por Mário Medina
É importante pontuarmos, antes de
mais nada, que é óbvio que lamentamos pela trágica morte do
cinegrafista Santiago Andrade. Prestamos nossos pêsames e nossa
solidariedade a família e aos colegas. Também não deixamos de
estar estarrecidos e consternados com tamanha fatalidade. De fato, é
muito triste vermos um pai de família, um trabalhador comum do povo,
morrer ao exercer sua profissão.
Todavia, sejamos justos, o incidente
não passou de uma tremenda infelicidade. O rapaz que soltou o rojão,
não tinha intenção de atingir o cinegrafista. Agora será pego
como um bode expiatório, será preso e muito provavelmente cumprirá
pena como autor de um delito, mas injustamente, haja visto que não
foi um ato deliberado acertar um rojão na cabeça de quem quer que
fosse.
Tão lamentável quanto a morte do
trabalhador, é o sensacionalismo, este sim deliberado, da mídia
burguesa. Curioso ver que rede Globo, e demais emissoras de televisão
com relevância Brasil afora, todas elas tem feito estardalhaço e se
aproveitado de forma oportunista do incidente da última
quinta-feira. E dizemos isso porque a imprensa não deu tanta
repercussão aos demais trabalhadores mortos com o advento das obras
da copa e as conseqüentes manifestações que tomaram o país.
Operários morreram em diversas
construções de estádios, vítimas da ganância dos altos
empresários e em nome do lucro a qualquer custo das empreiteiras
encarregadas de erigir os estádios para a competição, numa
tremenda incompetência do setor privado, acobertada pela conivência
e complacência do setor público, que quer passar essa copa goela
abaixo da população, com superfaturamentos, investimentos
desnecessários e direcionados para a mão de entidades privadas,
remoções forçadas e uma longa lista de prejuízos para o lado
pobre da sociedade.
Nao é a tôa que a grande mídia se
cala diante de tantas atrocidades políticas e se põe a superestimar
um acidente como o da manifestação no Rio de Janeiro. Porque a
bomba veio do lado dos manifestantes, e não da polícia criminosa de
Cabral, é que a mídia emprega tanto enlevo nas críticas aos
rapazes portadores do rojão e aos milhares de manifestantes.
Ano passado, na cidade de Belém,
uma trabalhadora gari morreu em decorrência de aspirar gás tóxico
das granadas de efeito moral da polícia, quando esta dispersava
manifestantes que se aproximavam da câmara dos vereadores.
Na época, a mídia noticiou o
ocorrido com discrição, pois se tratava de incidente relacionado à
repressão e truculência da polícia, e porque se tratava de uma
gari, ao contrário de Santiago, este ligado a uma poderosa emissora
de TV, a serviço da grande mídia, relacionado com pessoas de
influência no meio televisivo.
E agora aparece Dilma, Cabral, Paes,
todos tirando proveito com a tragédia alheia, com uma tremenda cara
de pau, posando como paladinos de uma ``democracia plural garantidora
de direitos e ferrenha inimiga da violência''.
Ora, nada mais patético e imoral,
pois que são eles os verdadeiros agentes da violência, a violência
institucionalizada do Estado, demagógica, que faz média com a
classe média e que apavora e executa jovens pretos das periferias e
dos morros.
Nosso posicionamento é de imediata
soltura dos jovens acusados de ``assassinato``. Queremos que os
verdadeiros criminosos e assassinos sejam penalizados. Quem merece
cadeia nessa historia é o fascistoide Cabral, que gerencia uma das
polícias mais violentas e preconceituosas do mundo, Paes, que quer
passar mais um injusto e criminoso reajuste das tarifas do
transporte na cidade do Rio, e Dilma, picareta-mor que tem gerenciado
os recursos públicos com mãos abertas para os capitalistas e pífias
verbas para os serviços básicos.
E mais: sem direitos, não vai ter
copa!
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