por Mário Medina
Complicado ser
militante da esquerda revolucionária no Brasil. Os coxinhas e os
ultraesquerdistas nos acusam de governistas. Os governistas, os
petistas, etc, nos acusam de conspirar com a direita, ou nos chamam de
extremados, de utópicos.
Mas pra fazer política revolucionária
importa analisar com frieza a conjuntura e optar pelo caminho mais
favorável à classe trabalhadora. E muita gente que se diz de esquerda
parece bem mais preocupada com a impressão alheia do que com qualquer
outra coisa.
Mas, verdade seja dita, a despeito da confusão geral,
a esquerda continua extremamente fracionada e a crise de direção é cada
vez mais patente no seio da nossa classe.
Nós, da RPR, por
exemplo, somos filiados ao Psol, que é composto por um grande número de
correntes, que, em comum, só tem mesmo a legenda partidária, porque cada
uma é filiada à uma central sindical diferente. Todas elas encasteladas
em seus aparelhos sindicais, bem como PSTU, PCB, PCO, etc.
Os
fascistas avançam nas ruas e no parlamento, cooptam o governo cada vez
mais, que por sua vez esfola o povo com mais austeridade... e o que a
esquerda tem feito? Muito pouco.
É preciso fazer uma autocrítica
aqui, aparar arestas e compor unidade pra frear o ascenso da direita. Ou
a classe trabalhadora terá de amargar ainda mais retrocessos. É por
isso que reiteramos o chamado do Comitê Paritário à uma frente única
antigolpista e antifascista; é por isso que endossamos a necessidade de
um ato de unidade da esquerda no próximo dia 15, pra fazer frente aos
golpistas, ao mesmo tempo que rechaçamos esse governo entreguista e
submisso de Dilma e PT.
Não se trata de defender Dilma do
impeachment, mas de pontuar que esse impeachment do PSDB-PMDB, defendido
veementemente pela elite branca desse país, não nos contempla, que esse
impeachment abriria precedentes ao golpismo.
É
preciso sair às ruas, pintar às ruas de vermelho, construir
alternativas de poder popular, ganhar a consciência das massas e barrar
todos os ataques dos traidores do PT.
Se é pra chamar Fora Dilma, então que haja Fora Alckmin em São Paulo; Fora Pezão no Rio, Fora Richa no Paraná, etc, etc.
Não
queremos Dilma, mas também não queremos Michel Temer presidente, não
queremos a oposição de direita empoderada. Isso é tão lógico, meu Deus.
Por que não existe essa clareza?
Ninguém aqui está conformado com
tarifaços, retirada de recursos da educação e da saúde, retirada de
direitos trabalhistas. Queremos e vamos pra cima do PT e do governo, mas
não são só as cabeças petistas que tem de rolar. É preciso ganhar a
massa na rua e varrer o Brasil da politicagem burguesa.
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