quarta-feira, 4 de junho de 2014

Polêmica Safatle / Debate interno do Psol


                                                                     por Mário Medina
A polêmica em torno da indicação da candidatura de Maringoni pra governador, ao invés de Safatle, como era esperado, dividiu o partido ao meio em São Paulo. Safatle era consenso entre a militância, mas entrou em desacordo com a majoritária do partido e deixou a candidatura escapar.
Sim, exatamente assim. Deixou escapar, pois tinha tudo para emplacar a candidatura sem que ninguém colocasse objeção alguma. Mas Safatle deixou o ego falar mais alto, exigiu muito e titubeou quando era preciso ter firmeza. Evidente que faltou experiência e traquejo político ao jovem Safatle, mas também lhe faltou a têmpera revolucionaria que só os anos de militância podem conferir a um quadro político.
Não tenho nada contra a juventude de Safatle, muito pelo contrário. Eu sou jovem, nem mesmo cheguei na casa dos trinta anos. E considero os militantes jovens de extrema importância para o desenvolvimento das fileiras da esquerda e para o processo revolucionário.
Mas verdade seja dita, Safatle nunca foi um militante orgânico da esquerda. Entrou no partido às vésperas de expirar o prazo para a filiação. Entrou pra ser candidato.
Em mais de uma ocasião falei em instâncias partidárias que precisávamos valorizar mais o intelectual orgânico que o intelectual acadêmico sem vinculo histórico com o partido. É o intelectual orgânico que constrói o partido na sua base, nos núcleos, com seu histórico militante, no dia-dia de seus trabalhos de base.
Trazer uma figura pública de fora pra lançar como candidato não é problema algum, desde que hajam critérios, desde que a candidatura tenha plena disposição de centralizar-se sem desrespeitar as deliberações coletivas. E Safatle não foi capaz disso. Não teve essa grandeza.
Ainda há tempo oportuno para retratar-se. Ainda ha tempo para que Bloco de esquerda e corrente majoritária se reúnam para um dialogo maduro e fraterno com vistas a corrigir os erros e chegar a um bom termo, com espírito de camaradagem pra resgatar a unidade.
Nós da RPR somos pela unidade. É por isso que estamos no Psol e que construímos esse partido. Não fazemos objeção da candidatura de Safatle, muito embora tenhamos ponderado a respeito de seus deslizes. Mas nos reservamos o direito da crítica, e a fazemos inclusive porque acreditamos no potencial do companheiro e queremos vê-lo crescendo como militante socialista.
Não queremos endeusar Safatle, como equivocadamente fazem algumas correntes do Bloco de esquerda do partido, do mesmo modo que não queremos demonizá-lo, como outros companheiros da majoritária fazem na infantil tentativa de dar o debate por encerrado para indicar quem bem entendem, sem considerar o desejo das bases.
Se por um lado os companheiros do Bloco de Esquerda tem uma análise superestimada do papel de Safatle no diálogo com as massas, pintando-o de grande interlocutor da ``nova esquerda`` junto a população que foi para as ruas nas jornadas de Junho; os companheiros da majoritária demonstram não ter sabedoria suficiente para dialogar e propor.
Seja Safatle ou Maringoni a encabeçar a nossa chapa ao governo do estado, queremos e exigimos uma campanha que dialogue com as ruas, uma campanha capaz de responder aos anseios das massas, uma campanha anti-capitalista e revolucionária, sem nutrir falsas esperanças junto às massas, mas esclarecendo-as e convencendo-as da estratégia socialista; sem chamar voto no PT no segundo turno, sem isentar Padilha e seu partido das denúncias que cabem por ocasião de sua alianca com Maluf. O Psol não pode ser mero coadjuvante subordinado ao PT nas eleições. Nosso candidato ao governo deverá estar afinado com a candidatura presidencial, apontando a necessidade de rompimento com o sistema perverso no qual vivemos.

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