por Mário Medina
Os professores da rede municipal de
São Paulo encerraram hoje uma greve que durou 42 dias. Com o salário defasado
desde 2007, a categoria reivindica reajustes e melhores condições
de trabalho e projetos pedagógicos.
O prefeito Haddad, do PT, mandou
cortar o ponto dos docentes que aderiram a greve, fato que tem gerado
atrito entre professores e diretores de escola, por estes últimos
estarem encarregados de discriminar grevistas de não grevistas. Mas
existem diretores em greve, e existem diretores que se negam a cortar
ponto de seus professores.
O corte do ponto é uma medida
extremamente autoritária e antipopular, o que gera frustração e
rompimento político-ideológico da base da categoria com o PT, haja
visto que boa parte foi eleitora de Haddad em 2012. O último corte de
ponto foi feito na gestão de Jânio Quadros, em 1986. Ou seja, Haddad
retrocedeu como gestões de direita não ousaram retroceder, o que
desmistifica a lenda de que gestões petistas são alternativas menos
piores em vista das candidaturas da ordem estabelecida.
A bancada de vereadores do PT, da
mesma forma intransigente, também não deu sinais de vínculos
classistas com os professores. Rejeitaram votar uma incorporação de
abono ao salário da categoria. O único vereador que se aproxima dos
interesses da categoria é Toninho Vespoli do Psol. Eventuais
propostas da bancada da direita não passam de postura de fachada com
intuito de fazer oposição.
Professores, profissionais da
educação, pais de alunos e estudantes estão fazendo a experiência
da típica negligência das gestões comprometidas com as forças
capitalistas que negam direitos a população. Não é possível
encontrar saída por dentro da institucionalidade. Os poucos mandatos
combativos estão isolados em meio aos politiqueiros profissionais.
Mesmo no sindicato, o peso da
burocracia é tremendo. O presidente do sindicato, Cláudio Fonseca,
foi vereador pelo PPS e é pelego de longa data, responsável por um
aparelhamento ferrenho, que nega espaço para a oposição e a base
da categoria. Fonseca já teve de sair escoltado pela PM de uma
assembleia que manipulou para contrariar o desejo da maioria da
categoria, que, à época rejeitava sair de uma greve.
A direção pelega não mobiliza o
que deveria mobilizar e impede o quanto pode que a oposição
desenvolva o trabalho necessário. Setores mais combativos da
oposição reivindicam que o aumento salarial necessário para cobrir
perdas inflacionárias seria de cerca de 35%. Também defendem que o
número máximo de alunos por sala de aula diminua dos atuais 35 para
25 ou 20; pedem o fim do Mais Educação, projeto da prefeitura que
precariza relações trabalhistas; o fim da concessão do ensino
infantil para redes privadas, o que rebaixa o salário dos
educadores; e o fim das políticas de abono empregadas pela
prefeitura, que tem por finalidade não liberar aumentos que cubram as
perdas inflacionárias.
Nem seria preciso dizer que nós da
RPR nos solidarizamos com a categoria. Entendemos ser extremamente
necessária uma real política de valorização do trabalho docente e
da educação como um todo. Reivindicamos justiça social e 10% do
PIB pra educação já!
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