INDEPENDÊNCIA Nacional
ou autodeterminação dos povos são palavras que soam bonito e, são, sobretudo, lutas
muito justas. Mas para serem implementadas, é preciso, antes de tudo, observarmos as condições econômicas de
um determinado país, a situação mundial e a correlação de forças entre a
burguesia e os trabalhadores. Caso contrário, correremos o risco de, ao gritar
pelas justas revindicações dos povos de países subalternos, acabarmos por
perseguir o isolamento numa época de transnacionalização econômica.
Imagine que os
trabalhadores de uma grande empresa, em
vias de serem maciçamente demitidos, realizem uma greve de ocupação e comecem
a dizer que “NEM PATRÕES , NEM GOVERNO”
,mesmo sabendo que a empresa em questão
é uma transnacional e que seus produtos são fabricados para exportação, que ao assumirem a gestão da fábrica não conseguirão que nenhum país compre seus produtos e que os fornecedores de
matéria prima, deixarão de envia-las. E
pior, que os bancos não continuarão financiando a produção.
E se ainda assim,
eles insistissem que o governo não
poderia assumir a empresa porque é um governo burguês corrupto, isso não
passaria de uma tentativa maluca de
praticar o “socialismo numa só fábrica” que, no final das contas, acabaria causando o fechamento da empresa sem que eles
recebessem sequer as indenizações
trabalhistas.
Nenhum país pode
sobreviver isoladamente, mesmo os de economia planificada (socialistas). Quando
se trata de escolher parceiros comerciais (importação e exportação), os
empresários escolhem aqueles os que melhor
atendam a seus interesses ou garantam seus lucros. Na Ucrânia, existem grandes
empresários (os famosos oligarcas) que veem mais vantagens em negociar com a
Rússia, enquanto outros acham que lucram mais negociando com a União Europeia. Um acordo com a Federação Russa ou com a UE
não impede este tipo de negócios. Se fosse assim, o Brasil não poderia exportar nada para a Alemanha ou França
e vice-versa.
A UE tem um único interesse na Ucrânia: acesso a sua mão de
obra qualificada e barata para a qual tem um plano bizarro de superexploração
para que esta mão de obra fique ainda mais barata. A Rússia tem interesse
geopolítico na Ucrânia: impedir que seu
território seja porta de entrada para as Forças da NATO, e tenha acesso ao território russo. Os EUA têm ,
também, interesse geopolítico na região:
plantar suas bases militares lá e terem
fácil acesso ao território russo.
Por isso, o acordo econômico com os países da Ásia, liderado pela
Rússia, é mais vantajoso para os trabalhadores ucranianos. A Rússia
prefere dar os anéis para não perder os dedos : abrir mão de maiores lucros de
suas empresas e maior exploração dos trabalhadores ucranianos para se manter
como nação soberana, sem ter à sua porta,
o aparato nuclear dos Estados Unidos.
Se a correlação de forças entre o proletariado e a burguesia
ucraniana não é favorável aos
trabalhadores, resta a eles optarem pela sua própria sobrevivência, garantindo
seus direitos e avançando na luta por melhores condições de vida e, neste
contexto, construir uma direção
revolucionária internacionalista que seja capaz de apontar o caminho para sua
vitória, e não para o seu suicídio enquanto classe.
Beth Monteiro.
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