quinta-feira, 10 de abril de 2014

UCRÂNIA: NEM WASHINGTON NEM MOSCOU. RUMO AO CAPITALISMO NUM SÓ PAÍS

 INDEPENDÊNCIA Nacional ou autodeterminação dos povos são palavras que soam bonito e, são, sobretudo, lutas muito  justas. Mas para serem  implementadas, é preciso, antes de  tudo, observarmos as condições econômicas de um determinado país, a situação mundial e a correlação de forças entre a burguesia e os trabalhadores. Caso contrário, correremos o risco de, ao gritar pelas justas revindicações dos povos de países subalternos, acabarmos por perseguir o isolamento numa época de transnacionalização  econômica.
Imagine  que os trabalhadores de  uma grande empresa, em vias de serem maciçamente demitidos, realizem uma greve de ocupação e comecem a  dizer que “NEM PATRÕES , NEM GOVERNO” ,mesmo sabendo que  a empresa em questão é uma transnacional e que seus produtos são fabricados para  exportação, que ao assumirem a gestão da  fábrica não conseguirão que nenhum país  compre seus produtos e que os fornecedores de matéria prima,  deixarão de envia-las. E pior, que os bancos não continuarão financiando a produção.
E  se ainda assim, eles insistissem que o governo  não poderia assumir a empresa porque é um governo burguês corrupto, isso não passaria de uma tentativa  maluca de praticar o “socialismo numa só fábrica” que, no final das contas, acabaria  causando o fechamento da empresa sem que eles recebessem sequer  as indenizações trabalhistas.

Nenhum país  pode sobreviver isoladamente, mesmo os de economia planificada (socialistas). Quando se trata de escolher parceiros comerciais (importação e exportação), os empresários escolhem aqueles os  que melhor atendam a seus interesses ou garantam seus lucros. Na Ucrânia, existem grandes empresários (os famosos oligarcas) que veem mais vantagens em negociar com a Rússia, enquanto outros acham que lucram mais negociando com a União Europeia.  Um acordo com a Federação Russa ou com a UE não impede este tipo de negócios. Se fosse assim, o Brasil não poderia  exportar nada para a Alemanha ou França e  vice-versa.

A UE tem um único interesse na Ucrânia: acesso a sua mão de obra qualificada e barata para a qual tem um plano bizarro de superexploração para que esta mão de obra fique ainda mais barata. A Rússia tem interesse geopolítico na Ucrânia: impedir que  seu território seja porta de entrada para as Forças da NATO, e tenha  acesso ao território russo. Os EUA têm , também,  interesse geopolítico na região: plantar  suas bases militares lá e terem fácil acesso ao território russo.

 Por isso, o acordo  econômico com os países da Ásia, liderado pela Rússia, é mais vantajoso para os trabalhadores ucranianos. A Rússia prefere dar os anéis para não perder  os dedos : abrir mão de maiores lucros de suas empresas e maior exploração dos trabalhadores ucranianos para se manter como nação soberana, sem ter à sua porta,  o aparato nuclear dos Estados Unidos.

Se a correlação de forças entre o proletariado e a burguesia ucraniana  não é favorável aos trabalhadores, resta a eles optarem pela sua própria sobrevivência, garantindo seus direitos e avançando na luta por melhores condições de vida e, neste contexto, construir  uma direção revolucionária internacionalista que seja capaz de apontar o caminho para sua vitória, e não para o seu suicídio enquanto classe.


Beth Monteiro.

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