quinta-feira, 5 de junho de 2014

Dois pesos e duas medidas... / DUPLOS PADRÕES À DIREITA E À ESQUERDA: ELEIÇÕES LEGÍTIMAS E ILEGÍTIMAS


                                                          por Beth Monteiro

IRAQUE - A Comunidade Internacional reconhece como legítima a eleição parlamentar que aconteceu num momento em que o país se afunda de novo em um ciclo de brutal derramamento de sangue. Pela terceira vez , Nouri al-Maliki, pode ser o Primeiro Ministro. A embaixada dos EUA disse que a eleição foi "um testemunho da coragem e resistência do povo iraquiano, e um outro marco no desenvolvimento democrático do Iraque".

AFEGANISTÃO - As eleições estão sendo consideradas legítimas e democráticas apesar de os talibãs ameaçarem com ataques o segundo turno da eleição presidencial, previsto para 14 de junho. Além disso, nas vastas áreas do país controladas pelos guerrilheiros, não há votação.

LÍBIA – Várias eleições, todas reconhecidas como legítimas pela Comunidade Internacional, mesmo sendo realizadas em apenas algumas partes do país que enfrenta o separatismo e a luta entre mais de 200 grupos terroristas e tribais que controlam regiões inteiras.

EGITO – A comunidade Internacional reconheceu, e os EUA até cumprimentaram efusivamente o presidente eleito, em um pleito organizado por um governo interino surgido de um golpe militar, na qual só participaram 47% dos eleitores cadastrados.

SÍRIA – A comunidade Internacional NÃO RECONHECE as eleições, em que participaram mais 70% dos eleitores cadastrados, dos quais 88,7% votaram em Al-Assad, argumentando que foram organizadas por um regime ditatorial, em um país devastado por uma guerra civil, onde parte do território está sendo controlado por terroristas financiados pelo imperialismo.

UCRÂNIA – As eleições presidenciais foram prontamente reconhecidas como legítimas pela Comunidade Internacional, mesmo sendo realizadas em um país em plena guerra civil separatista e por um governo interino surgido de um golpe de Estado fascista que está bombardeando seu próprio povo.

Washington considera legítima e até mesmo inspiradora, a realização de eleições em países conflagrados, desde que o resultado das mesmas atendam aos seus interesses, caso contrário, serão tachadas de ilegítimas, ou mesmo uma farsa que não merece o menor crédito, que deve ser denunciada amplamente pela mídia e, como em todos os demais assuntos internacionais, é seguido automaticamente pela ONU e demais Organismos Internacionais controlados pelo imperialismo.

Do ponto de vista dos Estados Unidos, EM CERTOS PAÍSES, O POVO TÊM DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO E EM OUTROS NÃO. Assim, no Kosovo e no Sudão do Sul este é um direito inalienável de uma nação; já na Crimeia, Odessa , Mariupol ou Donetsk o que existe é um separatismo reacionário que visa enfraquecer um país, agravando sua crise econômica.

Até aqui, nada de surpreendente. Já estamos acostumados com a hipocrisia do imperialismo ainda hegemônico; o que é surpreendente é ver estas mesmas análises, muitas vezes até com os mesmos termos depreciativos em relação a governos de países que não agradam à casa Branca, em jornais, panfletos, sites, blogs e documentos de um setor da esquerda shachtmanista ou maindanista.

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