domingo, 20 de abril de 2014

Eleições 2014 / Perspectivas para o processo eleitoral e tarefas da esquerda para o período

                                                                 Por Mário Medina / RPR-São Paulo

As condições materiais da classe trabalhadora continuam péssimas, e essa mesma classe não vislumbra e não pode vislumbrar mudanças significativas por dentro do regime da democracia burguesa. As máscaras estão caindo. Às vésperas de mais um processo eleitoral e na expectativa midiática da sucessão presidencial, pesquisas revelam a contínua e crescente insatisfação popular com o governo Dilma e sua respectiva queda nas intenções de voto. De modo que a vitória de Dilma no primeiro turno, a previsão mais provável até então, começa a ser colocada em xeque, o que leva muitos petistas a clamarem por um volta Lula antecipado, coisa que o sapo barbudo segue negando veementemente.
A análise eleitoral mais plausível é de que a vitoria de Dilma, a despeito de sua crescente impopularidade, com o advento de uma copa do mundo imposta goela abaixo da população que clama por serviços públicos de qualidade, só se justifica mesmo por falta de alternativas minimamente viáveis.
Aécio e Campos/Marina, as outras duas ''grandes'' candidaturas colocadas pelas forças da ordem, evidentemente não representam um projeto politico substancialmente diferente do que está posto com as três gestões consecutivas do PT, que, por sua vez, não passam de continuismo com relação as gestões tucanas anteriores, com algumas especificidades próprias de um governo de frente popular, ou seja, de uma fachada carismática e popular para a continuidade da ditadura de classe da burguesia, a manutenção de uma política macro-econômica que prioriza os negócios das elites em detrimento da qualidade de vida do cidadão comum.
A maioria da população, e isso os números mostram, as manifestações de rua, as greves, tudo mostra, está cada vez mais insatisfeita com o PT, o que configura uma grande frustração em vista do que o PT representava no imaginário popular, na expectativa de um governo protagonizado por eminentes figuras dos períodos de resistência ao regime militar, de redemocratização, etc.
Esse povo só continua a votar no PT por considerá-lo um mal menor. De fato, os tucanos são os gerentes de plantão dos sonhos da retrógrada elite nacional, que só recorreu ao PT pra evitar sublevações populares de grande vulto, e, assim, seguir implementando o velho receituário do imperialismo ianque no país.
Porque a elite brasileira se ressente da origem proletária do PT, porque essa elite nojenta não suporta ver movimentos sociais com a envergadura do MST, por exemplo, negociar tão de perto com o planalto, porque desejariam um governo mais alinhado a seus pressupostos, com uma política exterior abertamente agressiva com os vizinhos pobres e nacionalistas da América Latina, com uma política interna abertamente higienista e truculenta com os pobres e os movimentos populares.
O PT ainda faz o meio de campo; por enquanto segue sendo o mais eficiente elemento de conciliação de classes, fazendo a contenção de revoltas que poderiam ser sistemáticas e de forte caráter organizativo. Por tudo isso que o PT segue no poder.
Aécio, em sua campanha, fará coro com a pequena burguesia reacionária e egocêntrica. Certamente cooptará setores menos politizados da classe média, mas não deverá dar muito trabalho ao PT. Eduardo Campos, com Marina como papagaio de pirata, impossibilitada de lançar sua própria candidatura, deverá encenar o papel da ''terceira via'', com características de uma frente popular de segunda linha, tentando se valer do fato de ser candidato pela primeira vez, com baixos índices de rejeição e ao lado da mulher que conseguiu 20 milhões de votos na eleição anterior. Mas também não deve fazer páreo à candidatura de Dilma.
Pastor Everaldo, do PSC de Feciliano, deverá despontar como o candidato oficial dos intolerantes mais fascistóides, e promete surpreender com margem de votos superior a expressão política de seu partido; sinal de que a intolerância e a ignorância surgirão com certo enlevo no pleito, de que os conservadores fascistoides estão bem vivos por aí, querendo abocanhar a justa indignação social. A esquerda deve ser taxativa ao desnudar o verdadeiro caráter desses setores ultra-reacionários. Silenciar diante do fenômeno da intolerância e do preconceito seria um erro de graves consequências no processo de batalha por hegemonia.
A frente de esquerda, diante de toda conjuntura, aparece como a melhor tentativa de expressar eleitoralmente o programa da esquerda brasileira. Superar divergências históricas em nome da unidade é a melhor forma de apresentar uma alternativa ao que está posto; sem falsas esperanças, denunciando o caráter farsesco desse pleito viciado, mas se valendo da visibilidade pra marcar posição, colocando pra classe trabalhadora a expectativa de uma ruptura com esse sistema, a possibilidade do poder popular e do socialismo como única alternativa pra livrar nosso país do caos que  vigora.
Nesse sentido, conclamamos a esquerda a uma frente ampla e democrática, com candidatura presidencial única, mas com toda uma base de sustentação ideológica e programática, afim de mostrarmos a que viemos; com coesão, mas também com participação e discussão interna, de rica contribuição ao debate da revolução brasileira, com muita camaradagem e luta!

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