por Mário Medina
O 12 de Abril tucano-direitista foi um fiasco. A direita não sabe mesmo fazer manifestação.
O 15 de Março impressionou a muitos, com mais gente na rua que no Fora Collor,
mas não teve a continuidade necessária pra barganhar com o parlamento o
impeachment de Dilma.
Tive a impressão que os manifestantes de agora conformam um
grupo de direitistas mais empedernidos. Basta ver que Bolsonaro foi ovacionado
no ato da Avenida Paulista, mesmo lugar onde a truculenta tropa de choque da PM
posava para selfies com manifestantes.
Se no ato do mês passado ainda havia alguns eleitores de
Dilma indignados com as políticas de austeridade pós vitoria eleitoral, nesse
ato só sobraram os que flertam mais de perto com a agenda tucano-direitista,
uma turma que não está em disputa por assim dizer. Não foi à toa que o Planalto
comemorou o fiasco, e os ministros mais próximos de Dilma julgam que o momento
mais crítico passou.
A direita colocou multidões na rua a troco de meses de
articulação e organização políticas. Isso não bastou pra derrubar o governo
eleito. E, na tentativa de ao menos manter as multidões em ordem de batalha
para continuar com as esperanças golpistas, mostrou sua debilidade.
Amanhã, dia 15, haverá atos da esquerda contra as medidas
antipopulares do governo e contra o avanço conservador. E, todos verão, que com
muito menos esforço a esquerda põe a direita no chinelo.
Mas isso também não nos basta, porque colocar a esquerda na
rua vez ou outra não nos impede de ver o governo petista cassar nossos direitos
de classe conquistados a duras penas por gerações e gerações de lutadores
sociais.
Não nos basta desmoralizar a direita nas ruas. É necessário
avançar na organização política da esquerda e da classe trabalhadora pra
desmoralizar a direita por completo. Esse governo Dilma é o retrato da direita
mais funcional no momento. Existem setores da direita que desejam ardorosamente
o impeachment da gestão que aí está, mas existe toda uma gama de rentistas e
patrões que estão muito satisfeitos com os serviços prestados por Dilma.
Alias, os golpistas nem precisam mais derrubar Dilma
formalmente. O golpe já esta sendo dado. É só notar que Dilma perdeu o
congresso para o PMDB, perdeu o senado para o PMDB, entregou a articulação
política ao vice-presidente Michel Temer, também do PMDB, lançou mão de uma
política de ajustes fiscais que faz inveja aos ideais tucanos, etc.
Derrubar Dilma agora seria mera formalidade.
Agora o PT vai sair desgastado, de modo que ate Lula terá
grandes dificuldades pra ganhar as eleições de 2018. Notem a indicação de Obama
para que Lula seja o novo presidente da ONU. A jogada é tirar Lula do páreo em
2018 e pavimentar a derrota eleitoral do PT. O PT é deposto aqui mas leva a ONU
como prêmio de consolação por seus bons serviços prestados ao imperialismo.
A esquerda precisa endurecer contra as forças da
reação, precisa abandonar os lapsos
governistas, precisa romper com as ilusões reformistas. Não podemos nos
acomodar pensando que não temos alternativas reais de poder. O poder popular
tem de ser construído nas lutas, em comitês de fabrica, em comitês populares
nos bairros operários. A tarefa agora é construir a unidade da esquerda e
barrar o avanço da direita.
Como os camaradas do Comitê Paritário tem dito, é preciso
criar uma frente antifascista e antigolpista, inclusive com os partidos
governistas, pra evitar o mal pior do golpismo e suas possíveis implicações
contra a classe trabalhadora, mas sem nutrir nenhuma expectativa no PT, pontuando
bem as diferenças programáticas, sem se confundir com a defesa ao governo
criminoso de Dilma. Ter clareza disso é essencial pra nos afastar tanto do
sectarismo, do diletantismo ultra-esquerdista, como do governismo capitulador.
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