sexta-feira, 26 de junho de 2015

Brigas pelo poder...

                                                                                     por Mário Medina

A popularidade de Dilma cai cada vez mais. E não poderia deixar de ser assim. Pressionada pelo fantasma do impeachment, Dilma se entregou totalmente aos achaques peemedebistas. Entregou de bandeja a articulação política ao vice Michel Temer e promete não tardar em ceder emendas parlamentares aos sanguessugas do congresso.

O interesse dos golpistas era derrubar Dilma pra abrir ainda mais espaço à direita na gestão presidencial. Mas Dilma aceitou endireitar em troca de continuar presidente. Por isso o golpe foi protelado. Tudo indica que a estratégia da direita agora é sangrar o PT e sua imagem com os trabalhadores para, em 2018, vencer o PT nas urnas.

Mesmo assim resta um impasse aos direitosos, a saber, se livrar do espectro populista de Lula. Curioso que Lula começa a criticar a gestão dilmista com o intuito de se descolar de sua impopularidade e pavimentar seu retorno em 2018, a despeito da política entreguista e reacionária das sucessivas gestões petistas.

Ora, de qual expediente a direita se valera então? Do expediente judicial. A tática agora é criminalizar Luis Inácio. O ministério público e a polícia federal já parecem bem próximos de colocar as mãos em Lula. Marcelo Odebrecht, o filho, caiu semana passada. Odebrecht pai se ressentiu e afirmou que se o filho ficasse detido, teriam que construir três novas celas: uma pra ele, uma pra Lula e uma pra Dilma.

O cerco está fechando pro lado de Lula. A policia federal é bem capaz de pegá-lo. A essa altura do campeonato só os petistas mais ingênuos podem acreditar na lisura de caráter do ex-presidente. Lula dá indícios de estar morrendo de medo e reclama aos mais íntimos de estar vulnerável às investidas da justiça agora que não conta mais com foro privilegiado.

Pra usar um português bem claro: Lula está encrencado! Se for preso e indiciado por corrupção, terá que dar adeus à credibilidade política com suas bases e à possibilidade de um terceiro mandato em 2018. Conforme o tempo passa, as possibilidades de uma reviravolta petista vão se esgotando, e a volta da direita tradicional à presidência fica cada vez mais provável.

Toda essa movimentação política, acompanhada de um notório avanço conservador da opinião pública, leia-se grande mídia e classe media alta reacionária, prejudica em muito os interesses dos mais pobres.

Por exemplo, as investidas da direita contra Dilma fizeram com que esta se apressasse em lançar mão de uma agenda abertamente neoliberal, de ajuste fiscal e austeridades, cortando direitos trabalhistas e tirando verba de setores essenciais do serviço público.

Não quero dizer que Dilma não tenha culpa, que só fez tudo isso por estar pressionada. Não é esse o caso. Há treze anos que o PT vem implementando políticas antipopulares. Mas há setores da burguesia que desejam um governo ainda mais a direita, e Dilma e o PT estão se ajustando a essa demanda da elite. Caso contrário, haveria impeachment. Ou seja, Dilma e o PT estão abrindo concessões à direita para permanecer no poder.

Outra questão. Dilma se posicionou contra o aumento da maioridade penal. Será que Aécio como presidente seria contrario a PEC 171, tão propalada pelos congressistas picaretas liderados por Eduardo Cunha? Ou, será que outro presidente ameaçaria vetar a PL 4330, que regulamenta a terceirização?

Não ha duvidas de que o PT hoje seja um partido de direita, ou centro-direita. Mas devemos ser honestos e apontar diferenças entre uma direita e outra, entre PT-PP-PL, etc... e PSDB-DEM-PPS. Ambas coligações defendem interesses de poderosos, mas devemos dizer que a burguesia não é um monobloco. Há distintas frações, com interesses variados. Lula mesmo subiu ao poder apadrinhado por José Alencar, representante  de capitalistas brasileiros que desejavam mais espaço e benesses, em contraposição aos sucessivos governos mais alinhados ao capital financeiro.

Mais uma vez: não há dúvida de que quem mais sofre com tudo isso seja o povo pobre. O país mergulha na recessão e o desemprego chega a níveis alarmantes, 8,5%, bem como a inflação, que tem tudo pra chegar aos 9%.

A depender da velha direita e do PT, tudo continuará a mesmíssima coisa. Enquanto eles travam batalha por postos no alto- escalão da república, os trabalhadores perdem poder de compra, pagam quantias absurdas de energia elétrica e impostos e se vêem sem alternativa diante da precariedade dos serviços públicos.

O momento pede radicalidade. A classe trabalhadora e os sindicatos precisam lançar mão de greves gerais que sacudam esse país. Não podemos depositar nenhuma esperança no degenerado PT.  Que a crise do PT nos sirva de lição e exemplo, para recusarmos as soluções reformistas, as alianças espúrias, o messianismo político cego e acrítico. Para revolucionar esse país necessitamos romper com os velhos vícios da pelegagem e vislumbrar o poder popular.

domingo, 14 de junho de 2015

Queremos vida digna!!!


                                                                       por Luís Carlos de Oliveira

A situação da economia brasileira vai de mal a pior. O desemprego já está na casa dos 8%; os juros seguem subindo, já na casa dos 13,75% rumo aos 14; a inflação está a galope, em 8%, superando bastante o teto da meta do governo. Os dados são alarmantes.

Todo esse cenário de recessão é temerário à classe trabalhadora e a prejudica em muito. A crise chegou em terras tupiniquins e quem paga o preço é o lado mais frágil da luta de classes, a camada trabalhadora e mais pobre da população.

cidadão no Brasil trabalha a vida toda, se esfola de pagar tributos ao governo; é sugado pelos juros escorchantes dos banqueiros e quase nunca morre em paz, numa situação econômica estável ou minimamente confortável.

Os aluguéis estão caríssimos; em muitas famílias mais de um de um membro se encontra desempregado, de modo que os orçamentos familiares muitas vezes não são suficientes para cobrir todos os gastos. Ainda tem gente passando fome no Brasil. E, por mais que o governo jure de pé junto que não, é essa a dura realidade nos bairros pobres das grandes cidades, nas favelas, no sertão e no interior do país.

Em meio a essa situação, não nos rendemos à conversa mole dos governistas que querem justificar o injustificável. Não podemos! Exigimos salário decente e trabalho pra todos. Exigimos o fim do pagamento da dívida; exigimos a imediata implementação do imposto progressivo!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Pela reunificação do movimento sindical de esquerda brasileiro, em defesa dos direitos e contra a direita! FRENTE COMUNISTA DOS TRABALHADORES

POSIÇÃO SINDICAL DA FCT


A ameaça da terceirização da atividade fim, um dos maiores ataques aos direitos trabalhistas e sindicais no Brasil das últimas sete décadas, provocou um reaquecimento do movimento operário e sindical. Essa aquecida obrigou a ofensiva patronal a se reorientar, mas a mobilização atual é ainda insuficiente para derrotar o ataque. Por sua vez, as direções burocráticas impediram o avanço da luta consequente em defesa dos diretos como se notou pela passividade cúmplice das direções da CUT e CTB na aprovação das MPs 664 e 665. As demais centrais menores (reconhecidas ou não pelo Estado) também não fizeram nada. Mas, a responsabilidade de cada uma das centrais deve ser cobrada de acordo com a respectiva representatividade.

NOVAS CENTRAIS, DIVISÃO, DERROTAS,
MAIS BUROCRATAS E O CAPITALISMO SINDICAL

A partir da industrialização da década de 1930, para controlar uma massa crescente de operários, o sindicalismo brasileiro foi estatizado. A ditadura empresarial-militar promoveu uma nova onda de industrialização e se viu obrigada a estatizar por completo os sindicatos. Foi o período de maior peso do operariado industrial dentro da classe trabalhadora. As greves metalúrgicas que deram origem ao PT e a CUT marcaram o auge da luta contra a ditadura, os patrões e o peleguismo. Ao assumir o governo do país, pouco mais do que três décadas de sua criação, o PT promoveu a divisão do movimento sindical para melhor governá-lo, uma nova reestatização do movimento sindical, estimulando o peleguismo cutista e sobretudo, através da aposentadoria privada, potencializou o capitalismo sindical, através da participação das burocracias na gerência dos fundos de pensão.

Os sindicatos também continuaram crescendo em número (em média, 250 por ano), mas ainda representando uma minoria da classe trabalhadora brasileira. 16 milhões de trabalhadores, 17,2%, (PNAD/IBGE 2011), ou seja, apenas as camadas mais qualificadas e bem pagas. Isso significa que mais de 80% dos trabalhadores, entre os quais dezenas de milhões de informais e precarizados, não possuem qualquer organização sindical.

A atual divisão do movimento operário e sindical brasileiro só tem favorecido aos patrões e a proliferação de uma burocracia sindical não só associada ao Estado, governos e patrões em geral, mas, através dos fundos de pensão (Funcesp, Previ, Petros, Funcef, Postalis), ao capital financeiro. Daí, os interesses da camada superior da burocracia se identificarem com a política neoliberal de privatizações, terceirização, assédio moral para a venda de produtos previdenciários, etc. A luta contra o aburguesamento da burocracia sindical passa pela reestatização completa da Previdência, expropriando o capital financeiro e seus fundos de pensão, pela previdência social controlada pelos previdenciários e usuários (trabalhadores da ativa e aposentados), sobre a base da mais ampla democracia operária.

PARTIDOS SINDICALISTAS E
CENTRAIS DIVIDIDAS POR PARTIDOS

A organização sindical, os sindicatos e as centrais que os agrupam, são organizações da massa trabalhadora, seu caráter deve ser o mais amplo possível (1). Inversamente, a organização partidária deve compreender somente uma parcela da vanguarda que concorda com um determinado programa. Mas, no Brasil, cada central pertence a um partido ou corresponde a um programa – (CUT-PT, Força Sindical-PDT, UGT-PSDB, CTB-PCdoB, Intersindical-PSOL, Intersindical-ASS, NCST-PMDB, Conlutas-PSTU...). Deste modo, os partidos e seus programas são sindicalistas, comprometendo a organização da luta pela conquista do poder político pela classe trabalhadora, e as centrais são partidarizadas, dividindo a classe, subtraindo sua força coletiva.

Sendo assim, além de serem subordinadas e financiadas pelo Estado, através do imposto sindical (2) e de mecanismos como o Fundo de Amparo ao Trabalhador, a divisão burocrática e partidarizada é outro obstáculo imposto pelos patrões e seus agentes no interior do movimento, as burocracias, contra a unidade na luta imediata dos trabalhadores e também contra a clarificação de seus objetivos estratégicos. A luta imediata é dividida e a estratégica não existe. Uma fórmula ideal para que os explorados não conheçam sua própria força, não se eduquem na escola da luta de classes, como Lenin chamava os sindicatos, e não tenham objetivos mais amplos nos enfrentamentos contra os patrões. Defendemos a participação ativa e aberta dos partidos nas disputas sindicais, mas através da frente única operária, classe contra classe, sem que o sectarismo divida o nosso exército em favor dos patrões.

Nenhuma das rupturas da CUT (CTB, CSP-Conlutas, Intersindical-PSOL, Intersindical-ASS) conseguiu superar os desvios burocráticos da matriz. Prova disto são os acordos escravocratas e as derrotas históricas realizados pelas “novas centrais” como o que a CSP-Conlutas realizou com a multinacional GM em 2013, que aumentou a jornada de trabalho, reduziu os salários e permitiu a demissão de centenas de operários pais de família.

O enfraquecimento gerado pela divisão, burocratismo e conciliação de classes vem provocando a perda de direitos trabalhistas e sindicais históricos. Nadando de braçada os patrões resolveram impor um amplo plano de precarização e escravidão assalariado através da terceirização e da aprovação das MPs 664 e 665 justamente quando amentam o desemprego e se deterioram as condições de vida dos trabalhadores.

A reunificação do movimento sindical de esquerda contra os pelegos históricos e contra o neopeleguismo dentro da CUT e das novas centrais, não seria apenas uma reversão da diáspora sindical ou uma anexação das centrais menores pela CUT, teria que ser produto de um novo ascenso das massas, se estabelecer sobre bases superiores de organização da luta econômica e não será obra da conciliação dos próprios burocratas encastelados em seus feudos sindicais, mas da luta sem tréguas das bases trabalhadoras pela redemocratização da CUT.

A unidade não é um princípio dentro das centrais sindicais. No entanto, nós a defendemos como forma de potencializar as lutas contra os patrões, os governos e os próprios burocratas sindicais.

INDEPENDÊNCIA POLÍTICA,
DEMOCRACIA OPERÁRIA E
ORGANIZAÇÕES AUTÔNOMAS

Para derrotar as direções reacionárias, fascistas, reformistas, governistas no interior dos sindicatos e federações realizamos frentes únicas: 1) pela independência total e incondicional dos sindicatos em relação ao Estado capitalista e aos patrões; 2) pela completa democracia operária sindical em todos os fóruns e congressos.

Enquanto esta unificação estratégica não ocorre, nós participaremos de todos os congressos das centrais que agruparem os sindicatos onde nossos militantes forem filiados. Devemos construir sim oposições classistas em todas as centrais sindicais.

Os revolucionários devem atuar também nos sindicatos mais reacionários e até fascistas como nos ensinaram Lenin e Trotsky. Devem atuar em todos os sindicatos e centrais pelegas, reacionárias e pró-imperialistas como a Força Sindical, obviamente clandestinamente, defendendo a unidade de toda a classe para a luta de seus interesses imediatos, a unidade de toda a classe em uma só central sindical.

Devemos defender que os sindicatos abarquem o mais amplamente possível a base de trabalhadores de seu ramo produtivo, independente de serem ou não precarizados, lutando para a efetivação plena dos mesmos, ou seja, para avançar na luta contra a terceirização da “atividade meio”.

Em 2014, garis, condutores e outras categorias precarizadas, ou cujos sindicatos estão nas mãos dos piores pelegos, impulsionaram, espontaneamente, a criação de organizações autônomas, independentes e em oposição aos burocratas sindicais, realizando greves históricas e arrancando aumentos salariais que chegaram a 37%. Ao mesmo tempo que defendemos a reunificação das centrais, estimulamos a criação destas organizações autônomas (comitês de lutas, comandos de greve, conselhos populares, etc.) que, sem substituir os sindicatos, pontualmente arrastam para a luta econômica e política parcelas mais amplas da classe trabalhadora, normalmente hostilizadas pela burocracia sindical.


Notas:

(1) Não devem fazer parte desta organização sindical os policiais, que para nós NÃO são trabalhadores fardados, mas repressores diretos, torturadores, assassinos dos trabalhadores, parte do destacamento especial de homens armados em defesa do regime e da propriedade capitalista.


(2) Defendemos a manutenção do imposto sindical, com cobrança incidente sobre toda a categoria -sindicalizados ou não- haja vista que são recursos altamente necessários para as demandas dos trabalhadores, inclusive no que diz respeito à própria existência material de muitos sindicatos. Todavia, lutamos pelo controle operário sobre a arrecadação, distribuição e aplicação de tais receitas, bem como denunciamos as burocracias sindicais que se locupletam às suas custas. Igualmente, defendemos que o sindicato deve ter como objetivo seu próprio autofinanciamento, de modo que sua dependência do imposto sindical se faça menos presente.