingem negros desarmados. Mas, desta vez, a revolta e a frustração se tornaram violentas porque o sentimento de privação de direitos se tornou insuportável. Nos Estados Unidos, como no Brasil os negros (principalmente os rapazes) são os que mais sofrem com o desemprego ou subemprego, não podem relaxar, não podem colocar os pés nas ruas sem serem ameaçados.
Não estão sendo em vão os protestos. A cidade decidiu criar um conselho cidadão para monitorar seu departamento de polícia, e a Câmara Municipal decidiu acabar com um sistema em que as multas judiciais são utilizadas para financiar uma parte significativa do orçamento de Ferguson.
Enquanto a direita vê tudo como um Carnaval sem sentido, alguns teóricos de esquerda vêm nessas batalhas de rua uma revolta contra o endividamento estudantil, o desemprego e um sentimento crescente de que a promessa americana de mobilidade social foi quebrada. Há analistas que avaliam que as mídias sociais tiveram um papel importante nos protestos.
Em décadas anteriores, argumentos sobre tiroteios policiais consistiriam em debate entre a versão oficial da polícia e a palavra de uma ou duas testemunhas. Agora, toda a nação pôde ver o tiroteio, o rescaldo, o inquérito, corpo de Brown na rua, trabalhadores da construção civil horrorizados após o tiroteio, a dor de uma mãe. A onipresença de vídeos, câmeras de vigilância, celulares e smartphones está protagonizando uma importante mudança de poder nas ruas.

Fontes: W.Post - N.Y Time

domingo, 23 de novembro de 2014

Saco cheio da Rede Globo!!!

                                                                                   por Maria Gabriela Saldanha

Saco cheio da Rede Globo. Quero saber quando a gente vai começar a ser mais tiro, porrada e bomba nesse sentido. É muito pouco o que a gente tem feito contra os crimes históricos dos Marinho e contra a violência diária que nos impõem por meio da sua programação. Depois dessa entrevista da Mãe do DG mostrando a forma desrespeitosa e agressiva como foi tratada e dizendo que a Regina Casé chegou a escrever que nunca quis fazer programa de pobre, que foi vontade do Boninho, eu quero saber quem mais tem coragem de defender o Miguel Falabella, o Zorra Total e outras máquinas globais de estereótipos populares. Como se a condução de certos temas pela mídia fosse no máximo um acidente, margem de erro natural ladeando as boas intenções.
Nada é sem querer, é tudo projeto. O Esquenta é um programa que tem a proposta de caricaturar a pobreza pra não permitir que as camadas populares digam quem são; o Jornal Nacional quer exercer essa mesma lógica de representatividade, mas com o Brasil; as novelas criam falsas polêmicas com diversidade sexual para limpar sua heteronormatividade; o BBB parou de chamar pessoas pobres ou fora dos padrões de beleza porque a vitória delas já seria óbvia e ajudava o público a acreditar em vida fora de um universo elitizado; o Amor e Sexo simula alguma liberdade sexual dentro de uma estrutura conservadora, consumista e sexista; o jornalismo pseudo-investigativo do Fantástico dá legitimidade à abordagem tendenciosa dos temas da semana; o Vídeo Show te faz acreditar que os bastidores também têm glamour; a Ana Maria Braga e a Fátima Bernardes têm a missão de manter as famílias e o olhar feminino em seus devidos lugares de despretensão e desmobilização política...
2015 está aí e acho que a pauta das ruas precisa considerar com carinho mais ações diretas contra a emissora. Porque se as redes sociais como nova mídia e ágora garantem o espaço de denúncia, é preciso fazer alguma coisa concreta com isso.
Texto extraído da timeline do facebook da autora

terça-feira, 18 de novembro de 2014

OS TRABALHADORES DEVEM ESCOLHER COM QUAL IMPERIALISMO SE ALIAR?

                                                                          por Beth Monteiro

Enquanto não houver uma revolução socialista mundial, o imperialismo será uma realidade com a qual devemos saber lidar.
Aquelas manifestações por liberdades democráticas em 2011, na Síria, teriam, com certeza, conquistado pelo menos uma parte do que reivindicavam: mais democracia e melhores condições de vida, fim das privatizações e contra a adaptação da Síria ao neoliberalismo, exigido pelo imperialismo.

Para o povo sírio, não importava se com Assad ou sem Assad. Ele lutava por direitos e liberdade. Mas, “do nada”, apareceram grupos armados e franco atiradores.
Imagine se no Brasil, na campanha das “Diretas Já,” aparecessem franco atiradores e vários grupos armados... Certamente haveria um retrocesso.
Qualquer pessoa, minimamente informada sobre as questões do Oriente Médio, sabe que a Síria, o Egito, o Iraque e a Líbia estiveram, durante a década de 1960 / 70, e parte na década de 1980, sob influência da União Soviética. Por isto estatizaram os setores estratégicos da economia, fizeram a reforma agrária etc. Mas permaneceram como Estados capitalistas. Talvez, um tipo de capitalismo de Estado. Mesmo assim, capitalistas.
O fim da União Soviética mudou tudo. O Iraque , a Líbia e a Síria ficaram numa espécie de limbo: nem capitalismo de Estado, nem neoliberalismo. A partir do ano 2000, quando Putin assume o poder na Rússia, as coisas começaram a mudar.
Putin não é comunista. Nada disso. Mas tem pretensões de, junto com os BRICS, resistir à hegemonia norte-americana / União Europeia.
Trata-se de uma coisa simples de se entender, mas que, infelizmente, muitos preferem complicar por necessidade de adaptar a realidade as suas análises toscas.
Enquanto houver capitalismo, haverá disputa entre as potências econômicas ou bélicas. Ignorar isto, como forma de não optar entre uma ou outra, significa suicídio. É preciso avaliar se taticamente seria melhor para a classe trabalhadora fazer, nesta disputa, uma unidade de ação, sem capitulações e ilusões, com o imperialismo existente (EUA/UE) ou com os países que estão na vanguarda da resistência (Rússia e China).
Se no futuro e caso saiam vencedores, os BRICS se transformarem em outro imperialismo tão cruel como atual, é outra história. Uma coisa de cada vez.


O QUE É UM ESTADO; E POR QUE É TÃO DIFÍCIL DESTRUÍ-LO?

                                                                        por Beth Monteiro

De uma forma muito simplificada, podemos dizer que Marx definiu Estado como o braço armado da classe dominante. No caso do capitalismo: o Estado defende de forma violenta os interesses da burguesia. Este tipo de Estado é odiado pelos trabalhadores que lutam por direitos, pois em qualquer mobilização, greve ou manifestação (muitas vezes garantidas em lei) sentem na própria pele a mão pesada do Estado capitalista, através da brutal repressão e violência de sua polícia, ou exército.
Para enfrentar o Estado burguês e conquistar uma sociedade justa e igualitária, os trabalhadores, as massas pauperizadas e seus aliados, em muitas ocasiões, tiveram que se armar. Foi o que aconteceu na Rússia, em 1917, na China, em 1949, na Iugoslávia, onde, em 1943, liderados por Jossip Broz “Tito”, os Partisans armados proclamaram o governo da Iugoslávia socialista.
Todos estes revolucionários estavam armados, assim como estavam armados os anarquistas que implementaram a autogestão em várias comunidades durante a Guerra Civil espanhola.
Quando um grupo está armado, seja para autodefesa ou para o ataque, o Estado está presente. É o que acontece em Kobane, onde os anarquistas do YPG não querem nem pensar em disputar o Estado sírio, mas que, na prática, construíram seu pequeno Estado autogestionário, mesmo que não assumam isto. Estado significa um setor armado que se impõe sobre a própria população e em defesa de seu território.
Se os libertários pretendem enfrentar os exércitos burgueses com flores, ou quebrando algumas vidraças e incendiando ônibus , acreditando que a burguesia entregará gentilmente o poder a uma multidão mobilizada, que façam esta experiência e depois a avaliem.
Não basta mudar a nomenclatura, substituindo a palavra Estado por Luta Armada ou Ação Direta, porque significam a mesma coisa. Para construir o Socialismo só há um caminho: derrotar o Estado capitalista substituindo-o pelo Estado Socialista que, após a consolidação da planificação econômica, deverá ir perdendo paulatinamente a sua força, definhando- até que seja absolutamente desnecessário com a chegada do comunismo.

Descurtir

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

NEM TODO GOLPE É MILITAR


                                                                        por Beth Monteiro

Desde o início do governo do PT ( Frente Popular) existe esta disputa com o PSDB incentivando a desestabilização do governo petista; para isto, conta com a ajuda das organizações Globo, da Revista Veja e de toda a chamada grande imprensa corporativa burguesa.
Ao que tudo indica, desta vez a paciência deles, com a não alternância de poder, chegou ao limite, com vários grupos da classe média de direita e figuras de extrema direita tentando reverberar esta insatisfação, chamando um golpe militar, o que acabou resultando num recuo do próprio PSDB e aliados que sempre se colocaram como defensores da democracia burguesa.
A oposição de direita à Frente Popular seguirá com sua campanha de sempre: buscar enredar a presidente Dilma em um escândalo de corrupção para armarem um impeachment ao estilo “Fora Collor” com direito a caras pintadas e tudo o mais. Aliás, os republicanos tentaram isto pelo menos umas três vezes contra o presidente Obama, do partido Democrata.
O golpe parlamentar de direita, ocorrido em junho de 2012, no Paraguai , que depôs o presidente Fernando Lugo, através de um impeachment, foi gestado em silêncio, a tal ponto que nem os partidos de esquerda pressentiram que isto iria acontecer.
Não obstante, existiram alguns elementos conjunturais, no Paraguai, que não estão presentes na atual situação brasileira: a intensificação da luta dos camponeses por acesso à terra; o aperto contra a utilização de sementes transgênicas, o que despertou a ira da Monsanto; a taxação à exportação de commodities; proibição da pulverização de agrotóxicos por aviões; a tentativa de realização da reforma agrária como forma de reduzir a escandalosa concentração de terras (82% da terra nas mãos de 2% da população); a proposta de retorno da Venezuela ao Mercosul e a exigência de mais democracia participativa, por parte da população.
Como Dilma não está fazendo nada pela Reforma Agrária, não se opõe ao uso indiscriminado de agrotóxicos e sementes transgênicas, não está propondo maiores taxações para a exportação das commodities, enfim não toma nenhuma medida que possa minimamente diminuir o lucro dos bancos e transnacionais, resta à oposição de direita continuar com sua eterna ladainha: denúncia de corrupção e construção de escândalos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

CURDISTÃO: VITÓRIA À GUERRA DE RESISTÊNCIA!


Texto traduzido por A NOVA DEMOCRACIA

Vitória à heroica guerra de resistência do povo curdo em Kobani contra o Estado Islâmico!


Declaração do Birô Político do Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML) publicada em 10 de outubro de 2014.





As potências imperialistas do USA, Reino Unido e França promoveram, alimentaram e armaram grupos reacionários como a Frente Al Nusra e o EI (Estado Islâmico) afim de combaterem o regime de Assad em seu nome. Só quando se deram conta de que estes grupos não eram capazes de derrotar o regime de Assad, começaram a distanciar-se deles, até que seus interesses no Iraque se viram ameaçados. Agora querem ser vistos como opostos ao EI.

O imperialismo norte-americano criou a Al-Qaeda para combater os russos no Afeganistão, mas quando a Al-Qaeda entrou em contradição com os interesses estadunidenses, eles se voltaram contra. Após a captura de Mosul, no Iraque, pelo EI, compreendendo que sua dominação imperialista se via ameaçada pelo EI, agora, através da Otan, iniciaram uma coalizão internacional contra o EI. A única razão pela qual o Estado turco não queria fazer parte da coalizão internacional se deve a suas estreitas relações com o EI. O mundo inteiro deve saber que a resolução aprovada em 2 de outubro pela Grande Assembleia Nacional Turca não vai contra o EI.

Esta resolução oficial que permite aos soldados turcos ser enviados à Síria e Iraque está, de fato, dirigida contra o povo curdo em Kobani e Rojava (seção da pátria curda na Síria) que declarou a autonomia na região. A resolução oficial permite ao Estado turco criar um bloqueio na fronteira da Síria e declarar uma zona de exclusão aérea. A resolução põe em ênfase, ademais, que na Síria o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) representa uma séria ameaça, demonstrando claramente o principal objetivo da resolução e as intenções do Estado turco.

O Estado fascista turco tem fomentando os ataques do EI contra Rojava desde 2011. Tem apoiado e fortalecido o EI armando-lhe e sustentando-lhe. Desde que começou seu mais brutal ataque sobre Kobani, o Estado turco tem aumentado seu apoio ao EI. Os funcionários têm confirmado que combatentes feridos do EI tem sido transferidos e tratados em hospitais em Adana e Gaziantep, na Turquia. O Estado turco abriu suas fronteiras ao EI com o fim de que suas forças possam entrar e sair do país com facilidade. Isto se tem visto na Turquia em numerosas ocasiões em transmissões na televisão.

O Estado turco é o padrinho do EI. O Estado turco tem atacado continuamente o povo curdo que trata de ajudar ao povo de Kobani cercado e rodeado pelo EI. Especialmente em Suruc, onde muitos curdos se concentraram durante dias, o exército turco lançou ataques contra as concentrações de curdos usando gás lacrimogêneo e projéteis reais com o objetivo de impedir que qualquer ajuda chegue a Kobani. Por um lado, o Estado turco está anunciando que se encontra em conversações de paz com o PKK, mas por outro lado, quando vê a oportunidade, o declara seu inimigo e o ataca. O Estado turco tem duas caras e continua considerando o povo curdo como seu inimigo.

O povo de Kobani não está só. Não necessita da ajuda das potências imperialistas. Não necessita das armas dos imperialistas. Os combatentes das YPG (“Yekîneyên Parastina Gel” – Unidades de Defesa Popular) e as YPG (Unidades Femininas Especiais das YPG) estão mostrando uma heróica resistência. Sua força é resultado do sólido apoio e recursos proporcionados por seu povo e seus camaradas. Chamamos a todos os povos amantes da liberdade em todas as partes a apoiar e estender a solidariedade com a resistência popular contra o EI em Kobani. Nos unimos em apoio do povo de Kobani e não os deixaremos só. As armas e o armamento pesado nas mãos dos criminosos bandos do EI não significam nada frente à heróica resistência dos combatentes de Kobani. A resoluta e heróica resistência do povo curdo transformará Kobani na tumba do EI. O Estado turco não pode impedí-lo.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Delírios fascistoides

                                                                     por Beth Monteiro

ERA SÓ O QUE FALTAVA. Não se pode mais criticar o governo Dilma e o aprofundamento de sua política que só beneficia os banqueiros porque isto passou a significar uma “aliança espúria” com os patéticos coronéis Telhadas, Bolsonaros e Cia. Com esta atitude, petistas mais impressionistas, iludidos ou adaptados tentam calar a voz da oposição de esquerda.
Desde que o PT chegou ao governo, existe um setor da burguesia que não digeriu muito bem isto, pois, com sua paranoia, não conseguiu, depois de 12 anos, aceitar que o PT esteve e está ao lado dele como ferrenho guardião de seus lucros, em detrimento dos trabalhadores, dos pobres e oprimidos. E se mais não fez para agradar seus patrões foi porque a crise do capitalismo e a resistência dos trabalhadores não permitiram.
Hoje, uma parte da burguesia está profundamente ligada ao capital estrangeiro como sócia menor, capacho do imperialismo. Para sobreviver, à sombra das transnacionais, das oligarquias predadoras, se bate por maior entreguismo e submissão como forma de garantir suas migalhas. Outra parte da burguesia brasileira, conforme dados divulgados Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras, estão entre os maiores investidores mundiais, implantadas em diversos países, principalmente na América Latina e Estados Unidos. Este setor, de um modo geral, está satisfeito com a gerência da Frente Popular.
Portanto, não é a burguesia que está nos cascos com o governo Dilma, embora haja disputas. Quem está de fato histérica é a classe média. Mas aquela bem média mesmo; a que está no topo, a classe média rica, vai muito bem obrigada (por enquanto).
Como os trabalhadores resistem aos ataques e os mais pobres são atendidos por programas sociais, a barra pesou para a classe média remediada que, não vendo uma alternativa na oposição de esquerda , ou em algum tipo de organização forte na qual pudesse confiar, se jogou nos braços da direita.
O fascismo, no Brasil, ainda não existe de forma unitária: são grupos fragmentados que surgem desconectados uns dos outros, sem um projeto que os unifique, a não ser ficarem gritando ao vento barbaridades contra Cuba e Venezuela, como se estes países estivessem impondo algum tipo de política, ou tendo qualquer influência no governo do PT.
Outros grupos histéricos, profundamente doentes, ou que se sentem desamparados aderem às seitas evangélicas de tendência fascista, e jogam a culpa de suas desgraças em cima do movimento LGBT e outras minorias oprimidas que lutam em defesa dos direitos civis e humanos.
Em alguns países do Leste e Centro da Europa, a confusão é a mesma. Ao aplicar a troika, os governos despertaram a raiva das massas que protestam sem parar, enquanto alguns setores gritam impropérios contra a Rússia que não têm nada a ver com os planos de ajustes da UE.
A realidade não é estática. Tudo está em constante mudança. Nada impede que manifestações isoladas não possam se transformar em um movimento amplo de cunho fascista.
Importante ficar atento, mas sem impressionismos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Buscar unidade e seguir lutando!

                                                                                          por Mário Medina
A opinião predominante nas correntes da esquerda é de que a participação / intervenção no processo eleitoral burguês foi vitoriosa. Curioso notar que os maoistas, por exemplo, superestimam os já habituais 30% de nulos, brancos e abstencções, pintando um cenário de extremo descontentamento das massas trabalhadoras, o que é certo, mas apontando o voto nulo como expressão de uma maior tomada de consciência dos trabalhadores, argumento largamente usado para ratificar seu posicionamento pró- voto nulo. Ou seja, o argumento tacanho vem em defesa de uma política que até respeitamos como expressão legítima de uma corrente de pensamento que tem suas convicções, mas que não nos furtamos de apontar como sendo equivocada.
Ora, se o povo estivesse assim tão consciente do caráter de classe, teria ido às urnas pra votar no Psol, no PSTU, no PCB; elegeria uma robusta bancada da esquerda radical, levaria ao segundo turno nossos candidatos aos cargos majoritários, etc. Aliás, se o povo estivesse assim tão consciente, estaríamos às portas da revolução brasileira. Mas, pelo contrário, vivemos uma conjuntura de consciência atrasada. Vejam que a bancada evangélica cresceu, a bancada ruralista cresceu, as bancadas da bala estão em plena ascenso, a bancada do PT, a mais progressista dentre as maiores bancadas, diminuiu.
Desde sempre o marxismo leninismo revolucionário defendeu a intervencao dos comunistas revolucionários nas instâncias da democracia burguesa. Nao como estratégia de tomada do poder por via democrática-eleitoral, mas como uma tribuna a ser usada para disseminar ideias e apontar as contradicções do regime.
Os companheiros maoistas, por exemplo, tomaram a liberdade de revisionar esse pressuposto leninista de intervenção. Eles tem todo o direito de fazer o que bem entendem, mas nós temos o direito de fazer a crítica e alertar a classe trabalhadora dos motivos pelos quais participamos no processo eleitoral, muito embora sempre pontuemos suas limitações e apontemos para alternativas revolucionárias no processo de tomada do poder.
A esquerda centrista e revisionista que participa das eleicoes com seus partidos e candidatos, por outro lado, pinta um cenário de vitória moral, por assim dizer, ressaltando a heroica intervencao de uma esquerda que faz campanha sem ter dinheiro ou aparatos, que não se vende aos financiamentos capitalistas, etc, o que é verdade; mas nao tem a grandeza moral de tecer auto-críticas e assumir derrotas.
Esse discurso da vitória é velho conhecido dos militantes sociais. Toda vez que alguma coisa nao dá muito certo, sempre aparece uma meia dúzia de dirigentes dizendo à sua base coisas como: `` Foi uma vitória, companheiros. Saimos dessa luta sabendo que fizemos o que estava ao nosso alcance. A mobilizacao já é uma vitória, etc, etc``.
Não estamos dizendo que a mobilizacao nao é uma vitória. Evidente que se mobilizar é muito bom. E com tanta repressão do estado, com tantas dificuldades que surgem em meio a processos de luta, etc. Mas tem muita gente fazendo tábula rasa das lutas sociais com esse discurso. E isso é desonestidade intelectual. Amenizar a complexidade dos processos históricos de luta para reduzí-los a um discurso pasteurizado é subestimar a base social a que se fala, é se blindar de crítica, é se furtar de uma discussão extremamente necessária para um salto qualitativo da organização dos trabalhadores.
A RPR sauda os valorosos militantes da esquerda revolucionária, mas não a troco da ocultacao de questões que nos soam mais pertinentes do que nunca. Fizemos o que podíamos ter feito para colocar nossas candidaturas na rua? Certamente. Fizemos o diálogo com as massas, apresentamos uma plataforma política de transição ao socialismo? Certamente. Mas isso não é tudo. Não é só de eleicao que vivem os partidos de esquerda. E é nisso que nos distinguimos dos velhos partidos da ordem. Nossos partidos não são meras legendas pra nos dar o direito de lançar candidatos e eleger parlamentares. Nossos partidos são instrumentos de organizacção das lutas.
E se não tivéssemos o registro no TSE, se ainda estivéssemos na clandestinidade? Nossas organizações não podem ser legendas para coadunar com o cretinismo parlamentar, mas tem que ser espaço dos trabalhadores, dos estudantes, da juventude das periferias. Tem que ser espaço dos sindicalistas, das lutas salariais, das lutas por direitos; lugar de articular greves e manifestações, lugar de conspirar contra o poder do capital. Em suma, as organizacoes revolucionárias só tem razão de existir se estiverem comprometidas com a revolução social.
O Psol rachou no segundo turno e nao foi capaz de apontar uma alternativa para sua base social. A esquerda rachou, com ligeira vantagem numérica da opcão pelo voto nulo sobre a opcão pelo voto crítico em Dilma. A questao aqui é delicada. A base ficou dividida entre as deliberacoes de voto nulo da maioria das direcções e o medo da volta dos tucanos. Mas uma hora o PT vai sair do poder. Tudo o que discutimos agora será retomado em breve, até porque Dilma corre o risco de não chegar ao fim do mandato, e vamos nos deparar outras vezes entre o ruim e o menos pior, entre os ataques desferidos pela frente popular do PT e a iminente volta da direita tradicional.
Mas esse não é ponto central. Tudo isso é circunstancial e as divergências táticas fazem parte da diversidade política que existe na esquerda brasileira. O ponto central é saber como lidar com a necessidade de construir uma alternativa revolucionária no país, independentemente da conjuntura política que estará posta. Essa alternativa passa pela unidade da esquerda. Existe um sem número de partidos e correntes, mas também existe mais de uma dezena de centrais sindicais, existe uma gama imensa de movimentos sociais, e existe uma desarticulação que impede o avanço geral da classe e dos oprimidos.
O levante de Junho de 2013 foi um sopro de esperanca, mas não avançou por falta de uma direção. A esquerda, mais organizada, talvez fosse capaz de liderar uma sublevação popular contundente, com greves gerais, ganhos efetivos.
Muitas propostas foram colocadas, e devem ser ponderadas com seriedade e maturidade. Mas um fórum unificado das Jornadas de Junho nos parece imprescindível, pra nao perder o folego das revoltas populares, pra continuar nas ruas e preparar a classe e sua vanguarda para as lutas do próximo período. As oportunidades históricas não podem nos escapar por entre os dedos. Está na hora de superar egos e sectarismos!