quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

UCRÂNIA: UMA REVOLUÇÃO POR QUIMERAS

                                             
                                                                                                        por Beth Monteiro, RPR/ Rio de Janeiro

Mergulhada em uma crise terminal, a cambaleante União Europeia é vista como ideal de prosperidade e democracia para os ucranianos. Será que eles não veem o que está acontecendo na Grécia?

Que democracia é essa, da UE, em que até protestos pacíficos estão sendo criminalizados em alguns países membros? Que prosperidade é essa que os ucranianos querem, ao lutarem para fazer parte de uma comunidade com os maiores índices de desemprego do mundo?

Basta olhar para o exemplo da Croácia: sua participação como um membro marginal da União Europeia, não trouxe nenhum benefício para os trabalhadores , nem para a sociedade em geral.

Mas, para os ucranianos, a UE ainda tem atrativos. Além da esperança de prosperidade e segurança, trata-se também de um símbolo de status. O ingresso na UE dará a impressão que a Ucrânia passará a ser parte de uma comunidade verdadeiramente democrática e com elevados valores éticos. Ao mesmo tempo em que a adesão, vista sem muito entusiasmo pelos europeus, serve para mostrar que a UE ainda é muito atraente, apesar da crise.

No início da década de 90, os ucranianos votaram, em plebiscito, pela saída da ex-URSS e voltaram-se alegremente para a restauração capitalista, permitindo que a nova burguesia desmantelasse as conquistas sociais dos anos de economia planificada.

A experiência com o capitalismo logo se mostrou decepcionante, principalmente para os trabalhadores. Mas o ideia que prevaleceu foi de que aquele capitalismo não é bom e que bom é o capitalismo europeu, ou seja, o padrão de vida que eles idealizavam quando aderiram à volta da economia de mercado na Ucrânia.
E, agora, aparentemente, esta chance se apresenta e o governo da Ucrânia insiste em continuar aliado ao “capitalismo russo” no qual eles creditam todas as mazelas do país. E para ir como boi para o matadouro, os ucranianos estão fazendo uma revolução.

Por que agem assim? Creio que as lantejoulas que enfeitam o capitalismo ainda exercem uma grande atração nas pessoas. Aparelhos eletrônicos, tecnologia acessíveis, roupas, perfumes, carros, utensílios domésticos com designs sofisticados, mais a propaganda de prosperidade para quem tenha talento e se dedique aos estudos torna o capitalismo da UE o ideal de vida para a população de um país em desenvolvimento, onde alimentação, moradia, educação e saúde foi um direito de todos.

Não há uma liderança clara, nem uma agenda definida. A contestação foi organizada via redes sociais e os partidos vão a reboque. A repressão acabou unindo a oposição que se limita a pedir a antecipação de eleições,. Mas, nas ruas, os manifestantes querem a queda do governo.

E por que os trabalhadores se iludem com purpurinas democráticas e são atraídos pelo brilho ilusório do consumismo como ideal de cidadania? Certamente porque não existe um contraponto à esquerda ao massacre da propaganda capitalista, que arme os trabalhadores com um programa revolucionário que aponte para o verdadeiro Socialismo, que mostre que nem o capitalismo da Rússia, nem o capitalismo da União Europeia e EUA são soluções para os problemas que enfrentam.

Pela enésima vez alguém da esquerda dirá que a Revolução não pode ser vitoriosa na Ucrânia, nem no Egito, nem na Grécia, nem em lugar nenhum porque não existe uma direção revolucionária. É verdade. Mas a pergunta que precisamos responder, urgentemente, é POR QUE NÃO EXISTE DIREÇÃO REVOLUCIONÁRIA.

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