terça-feira, 24 de março de 2015

Eleições 2014 / Retrospectiva


Destacamos abaixo trechos de artigos publicados no blog da RPR à época das últimas eleições presidenciais. Artigos assinados ou por Mário Medina, dirigente em São Paulo, ou por Beth Monteiro, que, meses depois, pediu afastamento da organização. Nosso intuito é retomar esses trechos com vistas a elucidar melhor o debate em torno da caracterização que temos do governo Dilma, das diferenças e semelhanças entre PT e PSDB, e da nossa posição favorável ao voto nulo.

''A esquerda rachou, com ligeira vantagem numérica da opcão pelo voto nulo sobre a opcão pelo voto crítico em Dilma. A questao aqui é delicada. A base ficou dividida entre as deliberacoes de voto nulo da maioria das direcções e o medo da volta dos tucanos. Mas uma hora o PT vai sair do poder. Tudo o que discutimos agora será retomado em breve, até porque Dilma corre o risco de não chegar ao fim do mandato, e vamos nos deparar outras vezes entre o ruim e o menos pior, entre os ataques desferidos pela frente popular do PT e a iminente volta da direita tradicional.
Mas esse não é ponto central. Tudo isso é circunstancial e as divergências táticas fazem parte da diversidade política que existe na esquerda brasileira. O ponto central é saber como lidar com a necessidade de construir uma alternativa revolucionária no país, independentemente da conjuntura política que estará posta. Essa alternativa passa pela unidade da esquerda. Existe um sem número de partidos e correntes, mas também existe mais de uma dezena de centrais sindicais, existe uma gama imensa de movimentos sociais, e existe uma desarticulação que impede o avanço geral da classe e dos oprimidos.''  
http://resistenciapolularrevolucionaria.blogspot.com.br/2014/11/buscar-unidade-e-seguir-lutando.html

 ''O alinhamento do PT com os BRICs ou Mercosul é uma falácia. O alinhamento é com o imperialismo norte-americano. Dilma se recusou a mandar tropas ao Iraque para ajudar os EUA “combaterem” ISIS, entretanto mantém as tropas brasileiras no Haiti, a “pedido” dos EUA. Aécio não só vai manter as tropas no Haiti, como deverá se alinhar aos EUA no “combate” ao ISIS, no Iraque e na Síria.''

''Portanto, só resta aos trabalhadores votar NULO e apostar NA LUTA e na RESISTÊNCIA aos ataques que continuarão e vão se intensificar com qualquer um dos dois. O voto NULO, nesta terrível circunstância, ao menos, mostrará a quem for eleito que não estamos para brincadeira e que não vamos aceitar pacificamente os ataques de qualquer um dos dois.''
http://resistenciapolularrevolucionaria.blogspot.com.br/2014/10/o-que-nos-resta.html

'' Dilma, por sua vez, é como o sujo que fala do mal-lavado. O PT é um dos partidos com mais financiamentos de empreiteiras; tem uma relação muito tranquila com a bancada ruralista, uma relação cada vez mais estável com a bancada evangélica; segue implementando a mesma política econômica de seus antecessores, com juros altos, salários defasados, superávit primário pro pagamento de juros e amortizações da dívida, o que consome mais de 40% do orçamento da união, etc.
O que esperar de um, governo desse? Dilma e o PT são progressistas só no discurso. Na prática, aplicam a mesma política de sempre. É o mesmo entreguismo de sempre.
A diferença está na vontade das elites mais tradicionais, que, embora estejam ganhando com Dilma, preferem ganhar com Aécio e o PSDB, que tem um um posicionamento abertamente neoliberal, privatista e imperialista.
Não vemos diferença de agendas entre os candidatos. Uma parcela razoável da esquerda prefere dar voto útil em Dilma contra Aécio, alegando um iminente risco de retrocesso caso os tucanos voltem ao poder. Não é o que pensamos. Avaliamos que os poderosos que se beneficiam do governo Dilma seriam os mesmos poderosos que se beneficiariam numa suposta gestão tucana. Porque o PT chegou no poder mas continuou governando para a mesma minoritária e privilegiada camada da população. Uma alteração de gestão seria apenas um revezamento de poder. É como trocar seis por meia dúzia. No caso, troca-se de grupo político na gerência de plantão do capital e da ditadura de classe da burguesia; troca-se um governo de frente popular por um governo tradicional da burguesia.
Complicado de nossa parte chamar voto em Dilma. O que vamos falar às nossas bases no primeiro semestre de 2015, quando Dilma começar a atacar os direitos da classe trabalhadora para garantir os ajustes fiscais que o mercado exige? Seja de Dilma ou de Aécio, do PT ou do PSDB, o próximo governo será um governo dos ricos, dos especuladores, dos rentistas.
Não podemos nutrir nenhuma expectativa no PT. Esse partido já se degenerou e já traiu os trabalhadores de todas as formas possíveis. Caso eleito, no ano que vem aumentará os preços e estagnará os salários.
Não podemos criar ilusões nas massas operárias. Não podemos optar por um suposto mal menor. É preciso fazer política revolucionária com responsabilidade e coerência.''
http://resistenciapolularrevolucionaria.blogspot.com.br/2014/10/agora-e-voto-nulo.html

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