quarta-feira, 27 de maio de 2015

Um vácuo à esquerda


                                                    por Mário Medina

Todas as medidas do chamado ajuste fiscal de Dilma/ Levy, como o mega-corte de cerca de 70 bilhões no orçamento da União, com vultosíssimas quantias retiradas de áreas notadamente em crise, como educação e saúde; o endurecimento nas regras de benefícios como seguro desemprego e pensões por morte; tudo em função de garantir o pagamento religioso dos juros da divida pública, fazem do Governo Dilma um governo cada dia mais impopular, e do PT, um partido cada vez mais rejeitado.
Os discursos de campanha fizeram com que milhões de brasileiros acreditassem no PT e depositassem suas esperanças no voto em Dilma. Diante da ameaça do retorno tucano, outros milhões optaram pelo voto útil em Dilma pra barrar um eventual ascenso da direita. Pois bem, agora esses milhões de brasileiros amargam a crise recessiva com um governo que, a despeito de se reivindicar do Partido dos Trabalhadores, governa como árduo defensor dos interesses da elite, cortando na carne direitos históricos da população, fazendo com que os mais pobres paguem pela crise.
A contradição do PT é tão grande que uma ala de parlamentares se recusam a votar nas medidas 664 e 665 e já falam em abandonar o partido. Tudo isso porque Dilma e o PT se apegaram tanto ao poder que preferem continuar administrando o estado brasileiro ainda que seja pra manter a pose. As pessoas mais razoáveis a uma hora destas já notaram que o PT não manda mais em nada.
O PT virou completo refém da máquina, um mero boneco de ventríloquo nas mãos do PMDB e da alta burguesia brasileira. O PT caminha por uma degeneração sem volta; e caminha mesmo para desfiliações em massa e rachas incontáveis. Uns pela direita, como Marta que abandonou o barco e optou pelo PSB como destino; mas também com dissindências de parlamentares e figuras públicas mais progressistas que recusam em centralizar-se diante dos ataques desferidos ao conjunto dos trabalhadores.
O Brasil assiste a queda do mais importante partido da volta à democracia, um partido que por anos, talvez, décadas, serviu de referência aos trabalhadores e jovens que ansiavam por um país livre do poder das oligarquias e de seus caciques; partido que capitalizou os sonhos libertários de toda uma geração de lutadores, mas que agora chega à sua ruína, e, em seu afã pelo poder, distribui maldades a torto e a direito.
Oxalá os partidos da esquerda revolucionaria filiem essa camada de petistas honestos e descontentes e consigam diferenciar-se do PT em suas trajetórias. A historia se repete primeiro como tragédia, depois como farsa. Estaremos aqui lutando para construir uma oposição operária e comunista. A tarefa agora é construir um partido operário e revolucionário pra reagrupar lutadores e militantes, e servir de referência em tempos de tanta crise de referência.




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