Por Mário Medina / RPR-São Paulo
As condições materiais da classe trabalhadora continuam péssimas, e essa mesma classe não vislumbra e não pode vislumbrar mudanças significativas por dentro do regime da democracia burguesa. As máscaras estão caindo. Às vésperas de mais um processo eleitoral e na expectativa midiática da sucessão presidencial, pesquisas revelam a contínua e crescente insatisfação popular com o governo Dilma e sua respectiva queda nas intenções de voto. De modo que a vitória de Dilma no primeiro turno, a previsão mais provável até então, começa a ser colocada em xeque, o que leva muitos petistas a clamarem por um volta Lula antecipado, coisa que o sapo barbudo segue negando veementemente.
A análise eleitoral mais
plausível é de que a vitoria de Dilma, a despeito de sua crescente
impopularidade, com o advento de uma copa do mundo imposta goela abaixo da
população que clama por serviços públicos de qualidade, só se justifica mesmo
por falta de alternativas minimamente viáveis.
Aécio e Campos/Marina, as outras
duas ''grandes'' candidaturas colocadas pelas forças da ordem, evidentemente
não representam um projeto politico substancialmente diferente do que está
posto com as três gestões consecutivas do PT, que, por sua vez, não passam de
continuismo com relação as gestões tucanas anteriores, com algumas
especificidades próprias de um governo de frente popular, ou seja, de uma
fachada carismática e popular para a continuidade da ditadura de classe da
burguesia, a manutenção de uma política macro-econômica que prioriza os
negócios das elites em detrimento da qualidade de vida do cidadão comum.
A maioria da população, e isso os
números mostram, as manifestações de rua, as greves, tudo mostra, está cada vez
mais insatisfeita com o PT, o que configura uma grande frustração em vista do
que o PT representava no imaginário popular, na expectativa de um governo
protagonizado por eminentes figuras dos períodos de resistência ao regime
militar, de redemocratização, etc.
Esse povo só continua a votar no
PT por considerá-lo um mal menor. De fato, os tucanos são os gerentes de
plantão dos sonhos da retrógrada elite nacional, que só recorreu ao PT pra
evitar sublevações populares de grande vulto, e, assim, seguir implementando o
velho receituário do imperialismo ianque no país.
Porque a elite brasileira se
ressente da origem proletária do PT, porque essa elite nojenta não suporta ver
movimentos sociais com a envergadura do MST, por exemplo, negociar tão de perto
com o planalto, porque desejariam um governo mais alinhado a seus pressupostos,
com uma política exterior abertamente agressiva com os vizinhos pobres e nacionalistas
da América Latina, com uma política interna abertamente higienista e truculenta
com os pobres e os movimentos populares.
O PT ainda faz o meio de campo;
por enquanto segue sendo o mais eficiente elemento de conciliação de classes,
fazendo a contenção de revoltas que poderiam ser sistemáticas e de forte
caráter organizativo. Por tudo isso que o PT segue no poder.
Aécio, em sua
campanha, fará coro com a pequena burguesia reacionária e egocêntrica. Certamente cooptará
setores menos politizados da classe média, mas não deverá dar muito trabalho ao
PT. Eduardo Campos, com Marina como papagaio de pirata, impossibilitada de
lançar sua própria candidatura, deverá encenar o papel da ''terceira via'', com
características de uma frente popular de segunda linha, tentando se valer do
fato de ser candidato pela primeira vez, com baixos índices de rejeição e ao
lado da mulher que conseguiu 20 milhões de votos na eleição anterior. Mas
também não deve fazer páreo à candidatura de Dilma.
Pastor
Everaldo, do PSC de Feciliano, deverá despontar como o candidato oficial dos
intolerantes mais fascistóides, e promete surpreender com margem de votos
superior a expressão política de seu partido; sinal de que a intolerância e a
ignorância surgirão com certo enlevo no pleito, de que os conservadores
fascistoides estão bem vivos por aí, querendo abocanhar a justa indignação
social. A esquerda deve ser taxativa ao desnudar o verdadeiro caráter desses
setores ultra-reacionários. Silenciar diante do fenômeno da intolerância e do preconceito
seria um erro de graves consequências no processo de batalha por hegemonia.
A frente de
esquerda, diante de toda conjuntura, aparece como a melhor tentativa de
expressar eleitoralmente o programa da esquerda brasileira. Superar
divergências históricas em nome da unidade é a melhor forma de apresentar uma
alternativa ao que está posto; sem falsas esperanças, denunciando o caráter
farsesco desse pleito viciado, mas se valendo da visibilidade pra marcar
posição, colocando pra classe trabalhadora a expectativa de uma ruptura com
esse sistema, a possibilidade do poder popular e do socialismo como única
alternativa pra livrar nosso país do caos que vigora.
Nesse sentido,
conclamamos a esquerda a uma frente ampla e democrática, com candidatura
presidencial única, mas com toda uma base de sustentação ideológica e
programática, afim de mostrarmos a que viemos; com coesão, mas também com
participação e discussão interna, de rica contribuição ao debate da revolução
brasileira, com muita camaradagem e luta!
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