quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ucrânia e Venezuela: A tomada do poder é tarefa da esquerda

                                                                          por Mário Medina

Hoje o mundo todo volta seus olhares a dois países de diferentes continentes e de distintas conjunturas políticas, mas que, por força de distúrbios sócio-politicos que beiram a guerra civil, atraem atenção nas últimas semanas. As instabilidades sociais que assolam Ucrânia e Venezuela guardam uma característica em comum, a saber, conflitos por interesse de determinadas camadas da direita que, associadas ao imperialismo ianque, pretendem assumir ou reassumir o controle político das regiões em questão.
De um lado está a Venezuela, país atrasado da vilipendiada América Latina, velho quintal de atuação descarada e criminosa dos EUA; de outro, Ucrânia, país do leste europeu que até pouco tempo atrás formava a URSS, e que sofre duras investidas da União Européia para se afastar definitivamente da influência russa e aderir ao bloco europeu.
Ocorre que, por detrás dos interesses divergentes, todos eles sujeitos a análises políticas e interpretações complexas, que vão muito mais além do que a rasteira e ideológica mídia burguesa pretende fazer crer, um fato recorrente nos dois países em crise é o financiamento do imperialismo americano às oposições, que já contam com milícias fascistas, neonazistas, antissemitas, retrógradas e golpistas.
Muito embora a esquerda revolucionária não tenha nenhuma simpatia pela gestão centrista e reformista do chavista Maduro, muito menos pelo corrupto governo de Kiev, é nossa obrigação moral apontar para as investidas golpistas de fundo fascista, que, financiadas pelo dinheiro sujo americano, intentam derrubar governos para substituí-los por fantoches da burguesia comprometidos com interesses que contrariam as reais expectativas das massas trabalhadoras de seus países.
É fato que populares de ambos países tem tomado as ruas em busca de melhores condições de vida, o que, alem de justo, é compreensivo. Mas a que custo pode ser efetivada uma mudança nestas circunstâncias? Porque o caminho para romper ou superar regimes políticos que estão aquém das necessidades da classe trabalhadora não pode passar por regimes burgueses retrógrados e atrelados a potências imperialistas interessadas em espoliar o que for possível.
No calor dos confrontos de rua, na iminência de guerra civil ou golpe da direita, a tarefa da esquerda e da classe trabalhadora é tomar partido na defesa de seus governos. E isso nao se trata de capitulação a governos limitados de caráter dúbio e farsesco, mas de formar uma frente única que impeça o avanço de outras forças que implicariam em ainda mais retrocessos no processo hegemônico e revolucionário.
É o que nós da RPR já temos afirmado a respeito da Síria, por exemplo. Qual lado apoiar em um conflito entre Assad e oposicionistas financiados pelas potências ocidentais? Por mais que tenhamos restrições a Assad, nao tomaremos partido de gente que pretende derrubá-lo para, após isso, partilhar o governo com fantoches impostos pelos EUA.
Quando Bush invadiu o Iraque em 2003, por exemplo, nenhuma corrente revolucionária séria fez a defesa do imperialismo. Isso não queria dizer que quisessem um Iraque com Saddan Hussein no poder. Ninguém em plena sanidade tomaria partido de Bush e do massacre que estava em marcha, inclusive com todas as implicações dos anos de guerra que se sucederam, para se livrar do espectro de Saddan.

Tomar o poder e fazer a mudança necessária é tarefa intransferível da classe trabalhadora e da esquerda. A derrubada desses governos pela direita não resultaria em condições favoráveis de vida e desenvolvimento da população; pelo contrário, resultaria em políticas econômicas de austeridade e entrega dos patrimônios nacionais para a rapinagem imperialista.

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