Por Mário Medina / RPR- São Paulo
Um ano e meio depois de sofrer o constrangimento de ser detido pela PM num ato de greve estudantil dentro do campus Guarulhos da Unifesp, ocasião em que fui conduzido ao prédio da Polícia Federal em São Paulo, onde com mais vinte e poucos companheiros permaneci preso por cerca de 27 horas e saí por força de uma espécie de habeas corpus, pra aguardar julgamento, recebo a notícia que o processo até então não aceito pelo juiz que o apreciou, sob o argumento de que não havia como constatar materialidade das acusações, a saber, dano ao patrimônio e constrangimento ilegal, esse mesmo processo é reaberto por pedido de recurso do Ministério Público, agora constando apenas três dos 23 nomes iniciais, o meu e o de dois companheiros, que também tinham destaque no movimento estudantil à época.
Após essa ocasião em que fui preso,
a segunda, pois já havia sido detido em uma ocupação de reitoria
em 2008, me afastei do movimento estudantil para me dedicar a outras
tarefas militantes. De lá pra cá acompanhei a distância o transcorrer
do processo, e obtive a informação do atual processo por uma
companheira, presa comigo na época, que me enviou mensagem por rede
social.
Essa companheira soube do processo
por ter ido ao fórum de Guarulhos para uma audiência pública, pois
também havia sido detida por ocasião de reintegração de posse do
prédio da direção, ocupado dias antes do incidente em que a PM foi
chamada ao campus pra reprimir um ato dos alunos grevistas, que se
encontravam em frente ao prédio entoando palavras de ordem em que
exigiam a imediata renúncia do então diretor acadêmico, o professor
titular Marcos Cézar de Freitas, filiado ao PT.
Esse mesmo senhor depôs contra mim e
os outros dois companheiros, afirmando nos ter visto pichando as
paredes do campus.
O fato curioso dessa história é que
eu e os dois companheiros citados no proceso somos militantes
orgânicos da esquerda revolucionaria, eu, filiado ao Psol, Laise,
militante do PCO, e Bruno Henrique, à época militante do MNN. Tenho
dito que uma semana antes havia xingado o diretor Marcos Cézar de
petista safado, enquanto ele acompanhava a reintegração de posse da
diretoria, quando 46 estudantes foram detidos pela PM, além de ter
publicado inúmeros artigos em que criticava sua gestão.
Ou seja, não tenho dúvida alguma que
Marcos Cézar levou a questão pro lado pessoal, e que essa acusação
se trata de uma perseguição de cunho político, de um sujeito
reacionário que pretende prejudicar um militante de esquerda, o que
também acontece com os outros dois estudantes, publicamente
reconhecidos na universidade por sua militância e combatividade.
Esse tipo de acusação, de métodos
repressivos, são usualmente utilizados pelo estado para criminalizar
os movimentos populares, pra conter as ondas de manifestação de
descontentamento com os poderes estabelecidos. Nesse sentido, chega a
ser previsível que soframos esse tipo de perseguição, e entendo
ser imprescindível que os militantes de esquerda continuem se
manifestando apesar dos esforços que a repressão empreende para
conter os movimentos.
Pelo visto, 2014 será um ano recheado de detenções e processos, a exemplo do que vem ocorrendo nos últimos tempos, com direito a recrudescimento por preocupação do governo em viabilizar os jogos da Copa, a contragosto da população, que exige com propriedade a melhora dos serviços públicos e a aplicação do dinheiro público em obras que beneficiem os contribuintes, e não o setor privado.
Não esmoreceremos.
Até a vitória sempre!
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