por Mário Medina
O refluxo pode durar um
tempo razoável, mas o ascenso social vem, necessariamente, em algum
momento de crise. E no Brasil é chegado o momento oportuno das
sublevações populares, sobretudo das juventudes dos grandes meios
urbanos, que continuam sem perspectivas de mudança dentro da atual
conjuntura política de pseudo regime democrático, que lhes sufoca
com repressão e meios de controle social para lhes enquadrar dentro
de um sistema viciado, onde vigora todo tipo de exploração sobre as
classes mais pauperizadas.
Mas tem uma hora que a
bomba explode. E a ideologia dominante não tem sido capaz de conter a
revolta. As manifestações por todo o país começaram com a bandeira
da tarifa zero no transporte público, com os estudantes se rebelando
contra o aumento abusivo e injustificável dos preços das passagens,
mas transbordou o temário inicial após a resposta truculenta das
policias militares a serviço dos governos locais, e, na última
semana, colocou dezenas de milhares de manifestantes nas ruas das
maiores cidades do país.
Deste modo as
manifestações ganharam um caráter nacional e multitudinário, graças às demandas sociais que não tem sido contempladas pelo regime
democrático burguês, que mais se caracteriza por uma ditadura
velada dos interesses dos grandes capitalistas, que estão por trás
do governo de Dilma e dos politiqueiros locais que lhes servem como
testas de ferro no plano político.
O que está em jogo para
os estudantes e trabalhadores que saem às ruas já não é tão
somente o preço abusivo do transporte, mas a luta pelo direito de se
manifestar sem sofrer repressão; acompanhada de toda uma gama de
reivindicações sociais de uma classe que não aguenta mais viver e
ser tratada como gado, vítima dos vis interesses financeiros dos que
dominam os meios de produção e o sistema político.
Agora o que está em
jogo é o descontentamento massivo com os gastos da Copa; o
descontentamento social com o sucateamento dos serviços públicos,
tais como a saúde, a educação, a previdência; o descontentamento
da juventude com o desemprego, com os salários rebaixados que não
cobrem as perdas inflacionárias e que assim penalizam os
trabalhadores, lhes tirando poder de compra, lhes impondo uma vida de
privações e necessidades.
Repito: uma hora a
bomba explode. E a burguesia no governo, com suas pífias manobras
políticas, não é capaz de conter o ascenso das massas, e assim se
encontra num impasse. Dilma e os picaretas do congresso nacional
assumem um discurso ameno e moderado diante das convulsões sociais.
Os politiqueiros bem sabem que tem de tratar de colocar panos quentes
sobre a revolta se quiserem mesmo contornar a situação e
permanecerem no poder.
A grande mídia dos
poderosos já não eh capaz de manobrar a opinião publica com tanto
êxito, não diante de tamanha crise social e política, e assim
capitula diante da cruel realidade e adere à um discurso cínico e
conciliatório, tratando como jovens politizados e conscientes os que
outrora tachavam de vândalos.
Diante de tudo que está
colocado, é imperativo concluir que está na hora da classe
trabalhadora e da esquerda tomarem o poder e transformarem a
sociedade de classes numa sociedade igualitária, de assumirem a
liderança da revolução social e o processo de transição ao
socialismo. Só numa sociedade socialista será possível ter vida
plenamente digna e com verdadeira liberdade.
A tarefa colocada para a esquerda revolucionária é dirigir o descontentamento das massas para uma politização e conscientização que se converta em práxis revolucionária, organizando os elementos revoltosos da sociedade em torno de um projeto de sociedade socialista.
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