terça-feira, 3 de junho de 2014

PT corta ponto de professores grevistas em São Paulo



                                                                             por Mário Medina
Os professores da rede municipal de São Paulo encerraram hoje uma greve que durou 42 dias. Com o salário defasado desde 2007, a categoria reivindica reajustes e melhores condições de trabalho e projetos pedagógicos.
O prefeito Haddad, do PT, mandou cortar o ponto dos docentes que aderiram a greve, fato que tem gerado atrito entre professores e diretores de escola, por estes últimos estarem encarregados de discriminar grevistas de não grevistas. Mas existem diretores em greve, e existem diretores que se negam a cortar ponto de seus professores.
O corte do ponto é uma medida extremamente autoritária e antipopular, o que gera frustração e rompimento político-ideológico da base da categoria com o PT, haja visto que boa parte foi eleitora de Haddad em 2012. O último corte de ponto foi feito na gestão de Jânio Quadros, em 1986. Ou seja, Haddad retrocedeu como gestões de direita não ousaram retroceder, o que desmistifica a lenda de que gestões petistas são alternativas menos piores em vista das candidaturas da ordem estabelecida.
A bancada de vereadores do PT, da mesma forma intransigente, também não deu sinais de vínculos classistas com os professores. Rejeitaram votar uma incorporação de abono ao salário da categoria. O único vereador que se aproxima dos interesses da categoria é Toninho Vespoli do Psol. Eventuais propostas da bancada da direita não passam de postura de fachada com intuito de fazer oposição.
Professores, profissionais da educação, pais de alunos e estudantes estão fazendo a experiência da típica negligência das gestões comprometidas com as forças capitalistas que negam direitos a população. Não é possível encontrar saída por dentro da institucionalidade. Os poucos mandatos combativos estão isolados em meio aos politiqueiros profissionais.
Mesmo no sindicato, o peso da burocracia é tremendo. O presidente do sindicato, Cláudio Fonseca, foi vereador pelo PPS e é pelego de longa data, responsável por um aparelhamento ferrenho, que nega espaço para a oposição e a base da categoria. Fonseca já teve de sair escoltado pela PM de uma assembleia que manipulou para contrariar o desejo da maioria da categoria, que, à época rejeitava sair de uma greve.
A direção pelega não mobiliza o que deveria mobilizar e impede o quanto pode que a oposição desenvolva o trabalho necessário. Setores mais combativos da oposição reivindicam que o aumento salarial necessário para cobrir perdas inflacionárias seria de cerca de 35%. Também defendem que o número máximo de alunos por sala de aula diminua dos atuais 35 para 25 ou 20; pedem o fim do Mais Educação, projeto da prefeitura que precariza relações trabalhistas; o fim da concessão do ensino infantil para redes privadas, o que rebaixa o salário dos educadores; e o fim das políticas de abono empregadas pela prefeitura, que tem por finalidade não liberar aumentos que cubram as perdas inflacionárias.
Nem seria preciso dizer que nós da RPR nos solidarizamos com a categoria. Entendemos ser extremamente necessária uma real política de valorização do trabalho docente e da educação como um todo. Reivindicamos justiça social e 10% do PIB pra educação já!


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