A TR apoia a luta do valorosos companheiros estudantes da Unesp. Nos solidarizamos com suas causas e manifestamos nosso repúdio à reitoria que solicitou a presença da tropa de choque para evacuar o prédio ocupado pelos manifestantes.
O movimento estudantil da Universidade Estadual Paulista Julio de
Mesquita Filho vem por meio desta explicar os motivos pelos quais
decidimos pela ocupação da reitoria.
Diante de um movimento que
perdura mais de três meses, o movimento estudantil da UNESP vêm a
público denunciar e lutar contra este projeto de universidade ...que
está posto, elucidando a enorme crise que se estende por esta
instituição. Totalizamos hoje 10 câmpus em greve estudantil, que são:
Ourinhos, Marilia, Assis, Botucatu, Franca, São José do Rio Preto,
Bauru, Rio Claro, Araraquara e São Paulo.
A nossa luta defende a
valorização da educação pública a fim de construir uma universidade
democrática, a serviço do povo e com condições de acesso e permanência
para as classes trabalhadoras que historicamente são excluídas deste
espaço. Queremos políticas efetivas de permanência e de assistência
estudantil, como restaurante universitário, moradia estudantil e bolsas
de auxilio socioeconômicas e também por uma política de cotas inclusiva,
não à repressão aos movimentos sociais, paridade nas instâncias
deliberativas, reajuste e isonomia salarial para funcionários e
professores.
Para além dos problemas de estrutura da
universidade, os ataques ao movimento estudantil se mostram
inaceitáveis. Em curto periodo de mobilização, vemos casos de
sindicâncias absurdas. Em Araraquara, seis estudantes foram expulsos da
moradia estudantil. Em Franca, 31 foi o número de estudantes que estão
em processo de sindicância, por mais de oito meses, por se manifestarem
politicamente. Houve também em Rio Claro, recentemente, o caso de
reintegraçãoo de posse no campus contra uma ocupação pacífica, em que
houve quatro processos judiciais contra estudantes, os quais somente
foram cancelados diante de pressão política. Todos estes processos são
embasados em provas e argumentos falhos, contestáveis e enviezados que
criminalizam o movimento que é legítimo, tendo como única intenção punir
aqueles que se manifestam politicamente e coagir a organização do
movimento estudantil.
Não menos importante, temos também o
ataque do governo do Estado de São de Paulo como o projeto do PIMESP
(Programa de Inclusao por Merito no Ensino Superior do Estado de Sao
Paulo), o qual impõe uma barreira à verdadeira inclusão nas
universidades por meio das cotas. Este projeto impõe um curso
semi-presencial de dois anos para a inclusão de alunos cotistas, o que
representa um enorme racismo e subestima a capacidade do estudante
cotista, além de não oferecer uma real complementação ao conhecimento
deste aluno, devido à grade que tem cursos como Gestão de tempo,
Empreendedorismo entre outros.
Durante o período de greves e
ocupações, a reitoria demonstrou seu caráter intransigente nas
negociações. Poucas das nossas pautas foram atendidas e mesmo diante da
grave situação em que se encontra nossa universidade, o reitor Júlio
César Durigan se ausentou em férias por quinze dias e, na data de hoje, o
mesmo entra em férias novamente, deixando claro o descaso e falta de
diálogo da reitoria para com o movimento que se instaurou na UNESP por
professores, funcionários e estudantes.
Em anterior ocupação da
reitoria, no dia 27 de junho, após a negociação com a vice-reitora em
exercício da reitoria Marilza Vieira Cunha Rudge, o movimento entendeu
que tivemos poucos avanços nas pautas. A maioria delas foram somente
encaminhadas à outras instâncias, nas quais não possuímos participação
igualitária.
Alem disso, foi necessária uma nova reunião no dia
12 de julho, com a presença do reitor, para que esses acordos fossem
reafirmados. O que deixou claro, mais uma vez, a postura da reitoria de
postergar as negociações e deliberações.
Nossa luta não se
pauta em privilégios, mas sim por direitos que deveriam ser garantidos
pela universidade permitindo um ensino público acessível e de qualidade.
As pautas do movimento estudantil são históricas, o que indica
problemas que historicamente são herdados. O que demonstra a necessidade
da luta por meio de ações diretas como greves, ocupações,
manifestações, dentre outros. Logo, esses são métodos legítimos de luta
dos movimentos sociais.
A reitoria continua se mostrando
negligente frente aos problemas que afetam a comunidade acadêmica. Nós
não desocuparemos o prédio enquanto nossas pautas não forem atendidas,
portanto, exigimos da reitoria ações objetivas e imediatas. Para isso,
as atividades na reitoria estão suspensas durante o período de ocupação.
Convocamos todos os alunos e outros movimentos sociais, que se
solidarizam às nossas pautas, a compor o nosso movimento de ocupação.
Nossa luta é legitima e não aceitaremos migalhas!
A Luta Continua!!!
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