quarta-feira, 15 de outubro de 2014

GRITANDO AO VENTO


Aécio Neves dialoga com um enorme contingente da classe média que vê nos ataques aos cerca de 40 milhões de brasileiros, que ganham salário mínimo, a fórmula ideal para melhorar seu padrão de vida. Embora muitos da classe média reacionária dependam de emprego para sobreviverem, sonham em ser grandes empreendedores e passam a raciocinar com o cérebro do mercado, ou seja, de que um brutal ataque àqueles que historicamente não têm condições de se mobilizar em defesa dos seus direitos (aposentados e dependentes de programas sociais), vai resolver seus problemas.
O principal mecanismo para conter a inflação, mas que na verdade, era para conter as mobilizações e greves, utilizados por FHC, foi o desemprego, incentivado pelos juros altos, que supostamente atrairiam investidores e resolveriam o problema. Não resolveu, mas cumpriu o papel de aplastar as lutas: quase não houve greves durante os dois mandatos de FHC.
Estes são os mecanismos que o PSDB continuará utilizando, sempre prometendo à classe média, que a alta dos juros e o desemprego são “excelentes” meios de atrair investimentos. Só quem é cego não vê que em mais de 30 anos , esta política econômica só serviu para falir países. Basta olhar para o “Primeiro Mundo” : Europa e EUA exibem taxas de desemprego recordes.
Mesmo assim, os governos neoliberais europeus não desistem deste tipo de política econômica porque isto é fundamental para manter os trabalhadores quietos, enquanto as ruas se agitam com JOVENS DESEMPREGADOS QUE GRITAM AO VENTO, mas não têm o poder de pressão de uma Greve Geral por exemplo.
O PROBLEMA NÃO É DILMA OU AÉCIO. O Problema é a falência do capitalismo e é contra ele que temos que fortalecer nossas organizações para lutar e ter condições de vencer. Neste sentido, o voto NULO é plenamente justificável.
O QUE DILMA E AÉCIO QUEREM?
NOS DERROTAR
O QUE QUEREMOS?
DERROTAR OS DOIS
E COMO QUEREMOS? Organizando os desempregados para lutarem?
Beth Monteiro

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O QUE NOS RESTA?

                                                                                                    por Beth Monteiro
Defender uma das alternativas de governo, que se apresentam neste Segundo Turno das eleições, não faz sentido porque, independentemente de quem ganhar, O CAPITAL FINANCEIRO VAI CONTINUAR CHUPANDO O SANGUE DO POVO BRASILEIRO. Aécio, só para se mostrar mais submisso, oferecerá um canudo maior, mas se vai sustentar isto, é outra história.
UMA PARTE DA ESQUERDA ACHA QUE AINDA É POSSÍVEL ESPREMER ALGUMAS GOTAS DESTE BAGAÇO, através de reformas ou remendos. Mas, na verdade, só existem duas opções: ou os trabalhadores derrubam a ordem burguesa decadente e podre, ou o capital, para garantir sua própria sobrevivência, vai ser obrigado, pelas circunstâncias, a substituir a democracia pelo fascismo.
O alinhamento do PT com os BRICs ou Mercosul é uma falácia. O alinhamento é com o imperialismo norte-americano. Dilma se recusou a mandar tropas ao Iraque para ajudar os EUA “combaterem” ISIS, entretanto mantém as tropas brasileiras no Haiti, a “pedido” dos EUA. Aécio não só vai manter as tropas no Haiti, como deverá se alinhar aos EUA no “combate” ao ISIS, no Iraque e na Síria.
DILMA TENTA COMBATER A INFLAÇÃO COM BAIXOS SALÁRIOS, JUROS MENORES E MAIS CRÉDITOS, o que faz com que as pessoas tenham acesso a bens de consumo, à custa do brutal endividamento das famílias. Portanto, estes mecanismos estão se exaurindo.
AÉCIO TENTARÁ CONTER A INFLAÇÃO, ARROCHANDO OS SALÁRIOS, AUMENTANDO OS JUROS (com FHC chegou a 45%), o que abrirá as portas para o desemprego.
A REFORMA DA PREVIDÊNCIA, visando o fim das pensões e o aumento da idade mínima para a aposentadoria , será uma PAUTA IMPORTANTE PARA AMBOS.
Com o aprofundamento da crise do capitalismo em nível mundial, tanto Dilma como Aécio serão obrigados a reduzir ainda mais o já minguado reajuste e aumento do Salário Mínimo e a cortar direitos, e mesmo diminuir os programas sociais.
Portanto, só resta aos trabalhadores votar NULO e apostar NA LUTA e na RESISTÊNCIA aos ataques que continuarão e vão se intensificar com qualquer um dos dois. O voto NULO, nesta terrível circunstância, ao menos, mostrará a quem for eleito que não estamos para brincadeira e que não vamos aceitar pacificamente os ataques de qualquer um dos dois.

AGORA É VOTO NULO!


Nota oficial da RPR sobre o segundo turno da eleição presidencial
                                                                                                   10 de Outubro de 2014
Impressionante notar como a realidade histórica é dinâmica. A duas, três semanas atrás, todos analistas políticos mais sérios e razoáveis apontavam para um segundo turno entre Dilma e Marina, com vitória certa da segunda candidata. Marina tinha a faca e o queijo na mão, e deixou escapar a presidência. Verdade que o PT foi muito eficiente em sua contra-campanha, fazendo com que Marina viesse a ter um índice de rejeição ainda maior que o de Dilma, mas devemos dizer: Marina por si só se queimou. De contradição em contradição, de promessa desesperada em promessa desesperada, ela mostrou ao eleitor a fragilidade de sua candidatura, a farsa que mantinha por detrás do discurso de uma ''nova política''.
A nova política de Marina é a velha política dos tucanos, travestida de um discurso verde bem incipiente. Pra chegar ao poder, Marina abriu mão de várias pautas de seu programa inicial, afagou ''Malafaias'' e homens do agronegócio, pra não falar de sua relação com a acionista Neca Setúbal e o especulador George Soros, da Monsanto.
A neotucana Marina, não por acaso, se abrigou em um velho partido da ordem que agora faz coro para Aécio. Ontem, em reunião de sua executiva nacional, a Rede Sustentabilidade aprovou definição de nenhum voto em Dilma, liberando seus filiados ao voto em Aécio.
Essa nova política não tem nada de sustentável. Vigora aqui a mesma lógica dos financiamentos de banqueiros e empreiteiras, de coligação com partidos da direita e da extrema-direita, de aproximação com setores ultra-conservadores e intolerantes.
Dilma, por sua vez, é como o sujo que fala do mal-lavado. O PT é um dos partidos com mais financiamentos de empreiteiras; tem uma relação muito tranquila com a bancada ruralista, uma relação cada vez mais estável com a bancada evangélica; segue implementando a mesma política econômica de seus antecessores, com juros altos, salários defasados, superávit primário pro pagamento de juros e amortizações da dívida, o que consome mais de 40% do orçamento da união, etc.
O que esperar de um, governo desse? Dilma e o PT são progressistas só no discurso. Na prática, aplicam a mesma política de sempre. É o mesmo entreguismo de sempre.
A diferença está na vontade das elites mais tradicionais, que, embora estejam ganhando com Dilma, preferem ganhar com Aécio e o PSDB, que tem um um posicionamento abertamente neoliberal, privatista e imperialista.
Não vemos diferença de agendas entre os candidatos. Uma parcela razoável da esquerda prefere dar voto útil em Dilma contra Aécio, alegando um iminente risco de retrocesso caso os tucanos voltem ao poder. Não é o que pensamos. Avaliamos que os poderosos que se beneficiam do governo Dilma seriam os mesmos poderosos que se beneficiariam numa suposta gestão tucana. Porque o PT chegou no poder mas continuou governando para a mesma minoritária e privilegiada camada da população. Uma alteração de gestão seria apenas um revezamento de poder. É como trocar seis por meia dúzia. No caso, troca-se de grupo político na gerência de plantão do capital e da ditadura de classe da burguesia; troca-se um governo de frente popular por um governo tradicional da burguesia.
Complicado de nossa parte chamar voto em Dilma. O que vamos falar às nossas bases no primeiro semestre de 2015, quando Dilma começar a atacar os direitos da classe trabalhadora para garantir os ajustes fiscais que o mercado exige? Seja de Dilma ou de Aécio, do PT ou do PSDB, o próximo governo será um governo dos ricos, dos especuladores, dos rentistas.
Não podemos nutrir nenhuma expectativa no PT. Esse partido já se degenerou e já traiu os trabalhadores de todas as formas possíveis. Caso eleito, no ano que vem aumentará os preços e estagnará os salários.
Não podemos criar ilusões nas massas operárias. Não podemos optar por um suposto mal menor. É preciso fazer política revolucionária com responsabilidade e coerência.
A campanha de Luciana Genro, por exemplo, apesar de muito esclarecedora aos denunciar os partidos da ordem, falhou ao fazer crer que seria possível levar o Psol ao segundo turno, ou, ainda, que seria possível vencer e ter governabilidade. Mesmo Zé Maria passava essa impressão em suas entrevistas. Rui Pimenta e Mauro Iasi foram mais educativos nesse sentido. Em suas falas, era possível notar que uma candidatura de esquerda revolucionária só faz sentido se existir para dialogar e organizar a classe para as lutas que virão.
Nós, da RPR, fizemos uma campanha revolucionária, apresentando pautas transitórias ao socialismo, evidenciando, para os nossos contatos, que não é possível mudar o capitalismo por dentro, mas que temos que vislumbrar uma ruptura com o atual sistema se de fato quisermos um mundo novo, de igualdade e justiça.
Pode parecer algo abstrato, de nossa parte, falar em socialismo, revolução, justiça social, etc. Para sermos mais pragmáticos, podemos afirmar que nenhuma das candidaturas desse segundo turno, nem mesmo a candidatura do PT, expressam qualquer ponto que represente ganhos efetivos pra classe trabalhadora. Não seríamos sectários ou puristas ao ponto de nos agarrar à princípios sem levar em consideração a qualidade de vida da população e os direitos civis mais elementares. Mas não é isso que está em jogo aqui. Quem dera pudéssemos barganhar melhores condições de vida, melhores salários, redução dos aluguéis, políticas públicas de transporte, saneamento básico, etc.
Mas, verdade seja dita, o PT está rendido para o sistema. Só nos resta o voto nulo. Vamos nos abster dessa escolha entre o ruim e o menos pior.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O avanço do conservadorismo e a contraposição classista

                                                                                             por Beth Monteiro

NÃO SE TRATA DE UM FENÔMENO BRASILEIRO, cuja maioria do povo é politicamente analfabeto, O CONSERVADORISMO CRESCE também nos países politicamente mais avançados.
Há poucos meses atrás estávamos surpresos com os resultados para o Parlamento Europeu, com a vitória dos fascistas e da extrema-direita em vários países, sendo que na França o fascismo extrapolou, com a vitória da extrema-direita de Marine Le Pen , do Partido Nacional Francês que se tornou a primeira força política do país.
AINDA ONTEM, EM PARIS e outras cidades, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em uma demonstração de apoio aos valores tradicionais da família e contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
EM CONTRAPARTIDA, VIMOS O CRESCIMENTO DAS MANIFESTAÇÕES DE MASSA, não só no Brasil como na Europa: o 15M, a Marcha da Dignidade; e na Turquia. Mas esses movimentos de massa contra os governos de plantão também não se transformaram automaticamente em votos à esquerda, pelo contrário, na Turquia, Erdogan foi reeleito.
Mas, ao contrário da Europa, não houve, no Brasil, um crescimento dos votos nulos e brancos, que se mantiveram nos mesmos patamares das últimas eleições. Não se deve contabilizar as abstenções, pois como o voto  no Brasil é obrigatório, abstenções se devem a diversos fatores que impedem os eleitores de comparecerem às urnas, tendo que justificar seus votos.
OS PARTIDOS DA OPOSIÇÃO DE ESQUERDA CUMPRIRAM SEU OBJETIVO que é participar de um processo viciado, colocando o dedo na ferida, denunciando as falcatruas e apresentando suas propostas dentro do espaço cada vez mais reduzido pela uso da força desproporcional do poder do dinheiro e do aparato do Estado.
Os resultados, portanto, foram muito bons, independentemente de quantos parlamentares foram eleitos. Os poucos que conseguiram entrar, com certeza, serão uma força a mais no dia a dia da luta de classe, que tende a se intensificar à medida que os ataques aos direitos e às poucas conquistas dos trabalhadores também se intensificarem.


Na foto: passeata da extrema direita em Paris