quarta-feira, 26 de março de 2014

PARTE DA ESQUERDA ROMPE COM A TRADIÇÃO MARXISTA E CAPITULA AO ANARQUISMO

Primeiro foram os movimentos multitudinário da chamada PRIMAVERA ÁRABE, os diversos movimentos OCUPPY. Agora, as MARCHAS PELA DIGNIDADE. Apesar de toda a repressão, a burguesia não se sente de imediato ameaçada por essas manifestações, pois sabe que seus organizadores ou coordenadores apenas canalizam os traba...lhadores insatisfeitos e desempregados para protestos que não representam uma ameaça à ordem estabelecida.

Nas Marchas Pela Dignidade, na Espanha, a maioria dos principais grupos, que participaram do evento, orbitam a IU (Esquerda Unida) liderada pelo Partido Comunista, que colabora com o PSOE no governo regional da Andaluzia. Em dois anos, o governo regional cortou os gastos com a saúde em 10,8 por cento e na educação em 8,6, totalizando um corte de € 2,6 bilhões.

TODOS ESTES MOVIMENTOS TIVERAM ALGUMAS CARACTERÍSTICAS COMUNS: repúdio aos partidos e sindicatos. Em sua mensagem convocatória para a Marcha da Dignidade, a CNT (uma das principais organizadora do evento em Madri) diz : “Só será possível empreender o caminho da dignidade quando o poder residir nas assembleias, afastadas do modelo político e sindical hierárquico, de eleições e parlamentos, de liberados sindicais e de comitês... Junte-se a coluna anarcossindicalista em 22M...”

A CNT -Confederación Nacional del Trabajo- é uma união confederada de sindicatos autônomos de ideologia anarcossindicalista de Espanha de caráter transnacional que vem desempenhando um papel muito significativo dentro dos movimentos sociais relacionados com o anarquismo.

As manifestações de massa são de grande importância pelas oportunidades que abrem para fazer avançar a consciência de classe,. Mas quais foram os resultados, até agora, de manifestações populares espontâneas e sem uma direção revolucionária? Basta olhar o que acontece, no momento na Tunísia, no Egito, na Líbia e na Ucrânia, entre outros.

IMPORTANTE OBSERVAR QUE NA LÍBIA ESTÁ O MODELO MAIS ACABADO DO SONHO ANARQUISTA: a pura e simples destruição do Estado burguês como forma de alcançar a sociedade libertária, que é muito aplaudido por algumas seções da Quarta internacional.

SÓ QUE A ATUAL SITUAÇÃO DA LÍBIA “PÓS-REVOLUCIONÁRIA” não tem nada de libertária e muito menos de igualitária. Pelo contrário, é um Estado falido, fragmentado pelo separatismo onde pululam grupos armados que se tornaram profissionais pagos, em alguns casos, pelo exército formal. Neste aspecto a Líbia caminha para ser uma nova Somália, um país outrora próspero, governado por uma ditadura pró-soviética que, ao ser derrubada, não abriu os caminhos para a democracia burguesa ou democracia operária, mas as comportas do inferno da guerra civil e da fome que já dizimou grande parte da população.
Engels. Dizia que o DESAPARECIMENTO DO ESTADO É UMA CONSEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA. Ou seja, não basta destruir o Estado burguês, é preciso substituí-lo imediatamente pelo Estado Operário.

SEGUINDO A LINHA DE MENOR RESISTÊNCIA, organizações que se reivindicam revolucionárias marxistas trotskistas orgulham-se de mostrar para seus seguidores acríticos, que estão em todas as lutas. Mas, para a desgraça da Revolução Socialista, estão a milhas de distância de serem uma verdadeira referência revolucionária para o proletariado em seu dia a dia nas fábricas, nos portos, nas ferrovias, nas plataformas etc, onde, com certeza, não conversam entre si sobre formas de destruir o capitalismo e de instauração de uma sociedade socialista com vista à construção de organismos do tipo soviets, mas sim das necessidades de melhorar seus salários e condições de trabalho.

Apesar de toda a crise capitalista, apesar de toda o justificado ódio das massas empobrecidas e de suas heroicas lutas, por si só, os trabalhadores não vão chegar a uma conclusão teórica de como transformar radicalmente o tipo de sociedade em que vivemos. Para isso será necessário a existência de um Partido Revolucionário capaz de ganhar a vanguarda do proletariado que influenciará as camadas mais atrasadas que, como sua força e determinação revolucionária, arrastarão grande parte da classe média ou pequena burguesia para a Revolução.

Beth Monteiro

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