por Mário Medina
A polêmica em torno da indicação
da candidatura de Maringoni pra governador, ao invés de Safatle,
como era esperado, dividiu o partido ao meio em São Paulo. Safatle
era consenso entre a militância, mas entrou em desacordo com a
majoritária do partido e deixou a candidatura escapar.
Sim, exatamente assim. Deixou
escapar, pois tinha tudo para emplacar a candidatura sem que ninguém
colocasse objeção alguma. Mas Safatle deixou o ego falar mais alto,
exigiu muito e titubeou quando era preciso ter firmeza. Evidente que
faltou experiência e traquejo político ao jovem
Safatle, mas também lhe faltou a têmpera revolucionaria que só os
anos de militância podem conferir a um quadro político.
Não tenho nada contra a juventude de
Safatle, muito pelo contrário. Eu sou jovem, nem mesmo cheguei na
casa dos trinta anos. E considero os militantes jovens de extrema
importância para o desenvolvimento das fileiras da esquerda e para o
processo revolucionário.
Mas verdade seja dita, Safatle nunca
foi um militante orgânico da esquerda. Entrou no partido às vésperas
de expirar o prazo para a filiação. Entrou pra ser candidato.
Em mais de uma ocasião falei em
instâncias partidárias que precisávamos valorizar mais o
intelectual orgânico que o intelectual acadêmico sem vinculo
histórico com o partido. É o intelectual orgânico que constrói o
partido na sua base, nos núcleos, com seu histórico militante, no
dia-dia de seus trabalhos de base.
Trazer uma figura pública de fora
pra lançar como candidato não é problema algum, desde que hajam
critérios, desde que a candidatura tenha plena disposição de
centralizar-se sem desrespeitar as deliberações coletivas. E
Safatle não foi capaz disso. Não teve essa grandeza.
Ainda há tempo oportuno para
retratar-se. Ainda ha tempo para que Bloco de esquerda e corrente
majoritária se reúnam para um dialogo maduro e fraterno com vistas
a corrigir os erros e chegar a um bom termo, com espírito de
camaradagem pra resgatar a unidade.
Nós da RPR somos pela unidade. É
por isso que estamos no Psol e que construímos esse partido. Não
fazemos objeção da candidatura de Safatle, muito embora tenhamos
ponderado a respeito de seus deslizes. Mas nos reservamos o direito
da crítica, e a fazemos inclusive porque acreditamos no potencial do
companheiro e queremos vê-lo crescendo como militante socialista.
Não queremos endeusar Safatle, como
equivocadamente fazem algumas correntes do Bloco de esquerda do
partido, do mesmo modo que não queremos demonizá-lo, como outros
companheiros da majoritária fazem na infantil tentativa de dar o
debate por encerrado para indicar quem bem entendem, sem considerar o
desejo das bases.
Se por um lado os companheiros do
Bloco de Esquerda tem uma análise superestimada do papel de Safatle no
diálogo com as massas, pintando-o de grande interlocutor da ``nova
esquerda`` junto a população que foi para as ruas nas jornadas de
Junho; os companheiros da majoritária demonstram não ter sabedoria
suficiente para dialogar e propor.
Seja Safatle ou Maringoni a
encabeçar a nossa chapa ao governo do estado, queremos e exigimos
uma campanha que dialogue com as ruas, uma campanha capaz de
responder aos anseios das massas, uma campanha anti-capitalista e
revolucionária, sem nutrir falsas esperanças junto às massas, mas
esclarecendo-as e convencendo-as da estratégia socialista; sem
chamar voto no PT no segundo turno, sem isentar Padilha e seu partido
das denúncias que cabem por ocasião de sua alianca com Maluf. O Psol
não pode ser mero coadjuvante subordinado ao PT nas eleições. Nosso
candidato ao governo deverá estar afinado com a candidatura
presidencial, apontando a necessidade de rompimento com o sistema
perverso no qual vivemos.
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