sábado, 30 de agosto de 2014

A FRAGILIDADE DA TRÉGUA ENTRE ISRAEL E A RESISTÊNCIA PALESTINA

                                                                                        por Beth Monteiro

A destruição em Gaza horrorizou o mundo: cerca de 2.143 pessoas foram mortas e mais de 11.000 feridas, sendo 90% das vítimas civis. Gaza foi praticamente colocada abaixo com a destruição de 17.000 casas e milhares a mais danificadas. Meio milhão de pessoas foram forçadas a se deslocar para abrigos de emergência ou empurradas para casas de parentes e amigos, enquanto 100 mil ficaram desabrigadas. Al-Mezan, dos Direitos Humanos, compilou uma lista de 504 crianças mortas durante o massacre.

É compreensível que os palestinos tenham festejado a trégua por tempo indeterminado entre Israel e a Resistência, afinal foi um alívio, depois de 50 dias de bombardeios indiscriminados sobre a população civil encurralada em um micro território cercada por todos os lados, sem ter para onde fugir.

O cessar-fogo, intermediado pelo Egito, avançou um pouco em relação ao que pôs fim ao ataque israelense em Gaza, no final de 2012, pois houve um comprometimento, por parte de Israel, em aliviar alguns aspectos do bloqueio, como as restrições da entrada de mercadorias, ajuda humanitária, materiais de construção e ampliação da área marítima aberta aos pescadores palestinos em seis milhas náuticas.

Israel não atingiu seu objetivo principal, que é a desmilitarização da Resistência. Por isso, esta é uma trégua frágil, apesar do terrível saldo em mortes e destruição da infraestrutura de Gaza e um número inédito de israelenses mortos neste tipo de ataque de Israel.

Militarmente, Israel é muito mais poderoso, os palestinos nem exército têm. Israel pode bombardear à vontade, possui tanques e cabeças nucleares. Mas no confronto direto, exatamente como aconteceu nos massacres anteriores em Gaza e na guerra no Líbano, em 2006, foi surpreendido por ferozes guerrilheiros da resistência, que provocaram baixas nos comando de campo do IDF, a brigada Golani e transformaram em sucatas seus tanques Merkava de renome mundial.

Não há nada que garanta este acordo de cessar fogo. O ministro israelense da Defesa Moshe Yaalon, disse em entrevista coletiva: "Nós vivemos no Oriente Médio e vamos ter de voltar para o campo de batalha, e se o fizermos, vamos bater Hamas, da mesma forma que fizemos durante esta operação".

OS PALESTINOS FORAM AS MAIORES VÍTIMAS DESTE MASSACRE, MAS ISRAEL FOI DERROTADO internamente com o aprofundamento da polarização social; condenado internacionalmente por milhões de pessoas que se manifestaram nas ruas, por alguns governos ( Venezuela, Bolívia, Equador, Síria, Cuba e Irã), intelectuais e artistas que tiveram coragem para desafiar o terror israelense que vai muito além de suas fronteiras.

Se por um lado, os fascistas da extrema direita pressionam o governo pela “solução final” para os palestinos, por outro, setores da classe trabalhadora e da juventude israelenses se revoltaram contra o massacre, ao mesmo tempo em que se insurgem contra os altos níveis de desigualdade social. Os principais jornais israelenses pediram renúncia de Netanyahu e seu próprio gabinete está dividido sobre o acordo com o Hamas.

Nas próximas negociações, agendadas para o final de setembro, os mesmos impasses sobre o fim do cerco voltarão à tona, como a construção de um porto e um aeroporto em Gaza e a questão dos prisioneiros. Por outro lado, Israel seguirá batendo na mesma tecla da desmilitarização do Hamas.

Por isso, a luta em solidariedade aos palestinos não pode parar. A tarefa é intensificar a campanha do Boicote a Israel até que a Palestina seja livre.

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