terça-feira, 14 de abril de 2015

Criar poder popular!!!

                                                                                                               por Mário Medina
O 12 de Abril tucano-direitista foi um fiasco.  A direita não sabe mesmo fazer manifestação. O 15 de Março impressionou a muitos, com mais gente na rua que no Fora Collor, mas não teve a continuidade necessária pra barganhar com o parlamento o impeachment de Dilma.
Tive a impressão que os manifestantes de agora conformam um grupo de direitistas mais empedernidos. Basta ver que Bolsonaro foi ovacionado no ato da Avenida Paulista, mesmo lugar onde a truculenta tropa de choque da PM posava para selfies com manifestantes.
Se no ato do mês passado ainda havia alguns eleitores de Dilma indignados com as políticas de austeridade pós vitoria eleitoral, nesse ato só sobraram os que flertam mais de perto com a agenda tucano-direitista, uma turma que não está em disputa por assim dizer. Não foi à toa que o Planalto comemorou o fiasco, e os ministros mais próximos de Dilma julgam que o momento mais crítico passou.
A direita colocou multidões na rua a troco de meses de articulação e organização políticas. Isso não bastou pra derrubar o governo eleito. E, na tentativa de ao menos manter as multidões em ordem de batalha para continuar com as esperanças golpistas, mostrou sua debilidade.
Amanhã, dia 15, haverá atos da esquerda contra as medidas antipopulares do governo e contra o avanço conservador. E, todos verão, que com muito menos esforço a esquerda põe a direita no chinelo.
Mas isso também não nos basta, porque colocar a esquerda na rua vez ou outra não nos impede de ver o governo petista cassar nossos direitos de classe conquistados a duras penas por gerações e gerações de lutadores sociais.
Não nos basta desmoralizar a direita nas ruas. É necessário avançar na organização política da esquerda e da classe trabalhadora pra desmoralizar a direita por completo. Esse governo Dilma é o retrato da direita mais funcional no momento. Existem setores da direita que desejam ardorosamente o impeachment da gestão que aí está, mas existe toda uma gama de rentistas e patrões que estão muito satisfeitos com os serviços prestados por Dilma.
Alias, os golpistas nem precisam mais derrubar Dilma formalmente. O golpe já esta sendo dado. É só notar que Dilma perdeu o congresso para o PMDB, perdeu o senado para o PMDB, entregou a articulação política ao vice-presidente Michel Temer, também do PMDB, lançou mão de uma política de ajustes fiscais que faz inveja aos ideais tucanos, etc. Derrubar Dilma agora seria mera formalidade.
Agora o PT vai sair desgastado, de modo que ate Lula terá grandes dificuldades pra ganhar as eleições de 2018. Notem a indicação de Obama para que Lula seja o novo presidente da ONU. A jogada é tirar Lula do páreo em 2018 e pavimentar a derrota eleitoral do PT. O PT é deposto aqui mas leva a ONU como prêmio de consolação por seus bons serviços prestados ao imperialismo.
A esquerda precisa endurecer contra as forças da reação,  precisa abandonar os lapsos governistas, precisa romper com as ilusões reformistas. Não podemos nos acomodar pensando que não temos alternativas reais de poder. O poder popular tem de ser construído nas lutas, em comitês de fabrica, em comitês populares nos bairros operários. A tarefa agora é construir a unidade da esquerda e barrar o avanço da direita.

Como os camaradas do Comitê Paritário tem dito, é preciso criar uma frente antifascista e antigolpista, inclusive com os partidos governistas, pra evitar o mal pior do golpismo e suas possíveis implicações contra a classe trabalhadora, mas sem nutrir nenhuma expectativa no PT, pontuando bem as diferenças programáticas, sem se confundir com a defesa ao governo criminoso de Dilma. Ter clareza disso é essencial pra nos afastar tanto do sectarismo, do diletantismo ultra-esquerdista, como do governismo capitulador.

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