quinta-feira, 29 de maio de 2014

ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU E O FIASCO DA DEMOCRACIA LÍQUIDA DA ESQUERDA MAIDANISTA

por Beth Monteiro


“O princípio que deve agora estar NA BASE DA NOSSA TÁTICA NÃO É O DE QUAL DOS DOIS IMPERIALISMOS É MAIS VANTAJOSO ajudar agora, mas o princípio de como melhor e mais seguramente assegurar à revolução socialista a possibilidade de se reforçar, ou, PELO MENOS, DE SE MANTER num país até que outros países se lhe juntem. NÓS RECONHECEMOS O DERROTISMO APENAS EM RELAÇÃO À NOSSA PRÓPRIA BURGUESIA IMPERIALISTA...” (V. I. Lênin - 20 de Janeiro de 1918).

SE O RECORDE DE ABSTENÇÃO NO PLEITO PARA O PARLAMENTO EUROPEU, em seu conjunto, já está deixando muitos analistas políticos apreensivos, o grande fiasco que foi a rejeição dos eleitores dos países do Leste Europeu e ex-repúblicas soviéticas, como a Eslováquia, que teve 87% de abstenção, deveria ser um aspecto a ser considerado com um novo olhar pela esquerda maidanista que apoiou o golpe na Ucrânia que depôs um presidente eleito porque este se recusou a assinar um acordo com a União Europeia que significaria o corte de 50% nos salários, aposentadorias e pensões, a demissão de 50 mil funcionários públicos e o aumento de 50% no preço da energia entre outros ataques sem precedentes ao nível de vida dos trabalhadores.

MAS NÃO EXISTEM INDÍCIOS DESTA MUDANÇA DE RUMOS; os mesmos que apoiaram o golpe liderado por nazifascistas, com a cumplicidade aberta dos Estados Unidos, tendo à frente seus mais altos representantes participando com os “revolucionários” nos protestos violentos ,na Praça Maidan, no centro de Kiev, e como timoneiro, George Soros e sua Monsanto, que com seus bilhões de dólares investiu pesado nesta “revolução”, seguem repetindo ad nauseam as frases do megaespeculador Soros, tentando eleger um diabo mor , criando um fascismo pra chamar seu : Putin por defender a “etnia” russa dos ataques do governo golpista e dos nazifascistas na Ucrânia, quando na verdade nem existe uma única etnia na Rússia, trata-se de nacionalidade e dos que falam o idioma russo.

EM UM PAÍS QUE TINHA UM REGIME DEMOCRÁTICO BURGUÊS FORMAL, o que poderia aspirar os que apoiaram aquela “revolução vitoriosa”, no caso de total impossibilidade de os trabalhadores avançarem, naquele momento, para a o socialismo? A DEMOCRACIA LÍQUIDA? Denis Pilas, um dos organizadores da ”Esquerda Maidan”, disse que a esquerda internacional não deve sucumbir a qualquer tipo de geopolítica ou de apoio do imperialismo 'mal menor'. Em vez disso, ele deve fazer campanha contra a política militarista tanto e aventureiro de ambos os EUA e a Rússia. Deve ser um movimento antiguerra genuína, contra uma possível guerra civil na Ucrânia também.

“NEM WASHINGTON NEM MOSCOU” uma expressão muito usada pelos que já fizeram sua opção e não querem assumir. Como dizia Lênin: “... deste ponto de vista, em ambos os casos, NÃO NOS LIVRAREMOS COMPLETAMENTE DE UM OU OUTRO LAÇO IMPERIALISTA, e é evidente que não é possível libertar-se completamente dele sem derrubar o imperialismo mundial. A conclusão correta disto é que, a partir do momento da vitória de um governo socialista num país, é preciso resolver as questões NÃO DO PONTO DE VISTA DA PREFERÊNCIA POR ESTE OU POR AQUELE IMPERIALISMO, mas exclusivamente do ponto de vista das melhores condições para o desenvolvimento e o reforço da revolução socialista que já começou.”

A realidade não pode ser varrida para debaixo do tapete com umas frases de efeito. Gostemos ou não, temos que lidar com ela como se apresenta porque uma análise feita a partir de sentimentos ou de posições previamente introjetados, cedo ou tarde irá cobrar o restabelecimento da verdade, e o preço pode ser muito alto.

domingo, 25 de maio de 2014

PEPE MUJICA GOVERNA, HUMILDEMENTE, PARA O CAPITAL FINANCEIRO E PARA AS MULTINACIONAIS

por Beth Monteiro
Há uma contradição flagrante entre o discurso e as ações do presidente uruguaio
Está clara a intenção dos ideólogos do capitalismo ao abraçarem as causas das minorias e dos Direitos Humanos: estas lutas, embora justíssimas, não implicam em mudanças radicais do sistema econômico vigente, e por isso estão servindo como mais um instrumento político de dominação, desta vez levando ilusões até mesmo a amplos setores que se reivindicam de esquerda e defensores dos direitos humanos.
Talvez o modelo de maior sucesso, que está servindo de modelo a ser usado como uma tentativa desesperada para prorrogar a vida vegetativa do capitalismo, seja o de Pepe Mujica no Uruguai.

O URUGUAI É UM PAÍS CONHECIDO PELO SEU PIONEIRISMO EM MEDIDAS RELACIONADAS COM DIREITOS CIVIS e democratização da sociedade: em 1907, foi o primeiro país a legalizar o divórcio; em 1932, o segundo país da América a conceder às mulheres o direito ao voto. Em 2007, quando Mujica ainda não era presidente, o Uruguai foi o primeiro país sul-americano a legalizar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo.

OBSERVADORES POLÍTICOS CONSIDERAM O URUGUAI O PAÍS MAIS SECULAR NAS AMÉRICAS. Em 1909, toda e qualquer educação religiosa foi banida das escolas públicas; em 1917, a completa separação entre Igreja e Estado foi introduzida na Constituição. O Uruguai se converteu no país mais laico da região com várias medidas que já levam mais de um século, como o fim dos feriados religiosos. Lá o Dia de Reis se chama Dia das Crianças, a Semana Santa é a Semana do Turismo e o Natal se conhece como o Dia da Família.
 A partir destas características e de conquistas já assimiladas pela população menos conservadora da América Latina, Mujica ousou avançar um pouco mais, fazendo algumas mudanças como transformar a lei já existente, sobre união civil, em casamento gay, aprovar a descriminalização do aborto e a legalização da maconha.  Entretanto, seu governo não legislou em favor dos interesses dos trabalhadores uruguaios. O modelo econômico permanece o mesmo.

CONTRADIÇÕES
Mujica posa de grande defensor do meio ambiente, mas deu carta branca para as empresas transnacionais poluírem à vontade, tendo a seu dispor generosos incentivos fiscais. Nunca o Uruguai deu tanta terra para as multinacionais que incluem empresas que cultivam soja GM com agrotóxicos e desenvolvem projetos de mineração a céu aberto que está causando um grande impacto negativo ao meio ambiente.

UM TERÇO DOS TRABALHADORES URUGUAIOS ganha menos de 14.000 pesos por mês, quando se estima que, para a família média de quatro pessoas, seriam necessários 50 mil pesos mensais para cobrir as necessidades básicas. Os ricos, no entanto, continuam cada vez mais ricos. E se, por um lado, houve uma ligeira valorização salarial e queda na taxa de desemprego, por outro lado, a maioria dos trabalhadores é obrigada a aceitarem a precarização.
O governo de Pepe Mujica afastou-se do programa inicial da Frente Ampla e de sua retórica anti-imperialista e antioligárquica, optando por uma coalizão socialdemocrata. Assim, ficou livre para enganar o povo com um discurso de viés progressista para convencer o eleitorado de que um capitalismo desenvolvido com a vinda de grandes multinacionais levaria o país ao Socialismo (??!!).

O EX-GUERRILHEIRO MUJICA DIZ SER A FAVOR DE UM CAPITALISMO MAIS HUMANO, ao mesmo tempo em que segue determinações do FMI e do Banco Mundial, em detrimento dos trabalhadores, que têm se decepcionado com as consequências do retorno do Uruguai a total dependência do capital estrangeiro, com serviços financeiros levando expressiva parcela do PIB, o que acarreta ao país a fama de ser um paraíso fiscal. Atualmente, a Dívida Pública se converteu em 125% do PIB,  índice semelhante ao alcançado na época da Ditadura Militar.

MUJICA ESTÁ SERVINDO COMO UMA MARIONETE OU “GAROTO PROPAGANDA” DO CAPITALISMO, mostrando ao mundo as qualidades e os benefícios que pode trazer a um país um governante austero em sua vida pessoal e que não seja corrupto em sua vida pública. Para isso, ele usa frases de efeito e uma filosofia duvidosa que agrada a todos: desde Obama e especuladores como George Soros que apoiou e financiou a campanha pela legalização da maconha de olho nos lucros que a Monsanto terá com a cannabis GM, até ambientalistas do Greepace, passando pela esquerda festiva que não se cansa de admirá-lo pela sua coragem de governar em prol das minorias oprimidas, mesmo que isto signifique governar contra a maioria explorada e em prol das oligarquias.

Fontes: La República –Ministério das Relações Exteriores do  Brasil –Wikipédia - Carta Capital


terça-feira, 20 de maio de 2014

Ato antimanicomial em SP


                                                                 por Alexandre Augusto

Este dia dezoito de maio foi marcado por mais um dia de luta para trabalhadores e usuários de serviços de saúde mental. Com uma manifestação  de luta antimanicomial que ocorreu nas ruas do centro da capital paulista, centenas de pessoas reivindicaram o fim dos hospícios e uma política de saúde mental que respeite a subjetividade dos pacientes e os direitos trabalhistas e salariais dos técnicos da área.

Uma das pautas da manifestação foi o fim da internação compulsória para usuários de droga e álcool da cracolândia, produto das políticas higienistas e truculentas de saúde mental do PSDB,  veementemente endossada por Ronaldo Laranjeiras, psiquiatra conhecido por defender publicamente as internações.

O psicólogo Renê Rogério, em entrevista a estudantes de jornalismo que acompanhavam o ato, disse que há muito o que fazer na área da saúde mental, reivindincando dos governos uma política contundente de ações psicossociais, investindo em mais CAPS e diminuindo um problema que tornou-se símbolo da luta para um tratamento mais humano: a hipermedicalização. 

O psicólogo afirmou em entrevista que não basta dar remédios aos pacientes, que tem de haver condições para os pacientes serem incluídos de volta ao convívio social, como, por exemplo, através de projetos de geração de renda e moradia digna. Vale lembrar que parte dos pacientes atendidos pelos serviços de saúde mental se encontram em situação de rua.

Apesar do ato coincidindir com a virada cultural, o trajeto teve início no teatro municipal e se encerrou na estação da luz em frente ao Cratod. A passeata contou com a presença de vários companheiros, entre pacientes de diversos CAPS, de várias regiões do estado, coletivos antimanicomiais, representantes do conselho regional de psicologia e da frente antimanicomial do estado de São Paulo.



domingo, 18 de maio de 2014

“SE VOCÊ ESTÁ PROCURANDO AS SEMENTES DO SOCIALISMO EM ALGUM LUGAR NA UCRÂNIA,ELAS ESTÃO NOS MOVIMENTOS NO SUDESTE. “

Para aqueles que não viram o conteúdo progressista e mesmo revolucionário de eventos no Sudeste da Ucrânia, Lênin dirigiu estas palavras: "Imaginar que a revolução social é concebível sem revoltas por pequenas nações nas colônias e na Europa, sem explosões revolucionárias por uma seção da pequena burguesia com todos os seus preconceitos, sem um movimento das massas proletárias e semiproletárias politicamente não-conscientes imaginar ... tudo isso é repudiar revolução social. Assim, as linhas de um exército  em um lugar  diz: "Nós somos pelo  socialismo", e outra, em outro lugar diz: "Nós somos pelo imperialismo", e que vai ser uma revolução social! ... Quem espera uma revolução social 'pura' nunca vai viver para vê-lo. Tal pessoa paga um falatório sobre revolução sem entender o que é revolução...”

UMA CHANCE  SOCIALISTA PARA O  SUDESTE DA UCRÂNIA.

 Por Victor Shapinov, União Borotba (Luta) da Ucrânia

A orientação anticapitalista em grande parte espontânea dos ativistas AntiMaidan que criaram as repúblicas Populares de  Donetsk e Lugansk   não é surpreendente. Os maiores proprietários-oligarcas eram clientes, patrocinadores e os principais "beneficiários" do EuroMaidan. Oligarcas capitalistas como Igor Kolomoysky, Dmytro Firtash, Sergei Taruta e, em menor medida, Rinat Akhmetov, financiaram o  EuroMaidan e o promoveram em seus meios de comunicação. Quando o EuroMaidan ganhou, aqueles que anteriormente governaram  o país indiretamente através da administração de Yanukovych continuaram no controle direto, incluindo compromissos como os governadores de áreas-chave.

Além disso, como se vê, a ajuda da oligarquia não só levou à vitória dos ultranacionalistas e EuroMaidan, mas eles tentaram influenciar o movimento de resistência ao novo governo - o chamado AntiMaidan.
Como Pavel Gubarev, o governador do Povo da região de Donetsk, declarou recentemente que Rinat Akhmetov pagou um número de ativistas AntiMaidan para que eles  silenciassem. "Todas as atividades de Akhmetov foram destinadas a drenar a raiva das pessoas, e tudo acabou bem em Dnepropetrovsk.  O Oligarch Kolomoysky  conseguiu isso porque há um pouco de sentimento pró-ucraniana mais forte do que no Donbass", disse Gubarev em entrevista ao " Rossiyskaya Gazeta ".

A oligarquia patrocinou o desenvolvimento de vários grupos neonazistas e sua união sob a marca "setor direito."  Oligarcas indiretamente financiaram o  líder reconhecido do setor direito, Dmitry Jaros, que disse à imprensa: " Nós não nos importamos se eles (os oligarcas) financiem nosso exército". O  Bilionário Igor Kolomoysky mostrou zelo especial, atendendo ao público das  milícias do Sudeste, oferecendo US $ 10.000 para uma  "sabotador".

Por isso, a própria lógica da luta está empurrando os ativistas do Sudeste para o campo de anticapitalismo. Participei do movimento AntiMaidan em Kharkov e Odessa, eu vi como as massas populares têm  levantado slogans  contra  a oligarquia.

Sergei Kirichuk, um dos líderes do Kharkov AntiMaidan e coordenador do movimento socialista Borotba, também enfatiza a agenda social do movimento do Sudeste: "as pessoas aqui no Sudeste levantam demandas de seus direitos socioeconômicos . Há um componente  antioligárquico, anticapitalista muito sério nestes protestos ", diz Kirichuk, que agora se encontra no exílio.

Caracterizando o financiamento do AntiMaidan, Kirichuk diz:. "O movimento no Sudeste, em seus equipamentos técnicos e de apoio financeiro, não pode ser comparado com o Maidan Victoria Nuland  que disse que os EUA gastou US $ 5 bilhões para" promover a democracia "na  Ucrânia e no leste da Ucrânia. O movimento de protesto não  demonstram possuir um forte apoio financeiro, pelo menos nas cidades onde estavam ativos -.em Kharkov e Odessa -  não tenho visto nenhum financiamento dos russos ou da administração Putin. E no cenário político, não vimos quaisquer pessoas  ajudar ou financiar, este movimento ".
Posso confirmar estas palavras de Sergei: em Kharkov,  produzimos panfletos com o nosso próprio dinheiro, com uma circulação total de cerca de 100.000 cópias. Reunimos pequenas doações privadas. Dez mil cartazes foram colados chamando o boicoteàs eleições marcadas pela junta de Kiev. No monumento a Lenin, havia uma caixa de doações para ajudar os Defensores de Kharkov e os feridos. Os organizadores AntiMaidan usaram o pequeno escritório no porão de Borotba. Isso é tudo  que tivemos para o "financiamento" de AntiMaidan. Não descarto a possibilidade de   alguns bandidos terem  coletado grandes quantidades, usando o nome do movimento, mas entre os  ativistas não vi nada disso.

Gubarev pinta a mesma imagem da Donetsk AntiMaidan: "Na milícia há pessoas diferentes: mineiros e ex-funcionários, anunciantes, meus companheiros ... Mas o que eles têm em comum é que eles são honestos sobre o dinheiro. Eles hipotecaram  sua propriedade,.. tomaram o dinheiro e investiram  no movimento quando tivemos dificuldades financeiras. Eles gastaram seu próprio dinheiro."

Este também é um contraste: de um lado, os militantes ultranacionalistas com grande financiamento  e, de outro, os trabalhadores, estudantes, desempregados e ativistas pobres. Quando os nossos camaradas da Borotba apreenderam documentos setor direito na Administração Estatal Regional Kharkov, entre eles estavam cartões bancários e cheques. Eles testemunharam que um menino da vila, um estudante do Instituto de Educação Física, tinha um valor de US $ 10.000.

Ressalto mais uma vez que não havia slogans antioligárquicos ou mesmo sociais entre os EuroMaidan. Alguns esquerdistas que queriam "estar com as pessoas" e tolamente inocentes passaram entre os EuroMaidan,  foram espancados e expulsos em desgraça pelos ultras que  dominam lá. Esses neonazistas, uma vez viciados em financiamento oligárquico, imediatamente esquecem sua demagogia "anticapitalista”.
Esta união de oligarcas e nazistas vem diretamente das páginas dos livros de história, como o faz a união de slogans antifascistas e anticapitalistas por opositores da junta Kiev.

"O FASCISMO É A DITADURA TERRORISTA ABERTA DOS ELEMENTOS MAIS REACIONÁRIOS, mais chauvinistas, mais imperialistas do capital financeiro ... O fascismo não é um poder supraclasse,  não  é o poder da pequena burguesia e lumpenproletariat sobre o capital financeiro. Fascismo é o poder do capital financeiro. É uma organização de represálias terroristas contra a classe trabalhadora e contra  a seção revolucionária do campesinato e da intelectualidade. Fascismo na política externa é chauvinismo em sua forma mais crua, cultivando ódio xenófobo contra outras nações ", de acordo com a definição clássica do fascismo formulada por Georgi Dimitrov. E o que está acontecendo na Ucrânia de hoje se encaixa totalmente nessa definição.

O proprietário de Privat Kolomoysky é um símbolo vivo do capital financeiro. A violência terrorista dos exércitos privados da Kolomoysky junto de militantes de extrema-direita, foi visto por todos na mídia.
Não é por acaso que os defensores da Maidan demoliram monumentos de Lênin enquanto seus opositores o protegiam. Neste sentido, há uma divisão de classes de profundidade. E se você está procurando as sementes do socialismo em algum lugar na Ucrânia - elas estão nos movimentos no Sudeste.
Claro, Repúblicas Populares  de Donetsk e Lugansk  não serão  socialistas porque, provavelmente, parte das empresas de médio  grande porte  vão manter as suas posições.  Uma tentativa de ocupação poderia não ser aceita, pois seria como  rotular as corporações russas como  "ruins". Mas,  no "fundo", a criação de repúblicas  populares, a experiência da luta de massas antifascista, anti - imperialista e antioligárquica,  sem dúvida, mudou não apenas o Sudeste da Ucrânia, mas também  todo o espaço pós-soviético, para a esquerda.

Para aqueles que não viram o conteúdo progressista e mesmo revolucionário de eventos no Sudeste da Ucrânia, Lênin dirigiu estas palavras: "Imaginar que a revolução social é concebível sem revoltas por pequenas nações nas colônias e na Europa, sem explosões revolucionárias por uma seção da pequena burguesia com todos os seus preconceitos, sem um movimento das massas proletárias e semiproletárias politicamente não-conscientes imaginar ... tudo isso é repudiar revolução social. Assim, as linhas de um exército  em um lugar  diz: "Nós somos pelo  socialismo", e outra, em outro lugar diz: "Nós somos pelo imperialismo", e que vai ser uma revolução social! ... Quem espera uma revolução social 'pura' nunca vai viver para vê-lo. Tal pessoa paga um falatório sobre revolução sem entender o que é revolução...”
"A Revolução Russa de 1905 foi uma revolução democrático-burguesa. Ela consistia de uma série de batalhas em que todas as classes descontentes, grupos e elementos da população participaram. Entre estes, havia massas imbuídas dos preconceitos mais cruéis, com os objetivos mais vagas e a mais fantásticas luta; havia pequenos grupos que aceitaram dinheiro japonês, havia especuladores e aventureiros, etc ...
"A revolução socialista na Europa não pode ser outra coisa senão uma explosão de luta de massas por parte de todos e elementos oprimidos e descontentes diversos. Inevitavelmente, setores da pequena burguesia e dos trabalhadores atrasados ​​irão participar dele, sem essa participação, luta de massas é impossível, sem  o que nenhuma revolução é possível, e assim como, inevitavelmente, eles vão trazer para o movimento , os  seus preconceitos, suas fantasias reacionárias, suas fraquezas e erros."

(De "A discussão da Autodeterminação” resumo, julho de 1916)

Tradução - Greg Butterfield


sábado, 17 de maio de 2014

ESQUERDA VENDIDA QUER CALAR A AUTÊNTICA ESQUERDA EM NOME DO COMBATE À DIREITA

Não  existe, no   Brasil,  um ataque direto ou indireto, através  da  presença de proxies terroristas financiados por Washington, em território brasileiro,  uma vez que isso não é necessários, pois os EUA faz , em nosso país ,o que bem entendem e  o governo de Frente Popular não dá um pio, seguindo religiosamente todas as  ordens do Banco Mundial e do FMI , mesmo que   este último este não esteja de corpo presente, neste momento, no Brasil .
SENDO ASSIM, SÓ SE PODE CLASSIFICAR DE OPORTUNISTAS TOSCOS OU PARANOICOS os  que  se colocam  em defesa do governo Dilma contra os  “ataques”  do imperialismo, comparando-o   à Venezuela, Cuba, Líbia, Síria  e , agora, Ucrânia. Nestes países  estava e está claro a existência da chamada Guerra de Quarta Geração  ou guerra nas sombras , implementada pelos EUA e seus cúmplices na  União Europeia  e Oriente Médio. Neste caso, é correta a  posição da esquerda marxistas, que não capitulou  ao discurso  departamento de Estado norte-americano, em priorizar a resistência aos ataques  da maior potência econômica e nuclear do mundo contra países  indefesos e semicoloniais.
Mas este não é o nosso caso, pelo menos por enquanto. Sendo assim, a esquerda marxista e mesmo a esquerda reformista  podem e devem seguir em suas críticas e apoio às lutas dos trabalhadores  e populares por melhores condições de vida, contra os desmandos e escândalos deste governo que de esquerda não tem nada.
NÃO PODEMOS PERMITIR QUE O CINISMO  DAQUELES QUE ESTÃO TENTANDO  CALAR AS VOZES  DOS QUE GRITAM POR JUSTIÇA e por direitos a uma vida digna,  prossiga. UMA COISA  É O DISCURSO DE ÓDIO E SEM SENTIDO  DA OPOSIÇÃO DE DIREITA. Qualquer um, por mais alienado que seja, pode ver que PSDB e  aliados não criticam os baixos salários, o Salário Mínimo de fome que o governo Dilma impõe a mais de  40 milhões de trabalhadores e aposentados, as privatizações, a extorsão praticadas  pelas mais altas tarifas do mundo  nos serviços de água/esgoto, passagens, telefonia,  eletricidade, nem tampouco  o  DESVIO DO DINHEIRO DE NOSSOS IMPOSTOS e  fruto do trabalho de milhões de brasileiros para o pagamento dos juros  da  Dívida Pública e para  o pagamento de uma dívida nunca auditada e que já foi paga várias vezes, e  para garantir a escandalosa  lucratividade dos banqueiros e especuladores.
CHEGA DE HIPOCRISIA. Vamos seguir com nossas lutas e fazendo oposição, pela esquerda, aos desmandos deste governo.

Beth Monteiro

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Poder para o povo!


                                                                                                  por Mário Medina

Nesta última quinta-feira, dia 15 de Maio, o Brasil foi tomado por manifestações e greves de diversas categorias. Trabalhadores, estudantes, sem-tetos e outros movimentos populares tomaram as ruas para reivindicar aumentos salariais e direitos, saúde, educação e moradia.
Ás vésperas da copa do mundo, diante do superfaturamento dos estádios, do colapso dos serviços públicos, das perdas salariais frente a inflação, do déficit habitacional e da especulação imobiliária, o povo retoma o espírito das jornadas de Junho e promete mais uma vez protagonizar uma onda de mobilizações de proporções nunca vistas.
O governo e o PT estão perdendo o controle das massas. Não há medidas de bondade que Dilma possa lançar mão para blindar o povo da revolta e assim livrar as ruas das grandes manifestações que estão a ponto de estourar outra vez.
A classe trabalhadora está cansada de tanto esperar, está perdendo o resto de confiança que tinha nos petistas. Os trabalhadores querem o novo, e lutarão por isso, ainda que não tenham clareza do que esse novo significa.
O papel da esquerda revolucionária é primordial para guinar as massas à esquerda e apontar para o rompimento com as ilusões constitucionalistas e eleitorais, para dirigir os trabalhadores na luta pelo poder e pelo socialismo.
As mobilizações de Junho passado não foram adiante nas tarefas revolucionárias justamente por carecerem de uma liderança, porque os grandes aparatos, as centrais sindicais, o MST e outros movimentos sociais de envergadura estão atrelados ao PT; abdicaram da luta e do papel revolucionário de outrora.
Na ausência da esquerda, a direita oportunista se revela, tenta tomar a frente e pinta a justa indignação social de um verde-amarelismo ufanista e infantil. É preciso derrubar esse governo entreguista, mas também é preciso varrer os fascistoides das ruas, acabar com as esperanças da tucanada. É preciso empunhar a bandeira vermelha da revolução social, mostrar que só a esquerda revolucionária tem uma saída à altura do que o Brasil necessita.
O momento é de luta acirrada com os poderosos, e, portanto, de unidade ferrenha da esquerda, dos partidos realmente progressistas e revolucionários, das centrais e dos sindicatos de luta, dos aparatos que não estão nas mãos da pelegada e da patronal.
O momento é de tomar as ruas e exigir a saída dos politiqueiros de plantão, com uma greve geral que sacuda esse país e acabe com a farra das empreiteiras e do governo, dos banqueiros e dos especuladores. O momento é de tamanha mobilização que o país pare e a Fifa retroceda, que a copa seja inviabilizada por massivas categorias em paralisação, e que o mundo veja o poder de luta da nossa classe trabalhadora e da nossa juventude.
Queremos um Brasil para os trabalhadores! Queremos salários dignos e qualidade de vida! Queremos o socialismo!
Fora Dilma!
Poder para o povo!


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Da ‘Loucura’ à luta antimanicomial


                                                           por Roberto Barros
“A história da nossa psiquiatria é a história de um processo de asilamento, é a história de um processo de medicalização social” essa sentença de Amarante ilustra em poucas linhas a real situação que este domínio de saber se encontra e a constante necessidade de reformulação do mesmo. A psiquiatria surge, com a chegada da Família Real ao Brasil, com o objetivo de colocar ordem na urbanização, disciplinando a sociedade e sendo, dessa forma, compatível ao desenvolvimento mercantil e as novas políticas do século XIX. É a partir do embasamento nos conceitos da psiquiatria européia, como degenerescência moral, organicidade e hereditariedade do fenômeno mental, que a psiquiatria brasileira intervém no comportamento considerado como desviante e inadequado às necessidades do acúmulo de capital, isolando-o e tratando-o no hospital psiquiátrico. Dessa forma o saber e o poder médicos, artificialmente, criam uma legitimidade de intervenção da classe dominante sobre os despossuídos através da nova especialidade - a psiquiatria - da nova instituição - o Hospital Psiquiátrico. O objeto dessa intervenção - o sofrimento mental - é reduzido, através de um artifício conceitual, a categoria de \"doença mental\", subtraindo-se toda a complexidade de fenômenos diversos, singulares e compreensíveis no contexto da existência humana. O Manicômio, dentre outros dispositivos disciplinares igualmente complexos, atravessou séculos até os nossos dias, conformando uma sociedade disciplinar com dispositivos disciplinares complementares num processo de legitimação da exclusão e de supremacia da razão. É incrível como a sociedade ocidental sempre procurou apartar e excluir aqueles que se encontram fora dos “padrões” impostos por um grupo específico de indivíduos que detém certos poderes. No passado isso se deu, por exemplo, com a forma como a igreja tratou os leprosos através do período das Cruzadas e como a mesma em associação com outras instituições posteriores trataram o louco em períodos subsequentes.
Foucault mostra que com o fim da lepra, reside nos loucos o estigma de desvio moral justificando a exclusão destes. Dessa forma, pode-se concluir que as pessoas acometidas pela loucura representam os excluídos da sociedade, que necessitam com urgência desaparecer da visibilidade das pessoas. Assim, hão de carregar sempre com eles este estigma – a marca da discriminação e exclusão.
De certa forma, o espectro que é observado atualmente é uma extensão do que ocorreu durante nossa história. Na Renascença, os loucos eram colocados em barcos e navios e carregados para cidades longe das suas em busca da razão. Havia partidas de navios especialmente para levar os loucos. Quando estes chegavam nas cidades, eram enxotados pelos moradores (característica da exclusão). No entanto, havia locais destinados a colocar os loucos, existindo, assim, a possibilidade de que os que fossem enxotados fossem aqueles provenientes de outras cidades, enquanto que os que ficavam eram oriundos delas.
Marinheiros atracavam em lugares comerciais e ali deixavam os loucos. Estes, quando acolhidos e mantidos pela cidade, eram levados para a prisão. Esse fato torna-se interessante e até alegórica, pois o fato do louco ser transportado de um espaço (local) para o outro através da água remete-se ao que Foucault chama de “prisioneiro da mais aberta das estradas”, ou seja, cria-se uma ambivalência pois o lugar onde o insano estava indo não era sua terra, mas a que ficou para trás também não o era. A terra do louco limita-se à distância de ambas: a que foi sua e a que nuca será. Assim, a forma como os poetas Renascentistas simbolizavam essa travessia ilustrava a aterritorialidade. Literalmente, o insano não tinha chão. Ou tinha água em volta de si, ou tinha grades. E, desde o século XIX, no entanto, estes tem os manicômios que funcionam em sua maioria como prisões, espaços de exclusão legitimado pelos dispositivos dos saberes que foram apropriados pelas práticas médicas. Percebe-se a existência dos manicômios por séculos à fio e frente a essa realidade surgem alguns movimentos que questionam essa ordem das coisas, procurando romper com a tradição manicomial brasileira, principalmente com o fim da Segunda Guerra Mundial. Todas essas experiências são locais, referidas a um ou outro serviço ou grupo e estão à margem das propostas e dos investimentos públicos efetivos. Há forte oposição exercida pelo setor privado que se expande e passa a controlar o aparelho de Estado também no campo da saúde.
Na década de 60, com a unificação dos institutos de pensões e de aposentadoria, é criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O Estado passa a comprar serviços psiquiátricos do setor privado e concilia pressões sociais com o interesse de lucro por parte dos empresários. Dessa forma, cria-se uma “indústria para o enfrentamento da loucura. Mesmo diante dessa realidade os movimentos questionadores crescem e têm como principal inspiração a experiência de Trieste, na Itália, liderada por Franco Basaglia. Basaglia, em 1971, fecha os manicômios, acabando com a violência dos tratamentos e põe fim no aparelho da instituição psiquiátrica tradicional. Basaglia demonstra que é possível a constituição de uma nova forma de organização da atenção que ofereça e produza cuidados, ao mesmo tempo que produza novas formas de sociabilidade e de subjetividade para aqueles que necessitam da assistência psiquiátrica.
Em 13 de maio de 1978 foi instituída a Lei 180, de autoria de Basaglia, e incorporada à lei italiana da Reforma Sanitária, que não só proíbe a recuperação dos velhos manicômios e a construção de novos, como também reorganiza os recursos para a rede de cuidados psiquiátricos, restitui a cidadania e os direitos sociais aos doentes e garante o direito ao tratamento psiquiátrico qualificado.
Esse grande passo dado pela Itália influenciou o Brasil, fazendo ressurgir diversas discussões que tratavam da desinstitucionalização do portador de sofrimento mental, da humanização do tratamento a essas pessoas, com o objetivo de promover a reinserção social. Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental em relação à política privatizante da assistência psiquiátrica por parte da previdência social, quanto às condições (públicas e privadas) de atendimento psiquiátrico à população.
No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que faz denúncias sobre as condições de quatro hospitais psiquiátricos da DINSAM e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país. É nesse contexto, no fim da década de 70, que surge a questão da reforma psiquiátrica no Brasil. Pequenos núcleos estaduais, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais constituem o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). A questão psiquiátrica é colocada em pauta:“... tais movimentos fazem ver à sociedade como os loucos representam a radicalidade da opressão e da violência imposta pelo estado autoritário
A violência das instituições psiquiátricas, dessa forma, é entendida como parte de uma violência maior, cometida contra trabalhadores, presos políticos e, portanto, contra todos os cidadãos. O movimento de reforma sanitária tem influência constitutiva no movimento de reforma psiquiátrica. Nos primeiros anos da década de 80 os dois movimentos se unem, ocupando os espaços públicos de po
der e de tomada de decisão como forma de introduzir mudanças no sistema de saúde.
“ A Proposta da Reforma Sanitária Brasileira representa, por um lado, a indignação contra as precárias condições de saúde, o descaso acumulado, a mercantilização do setor, a incompetência e o atraso e, por outro lado, a possibilidade da existência de uma viabilidade técnica e uma possibilidade política de enfrentar o problema.Somente no final do século XX é que a militância por serviços humanizados consegui às primeiras implantações de Centros de Atenção Psicossocial os CAPS .
Foi em 2001 que a Lei Paulo Delgado foi sancionada no país. A Lei redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios.
As condições da saúde mental no Brasil evoluíram, porém a Luta Antimanicomial não parou. Ainda acontecem manifestações em todo o país no dia 18 de maio, para que se mantenha vivo o cuidado com os doentes, e para que fique claro que eles não devem ser excluídos da sociedade e maltratados como eram antigamente, mas sim orientados e acompanhados para que possam encontrar seu lugar no mundo. O dia 18 de maio também se tornou Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

15 de maio de 1948 - dia da NAKBA - a tragédia palestina. O desterro de quase um milhão de pessoas sob o olhar indiferente e a cumplicidade da Comunidade Internacional


Beth Monteiro
Para os palestinos, a ocupação israelense é chamada de Nakba  - A TRAGÉDIA PALESTINA- que aconteceu em 1948 e teve seu ápice no dia 15 de maio daquele ano.
A ironia trágica desta história é quando se percebe que as vítimas do Holocausto  se tornaram os algozes que promoveram - e continuam a promover - a Nakba, ou seja,  a expulsão sistemática e violenta de um povo do seu próprio país de  origem.
                Mais do que o assassinato de cerca de 15 mil pessoas em massacres, a destruição de 521 vilas palestinas e o deslocamento de cerca de 800 mil pessoas (números oficiais da ONU relativos apenas a 1948), a Nakba foi uma limpeza étnica, que, de acordo com as Nações Unidas, é definida pela transferência massiva de uma população de forma sistemática, coerciva e deliberada, com o objetivo de alterar a composição demográfica de uma região, e, particularmente, quando há por trás uma ideologia que justifique a dominação de um grupo sobre o outro.
                Desde 1948, o sionismo, com a conivência e apoio incondicional do imperialismo, usa essa política para impedir os palestinos de exercerem seu direito de autodeterminação. Israel expulsa os palestinos de suas terras e impede seu retorno com o propósito de colonizar e estabelecer uma maioria judia no território. A Nakba segue ocorrendo na chamada Terra Santa. A política de expulsão sistemática da população palestina continua na ordem do dia.
                Além do bloqueio à Faixa de Gaza, que  Israel  transformou  no maior campo de concentração do mundo, os palestinos na Cisjordânia  e Jerusalém Oriental convivem diariamente com o confisco de suas  terras, a demolição de  suas casas,  com o controle sobre a água, estradas e fronteiras e o estabelecimento de checkpoints (bloqueios militares) em todo o território, além da  prática hedionda do  APARTHEID  que foi institucionalizado  com  a construção do muro da segregação na Cisjordânia, território palestino ocupado ilegalmente por Israel , que começou a ser erguido em 2002, e tem cerca de nove metros  de altura e  700 km de  comprimento. (quase a mesma  distância entre o Rio de Janeiro e Luziânia em Goiás)

 Os palestinos foram  as  primeiras vítimas do terrorismo no Oriente Médio
. Grupos de judeus como  Haganan e Stern praticavam crimes
 horrendos, obrigando populações inteiras a abandonarem
suas casas e fugirem, em desesperodos
                Este muro da segregação não tem o objetivo de segurança, como alega  Israel,  mas de reforçar a colonização. Pelo caminho, vão-se demolindo casas, destruindo infraestruturas, sistemas de irrigação, separando famílias, impedindo o crescimento natural e saudável de uma sociedade já  traumatizada por uma ocupação violenta.
                Mas os palestinos continuam firmes em sua resistência às ambições racistas do sionismo/imperialismo. Uma luta que não tem data para acabar. Mas eles  sabem que o caminho é longo, e por isso é preciso construir uma base sólida de resistência,  pautada na total independência  do jogo político capitalista e centrada na construção de uma Palestina laica,  independente, autônoma e Socialista em um só Estado onde todas as etnias e religiões possam conviver em paz e que, sobretudo, mantenha e amplie o caráter internacionalista desta luta.
A luta dos palestinos é a luta de todos que lutamos contra a opressão capitalista, agravada  exponencialmente em sua fase imperialista cada vez mais predatória, desumana e cruel. A este povo espoliado foi destinada uma das mais  terríveis experiências humana: ficar cara a cara com
 monstro sionista (Israel) que encarna  toda a crueldade e capacidade humana para destruir, humilhar, despojar, roubar, matar, torturar e encarcerar todos os que resistem a seu poder desmedido , cujos crimes ficam impunes por conta do apoio que recebe de praticamente todos os países que o reconhecem e com ele mantém relações políticas, comerciais e culturais.


domingo, 11 de maio de 2014

PROLETARIADO DA UCRÂNIA EM BUSCA DE UMA DIREÇÃO



                                                                                  por Beth Monteiro
Em 1871, a Comuna de Paris passou para a história como símbolo da capacidade do proletariado organizado para forjar transformações radicais na sociedade e uma afirmação revolucionária da autonomia de uma cidade. Os trabalhadores derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonarem precipitadamente a cidade. A Comuna de Paris é considerada a primeira república proletária da história.
Na construção da Comuna, que durou 40 dias, os trabalhadores foram a principal força e, muitos deles eram filiados à Primeira Internacional dos Trabalhadores. Não obstante, entre as massas, havia confusão política. Seu esmagamento, pelas forças armadas de Thiers, revestiu-se de extrema crueldade, deixando um rastro sangrento de 20 mil mortos.
A República Popular de Donetsk , na Ucrânia, não tem em sua direção, um grupo, ou Partido formado por Internacionalistas marxistas, mas gente do povo, trabalhadores, setores da classe média e até diretamente burgueses ou pró-burgueses. Mas, sendo esmagada ou não, certamente deixará para a história uma das mais candentes experiências de autodeterminação dos trabalhadores. Suas ilusões e confusão políticas não podem servir de motivo para que a mesma seja desprezada pela Esquerda marxista .
Para entender os militantes rebeldes do Leste e Sul da Ucrânia e suas ilusões, devemos recordar que em janeiro de 1905, os trabalhadores russos, liderados pelo padre Gapon, saíram na manhã do que ficou conhecido como o Domingo Sangrento para pleitear do czar, o reconhecimento de que suas reivindicações eram justas. Entretanto, as lideranças revolucionárias marxistas não os desprezaram por suas ilusões toscas no Czar e por seguirem um religioso que os levou a acreditarem que seriam recebido pelo Czar Nicolau II da Rússia, no Palácio de Inverno. A manifestação foi reprimida pelos soldados do Czar, que dispararam sobre a multidão, matando 200 pessoas e ferindo 800.
Olhando comentários e postagens em redes sociais de pessoas desta região, fico impressionada com o fato de que a insurgência no sul -oriental da Ucrânia é, basicamente, um movimento de operários. Na cidade de Yenakievo, e sem dúvida , em outros lugares, MINEIROS E METALÚRGICOS ADERIRAM AO MOVIMENTO EM MASSA.
Os militantes tiveram muitas ilusões nos governos e oligarcas de Kiev, mas isso não os impediu de queimarem os bancos de um dos piores deles, Kolomoysky. E agora que Putin retirou até mesmo seu apoio retórico para a sua causa, os militantes estão perdendo suas ilusões no Estado russo também. Quando confrontados com as perspectivas econômicas intoleráveis, e submetido a ameaças físicas, os TRABALHADORES OLHAM COMO LIDERANÇA PARA QUALQUER UM QUE PARECE PREPARADO PARA LUTAR e tem algumas ideias sobre como a luta deve prosseguir.
O IDEAL É QUE ESSES LÍDERES SEJAM EXPERIMENTADOS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS, mas a maior parte deles está longe disso. Não vamos, no entanto, descartar o potencial da classe trabalhadora como um agente de mudança revolucionária baseados em que, por vezes, seus membros estão sob a influência de aventureiros, estalinistas, nacionalistas ou da direita. Temos que expressar nossa confiança na capacidade dos trabalhadores para aprenderem com a sua experiência e construírem uma direção voltada para a defesa de seus interesses de classe, e que tenham coragem e princípios para conduzir sua luta.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Tá tudo errado!!!

A ONDA DE JUSTIÇAMENTO É FRUTO DA IMPUNIDADE DE SEUS INCENTIVADORES E DA INDIFERENÇA DO PODER PÚBLICO


                                                        por Beth Monteiro


Quando pastores incentivam seus fieis a atacarem e depredarem templos de cultos afro-brasileiros, estão praticando crimes de intolerância religiosa e danos ao patrimônio. Mas se fossem gravados vídeos mostrando líderes sindicais ou militantes de movimentos sociais incentivando ataques ao “sagrado” patrimônio das empresas ou bens públicos, certamente estes seriam presos, processados e condenados.

Entretanto, apresentadores de TV, como Raquel Sheherazade, incentivam a violência ao vivo e a cores para milhões de pessoas cuja capacidade de raciocínio é tão pobre quanto suas condições econômicas e sociais, impunemente. E por isso elegem estes apresentadores como seus mentores e líderes, assim como fazem com a horda de pastores hipócritas, inconsequentes, vis e ambiciosos.

A justiça ignora a execução pública de pessoas, fato que está se transformando em uma espécie de epidemia, como se isso não fosse da alçada dela uma vez que se trata de caso de polícia, que por sua vez lava as mãos porque não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo e nem prever acontecimentos.

Entretanto à polícia civil e à justiça cabe o dever de investigar esses crimes e punir os culpados. O Ministério Público já deveria ter iniciado uma ação contra a rede de TV SBT e a apresentadora Sheherazade e outros que incentivam a violência, principalmente os que pregam impunemente que “bandido bom é bandido morto”, deixando claro para as mentes infantilizadas que se for bandido, ou se acharem que são bandidos, eles estão livres assassiná-los.

A semente do fascismo foi plantada nas mentes das pessoas desde a mais tenra idade, quando o poder estabelecido deixou de investir em educação de qualidade, quando as escolas, cursos e universidades foram obrigadas a abandonarem a formação humanista, a prática do raciocínio, dos princípios e da ética. Ou seja, quando o desenvolvimento intelectual foi substituído por um ensino que cria robôs a serem devorados pelo mercado, mais como consumidor do que como produtor, incapacitando-os para a vida em sociedade, pois criam consumidores sem criarem as oportunidades que os permitam consumir e satisfazer suas necessidades básicas e também as artificialmente criadas.

domingo, 4 de maio de 2014

Panfleto de primeiro de Maio da RPR


2 DE MAIO DE 2014 EM ODESSA: O DIA QUE VIVERÁ NA INFÂMIA

Moradores de Odessa levam flores na entrada do prédio
 onde morreram dezenas de ativistas pró-russos

Nazifascistas da Ucrânia, apoiados pelos  Estados Unidos e União Europeia, sitiaram  um prédio de sindicatos e colocaram fogo , queimando militantes  vivos que lutavam contra a política do FMI imposta pelo acordo com a União Europeia, e  se divertiram com o fato nas redes sociais.

E pensar que  há  73 anos, os EUA entraram na  Segunda Guerra Mundial, aliando-se à ex União Soviética , China, Grã-Bretanha e outros países, que lutavam contra o expansionismo de Hitler, para ajudá-los a combater o nazismo; e que o então presidente dos EUA,  Roosevelt, nomeou o ataque  do Japão à base naval americana, em Pearl Harbour, no Havaí, em 1941, como  “dia que viverá na infâmia”.

E O QUE ELES ESTÃO FAZENDO, AGORA, NA UCRÂNIA É O QUÊ? Talvez algo que supere  a nossa capacidade de assimilar até que ponto o imperialismo  dos EUA e aliados pode chegar, para impor sua agenda de dominação total do mundo. E se para isso usam os mesmo métodos  de Hitler, então qual é a  diferença entre o imperialismo “democrático”, tão  embelezado pela esquerda sem noção, e o nazifascismo de Hitler?

Dirão os mais afoitos defensores do imperialismo “democrático”  que devemos, em primeiro lugar, apoiar os que lutam  contra o imperialismo “ditatorial”  da Rússia, que a luta dos trabalhadores não é  contra o fascismo, mas contra o imperialismo russo que está oprimindo os povos de todo o mundo, impondo planos de arrocho, desemprego e miséria  na Ucrânia e em outros países, e que tem desencadeado guerras   que já mataram mais de 1 milhão de pessoas nas últimas  duas décadas, quando  qualquer estudante da sexta série do ensino fundamental sabe que quem faz isso são os Estados Unidos.

Pior ainda: quando não têm mais como negar que  são os nazis seguidores de Stefan Banderas, o carrasco nazista  que assassinou com requintes de crueldade milhares de ucranianos, nos anos de 1940, que estão dando as cartas na Ucrânia, que ocupam postos chaves da área da  segurança e no governo golpista de Kiev,  continuarão a dizer que não é nada disso e que o Svodoba (partido nazifascista  ucraniano) já fez autocrítica e não  quer mais perseguir judeus.Não convencem nem as crianças da sexta série, mas conseguem convencer suas bases que parecem hipnotizadas e passaram a ver o mundo ao contrário, embarcado na estranha realidade criada pelos seus dirigentes.

Para os trabalhadores, principalmente o operariado da Ucrânia, que vivem  no Sul e no Leste do país, onde estão as principais bases econômicas do país com suas fábricas e lavouras, o que está em jogo é  a resistência aos  planos  de ajustes draconianos do FMI que prevê a demissão de milhares de funcionários público, o reajuste de mais de 50%  nos preços da energia, o sucateamento da indústria do país, a redução salarial e o desemprego em massa. Eles lutam para não se tornarem escravos da União Europeia que está de olho na mão de obra barata e  especializada da Ucrânia para manter seus lucros e, por tabela, atacar ainda mais os direitos e conquistas dos trabalhadores dos países da União Europeia. Além disso, há o interesse geopolítico dos Estados Unidos que  joga sujo para implantar suas bases militares nas fronteiras da Rússia para ameaçar, chantagear e escravizar aquele país.

No Brasil, vivemos sob  um  governo de entreguistas, covardes e submissos,  com grande parte da população transformada em escravos do império norte-americano  e sem praticamente nenhum direito de reclamar. Qualquer derrota na agenda demoníaca de dominação do imperialismo, seja na Ucrânia ou na Grécia, é uma vitória para nós, trabalhadores brasileiros e de todo o mundo. É isso que devemos ter em mente para determinar de  que lado devemos ficar neste enfrentamento:do nosso lado, claro.


Beth Monteiro

quinta-feira, 1 de maio de 2014

SOMOS GOVERNADOS POR BANDIDOS E SEUS COMPARSAS

No decurso do último década, o banco  britânico  HSBC colaborou com os cartéis da droga do México e da Colômbia - responsáveis por dezenas de milhares de assassínios com armas de fogo - na lavagem de dinheiro,  num montante de cerca de 880 bilhões de dólares.

 As relações comerciais do banco com os cartéis da droga perduraram, apesar das dezenas de notificações e avisos de diversas agências governamentais dos EUA (entre as quais o OCC - Office of the Comptroller of the Currency).

Os lucros obtidos não só levaram o HSBC a ignorar os avisos, mas, pior ainda, a abrir balcões especiais no México, onde os narcotraficantes podiam depositar caixas cheias de dinheiro vivo, para facilitar o processo de branqueamento.

 Apesar da atitude abertamente provocatória do HSBC contra a lei, as consequências legais da sua colaboração direta com as organizações criminosas foram praticamente nulas. Em Dezembro de 2012, o HSBC teve de pagar uma multa de 1900 milhões de dólares - o que equivale a uma semana de receitas do banco - para fechar o processo de branqueamento.

Nem um só dirigente ou empregado foi sujeito a procedimento criminal, embora a colaboração com organizações terroristas ou a participação em atividades ligadas ao narcotráfico sejam passíveis de cinco anos de prisão. Ser dirigente de um grande banco dá direito a carta branca para facilitar, com total impunidade, o tráfico de drogas pesada, ou outros crimes.

E pensar  que bancos são os maiores financiadores de campanhas eleitorais  para  garantirem a eleição de governos cúmplices de sua bandidagem, que colaborem com o  saque a seus próprios países. Mas esses governantes  "não  fazem  isto por maldade":  uns e umas até juram que amam o seu povo, que governam para os trabalhadores, que são de esquerda etc . Eles fazem isso por submissão e por ganância, ou seja,  em troca de muita grana, não só para suas campanhas eleitorais, mas, também, para suas contas particulares.

Para ficarem milionários, políticos vendidos, que representem as elites e tenham alguma chance no processo eleitoral viciado,  nem precisam mais ganhar eleições: basta serem candidatos e funcionarem como antagonistas dos mesmos projetos e programas de governo que “combatem”, criando assim uma falsa polarização que leve  os eleitores a  serem obrigados a optarem por um  “mal menor”

Eric Hobsbawm  escreveu sobre  a “Era das Revoluções”, a “Era dos Extremos”, a “Era do Capital” e a “Era dos Impérios”.  Agora, acho que chegou a hora de completar sua obra, escrevendo sobre  a “Era do Cinismo” ou da Falta de Vergonha na Cara.

Beth Monteiro

Fonte: CADTM – Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo.