sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Resistir é preciso!

                                                                                                   por Mário Medina

Com o país em recessão econômica, o governo arrecada menos impostos. Mas a máquina continua onerosa; afinal, os programas, as pastas ministeriais, tudo isso deveria continuar funcionando. Com crise ou sem crise, o governo tem um compromisso estabelecido com a sociedade; ao menos com a parcela da sociedade que nele depositou seu voto nas eleições.


Todavia o povo não pode contar com seu governo. Antes da crise orçamentária vir plenamente à tona, com o envio do orçamento deficitário ao congresso, Dilma já havia retirado verba de áreas como saúde e educação; já havia passado as MP`s 664 e 665, etc.
Agora a discussão entre executivo e legislativo gira em torno de manobras financeiras para criar caixa, até porque eles trazem consigo o ``dever``, a tarefa de gerar superávit primário, ou seja, de garantir o pagamento dos juros da divida aos seus financiadores de campanha banqueiros. Para tanto, ou criam impostos ou cortam mais gastos. Os políticos dizem que vão diminuir o inchaço da máquina, que vão cortar ministérios, cargos comissionados. Mas aos espectadores menos ingênuos desse tétrico enlace está claro que nada disso passa de jogo de cena.
A CPMF está prestes a ser ressuscitada pelo núcleo duro do governo; a CIDE, o imposto da gasolina, também. Enquanto isso vem mais cortes em áreas estratégicas, vem a Agenda Brasil ameaçando aposentadorias, e por aí vai. Até cortes em programas sociais como Minha Casa, minha vida estão sendo ponderados.
A situação do governo é delicada frente aos ataques da oposição golpista, verdade, mas nada justifica que o ônus da crise seja lançado sobre os ombros dos pobres e dos trabalhadores. Dilma e o PT poderiam ter guinado à esquerda e bancado posições mais progressistas, o que não aconteceu. A capitulação dos governistas aos interesses espúrios da elite é de fazer vergonha alheia.
Por ora, a cantilena continua a mesma que vínhamos apontando em textos e análises anteriores: a velha direita e o imperialismo desejam um governo mais submisso aos seus interesses, um governo ainda mais neoliberal, austero com os trabalhadores e pródigo com banqueiros e rentistas.
Se Dilma não der a mão a palmatória, é retirada, ou ameaçada de impedimento em seu governo, como queiram. Enquanto isso a Policia Federal segue no encalço de Lula e medidas judiciais são ensaiadas para que sua candidatura em 2018 seja inviabilizada.
Óbvio que a esquerda revolucionaria se opõe aos acintes golpistas da velha direita, mas não fazemos e nunca faremos a defesa política de um governo que cede aos algozes direitistas para abandonar a classe trabalhadora à própria sorte. Estamos certos de que um golpe seria um retrocesso, diante das conquistas populares, da superação do regime militar, etc. Mas, note o leitor, já há um tremendo retrocesso de direitos sendo perpetrado pelas movimentações descritas acima. Como dissemos anteriormente, de certo modo o golpe já está sendo dado.
Quem paga o preço são os trabalhadores. Se por um lado Dilma vem sendo alvo da direita, por outro, a classe trabalhadora se torna alvo das medidas impopulares de Dilma. E, mais, fragilizada por não contar com uma direção sindical e política que a defenda a contento, essa classe trabalhadora se vê paralisada frente à crise que a encosta contra a parede. O desemprego é alarmante e as contas aumentam com a inflação. Aliás, as mesmas taxas básicas de juros, que aumentam a divida pública, fazem crescer as dívidas das classes menos abastadas
Estaremos atentos às próximas movimentações. Muitos nos perguntam: Mas vai ter golpe mesmo? Respondemos que depende. Particularmente acho difícil, na medida em que Dilma abre mão de qualquer autonomia para ceder às vontades da ala opositora. O importante agora é construir, ou melhor, continuar construindo redes de participação e organização políticas da classe trabalhadora, como os servidores públicos do Rio Grande do Sul fazem agora para se contrapor aos ataques de Sartori, por exemplo; e que os próximos desafios não nos encontrem desprevenidos.
Diante da crise sistêmica, os capitalistas vão querer manter seus lucros a qualquer custo. Estejamos preparados para resistir!

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