por Mário Medina
Manifestação em SP
Na manhã deste último domingo, dia 27 de Julho, cerca de 3
mil pessoas se reuniram em manifestação contra o genocídio perpetrado em Gaza
pelas forças armadas de Israel. Concentrados inicialmente na praça Osvaldo
Cruz, os manifestantes estendiam faixas e cartazes, empunhavam bandeiras e
entoavam palavras de ordem. Apesar do frio incomum da manhã paulistana,
acompanhado de uma leve garoa, militantes da esquerda e a comunidade árabe se
uniram em torno da bandeira e das causas palestinas. Havia simpatizantes do
Hamas e Jihad Islâmica, entre outros grupos pró-Palestina.
O ato transcorreu tranquilamente, com a presença de muitas
crianças e mulheres com véu islâmico. Cantos e saudações em língua árabe e
falas de entidades religiosas deram um tom peculiar ao ato. Religiosos se
pronunciaram e houve uma oração no gramado em frente ao monumento às Bandeiras,
local onde o ato foi encerrado no meio da tarde. O monumento foi tomado de
jovens que empunhavam bandeiras palestinas.
No carro de som se revezavam parlamentares e figuras
públicas, candidatos e sindicalistas. Diversos partidos políticos se
pronunciaram, bem como centrais sindicais e movimentos sociais. Em nome da RPR
fiz uma saudação. Lá estava presente nossa pequena mas aguerrida militância.
Chamava atenção uma enorme faixa com diversas fotos de
crianças palestinas vitimadas pelo ataque sionista. As falas, muitas delas
inflamadas, revelavam indignação geral com a brutal sanha israelense. Uma faixa
um pouco menor, mas não menos polêmica, dizia que o sionismo é sinônimo de
nazi-fascismo.
Sobre a situação política palestina e a solução para o
conflito
Mais de mil palestinos foram mortos na atual ofensiva de
Israel. Muitas crianças e mulheres, civis que estão a mercê do desproporcional
ataque à Gaza. O que acontece ali é um verdadeiro genocídio. Querem exterminar
aquele povo, tirar qualquer perspectiva de liberdade de um povo que há décadas
é vilipendiado, explorado e chacinado.
A Palestina não tem forças armadas e a resistência é feita
de forma improvisada pelo Hamas e outros grupos que atuam na guerrilha. E a
defesa é legítima. Acusa-se os palestinos de terrorismo, mas é Israel que
sistematicamente prende, tortura e mata inocentes. Há indícios de que o Mossad, servico de
inteligencia israelense, forjou o assassinato de três jovens judeus e o estado
sionista usa o fato como pretexto para um ataque descomunal.Certamente não foi o Hamas que matou os jovens.
Qualquer coisa vira pretexto para a barbárie sionista, que
leva ao extremo a segregação de um povo que é cercado por um muro de 360
quilômetros. Israel rouba as terras palestinas e expande seus assentamentos,
subtrais seus recursos hídricos e explora absurdamente sua força de trabalho, que ultimamente não tem tido nem mesmo a chance de cruzar a fronteira pra vender sua mão de obra, o que eleva o número de desemprego em Gaza à números alarmantes. A
Palestina é um território sitiado, com um povo invariavelmente violentado e que
vive na iminência de novos ataques.
O estado sionista é uma aberração política. Trata-se de um
enclave imperialista poderosíssimo que reflete os interesses dos homens que
mandam na economia mundial; os senhores da guerra, detentores de monopólios,
indústrias armamentícias, etc. Para se
defenderem, reivindicam a memória do holocausto da segunda guerra mundial, como
se fossem eternas vítimas, como se isso os isentasse de qualquer culpa futura.
O estado de Israel representa o lento extermínio de todo um povo; é uma
usurpação, um crime contra a humanidade.
Nos últimos dias, uma deputada da extrema direita israelense
chegou a propor a morte das mães palestinas, argumentando que estas tem culpa
por colocar no mundo crianças que se tornarão ``terroristas``. Existe em Israel
uma incitação ao estupro de mulheres. Ou seja, a barbárie está colocada e tem
quem a defenda. A situação é lastimável e ainda há quem queira tripudiar da
desgraça alheia. Os direitos humanos são atacados, há pessoas sendo tratadas e
mortas como se fossem bicho. Essa situação tem de ser repudiada e combatida
pela classe trabalhadora de todo o mundo.
A solidariedade está colocada da nossa parte. Nós da RPR nos
sentimos irmanados com os palestinos, sua dor também é nossa. E não estaremos
sossegados enquanto não houver trégua da parte de Israel.
Este lamentável acontecimento histórico coloca na ordem do
dia a necessidade de uma inversão de valores e a necessidade de um programa claro de libertação
do povo palestino e do Oriente Médio como um todo.
Defendemos, na esteira da tradição marxista, o fim do estado
de Israel. Que haja um estado palestino unificado, laico e soberano, um estado
onde convivam judeus, muçulmanos, cristãos e ateus. Defendemos a
auto-determinação dos povos, a revolução proletária e o socialismo.
O capitalismo resulta em degenerescência das relações
sócio-culturais; é um sistema perverso, de morte. Não há como pensar em liberdades e democracia
plena no capitalismo. O capitalismo semeia o ódio, a intolerância e a
violência. Defendemos uma Palestina para os trabalhadores, uma Palestina de
conselhos populares, uma Palestina onde haja pão e paz!