quarta-feira, 27 de agosto de 2014

AS ELEIÇÕES E A NAVALHA DE OCKHAM

                                                              por Beth Monteiro

Quanto mais o foco das promessas e propostas eleitorais forem consequências ou os problemas que a população enfrenta (falta de moradia, baixos salários, falta de atendimento médico, de educação de qualidade, transporte etc), mais se colocará aos olhos dos eleitores uma cortina de fumaça para que estes não saibam exatamente os motivos subjacentes a estes problemas.

Este tipo de abordagem se assemelha a uma tentativa de tratar uma grave infecção com analgésicos para aliviar a dor, enquanto o vírus vai destruindo todo o organismo.

A maioria das pessoas aceitam soluções apresentadas para determinados problemas devido ao fato de serem estas promessas simples e compreensíveis, do tipo: falta casa? Vou construir casas. Pronto, está resolvido. De onde virá o dinheiro e porque faltam moradias para milhões de brasileiros, não importa. Elas aparecerão como um milagre. De fato, não é agradável para estas pessoas saberem que o dinheiro para a construção de moradias vai para o pagamento de juros da Dívida Pública e para as mãos da especulação imobiliária que só constrói shopping centers, prédios de escritórios ou residenciais de luxo.

ÀQUELES QUE SÃO IGNORANTES E NÃO SABEM, AINDA É POSSÍVEL DESCULPAR. Mas tem muita gente em pleno uso de suas faculdades mentais que está seguindo a mesma lógica de que governar sob as ordens do capital financeiro não impede o atendimento das reivindicações mais sentidas da maioria da população e aposta suas fichas em uma candidata como Marina Silva, ainda mais neoliberal e entreguista do que o governo atual, argumentando por vezes, que ela é progressista. Nem consultando psicanalistas é possível explicar isto sem considerarmos que, ou a pessoa é ignorante, ou sabe que ela é de direita e finge que acredita que é de esquerda, ou é uma pessoa conservadora com tendências fascistas.

OS MARQUETEIROS SABEM QUE DISCUSSÕES MACROECONÔMICAS NÃO INTERESSAM à maioria dos eleitores e que estes decidem seus votos por muitos motivos; como simpatia; por uma ou outra frase de efeito com a qual concorda; por ser oposição ao atual governo; por influência de amigos, familiares e líderes religiosos; para defender o pouco que conseguiu na atual gestão e, principalmente, por vias de uma intrincada teia de interesses que permeiam toda a sociedade. O emprego de um parente no gabinete de um parlamentar, ou exercendo cargo de confiança em uma prefeitura, por exemplo, é motivo de votos para um determinado candidato entre familiares, amigos, vizinhos que, vez por outra, podem contar com os favores desta pessoa e votam, também, em suas indicações.

REALMENTE, COMO DIZ A MÚSICA, ESTÁ TUDO DOMINADO. Apesar disto, existem alguns poucos espaços para a discussão verdadeiramente política, espaços que são disputados por vários segmentos da esquerda reformista, centrista, ou a que se reivindica revolucionária marxista. Uma espécie de plateia vip tão ou mais confusa do que a grande massa de manobra.

Obs.: A Navalha de Occam é um princípio lógico atribuído ao frade franciscano inglês Guilherme de Ockham (século XIV) em que este afirma que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo, eliminando todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria.
Beth Monteiro

Foto: A NAVALHA NA CARNE - A peça de Plínio Marcos é como uma metáfora dos mecanismos de poder entre as classes sociais brasileiras, uma vez que as personagens, embora pertençam ao mesmo estrato social, se dedicam a uma contínua disputa pelo domínio sobre o outro. Nessa disputa, as personagens vão da força física à chantagem pela autopiedade, da sedução à humilhação, da aliança provisória entre dois na tentativa de isolar o terceiro, mas a possibilidade de juntar suas forças para lutar contra a situação que os oprime nunca é cogitada.
Foto: AS ELEIÇÕES  E A NAVALHA DE OCCAM

Quanto mais o foco das promessas e propostas eleitorais for as consequências ou os problemas que a população enfrenta (falta de moradia, baixos salários, falta de atendimento médico, de educação de qualidade, transporte etc), mais se coloca nos olhos dos eleitores uma cortina de fumaça para que estes não saibam exatamente os motivos subjacentes a estes problemas.

Este tipo de abordagem se assemelha a uma tentativa de tratar uma grave infecção com analgésicos para aliviar a dor, enquanto o vírus vai destruindo todo o organismo.

A maioria das pessoas  aceita  as  soluções apresentadas para determinados problemas  devido ao fato de serem estas promessas simples e compreensíveis, do tipo: falta casa? Vou construir casas. Pronto, está resolvido. De onde virá o dinheiro e porque faltam moradias para milhões de brasileiros, não importa. Elas aparecerão como um milagre. De fato, não é agradável para estas pessoas saberem que o dinheiro para a construção de moradias vai para o pagamento de juros da Dívida Pública e para as mãos da especulação imobiliária que só constrói shoppings, prédios de escritórios ou residenciais de luxo.

ÀQUELES QUE SÃO IGNORANTES E NÃO SABEM AINDA É POSSÍVEL DESCULPAR.  Mas tem muita gente em pleno uso de suas faculdades mentais que está seguindo a mesma lógica de que governar sob as ordens do capital financeiro não impede o atendimento das reivindicações mais sentidas da maioria da população e aposta suas fichas em  uma candidata como Marina Silva ainda mais neoliberal e entreguista do que o governo atual, argumentando por vezes, que ela é progressista. Nem consultando psicanalistas é possível explicar isto sem considerarmos que, ou a pessoa é ignorante, ou sabe que ela é de direita e finge que acredita que é de esquerda, ou é uma pessoa conservadora com tendências fascistas.

OS MARQUETEIROS SABEM QUE DISCUSSÕES MACROECONÔMICAS NÃO INTERESSAM à maioria dos eleitores e que esta decide seus votos por muitos motivos como simpatia; por uma ou outra frase de efeito com a qual concorda; por ser oposição ao atual governo; por influência de amigos, familiares e  líderes religiosos; para defender o pouco que conseguiu na atual gestão e, principalmente, por vias de uma intrincada teia de interesses que permeia toda a sociedade. O emprego de um parente no gabinete de um parlamentar, ou  exercendo cargo de confiança em uma prefeitura, por exemplo, é motivo de votos para um determinado candidato entre familiares, amigos, vizinhos que, vez por outra, podem contar com os favores desta pessoa e votam, também, em suas indicações.

REALMENTE, COMO DIZ A MÚSICA, ESTÁ TUDO DOMINADO. Apesar disto, existem alguns poucos espaços para a discussão verdadeiramente política que são disputados por vários segmentos da esquerda reformista, centrista, ou a que se reivindica revolucionária marxista. Uma espécie de plateia vip tão ou mais confusa do que a grande massa de manobra.

Obs.: A Navalha de Occam é um princípio lógico atribuído ao frade franciscano inglês Guilherme de Ockham (século XIV) em que este afirma que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo, eliminando todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. 
Beth Monteiro

Foto: A NAVALHA NA CARNE - A peça de Plínio Marcos é como uma metáfora dos mecanismos de poder entre as classes sociais brasileiras, uma vez que as personagens, embora pertençam ao mesmo estrato social, se dedicam a uma contínua disputa pelo domínio sobre o outro. Nessa disputa, as personagens vão da força física à chantagem pela autopiedade, da sedução à humilhação, da aliança provisória entre dois na tentativa de isolar o terceiro, mas a possibilidade de juntar suas forças para lutar contra a situação que os oprime nunca é cogitada.

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