sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Repressão na Unifesp



                                                   Por Mário Medina / RPR- São Paulo

Um ano e meio depois de sofrer o constrangimento de ser detido pela PM num ato de greve estudantil dentro do campus Guarulhos da Unifesp, ocasião em que fui conduzido ao prédio da Polícia Federal em São Paulo, onde com mais vinte e poucos companheiros permaneci preso por cerca de 27 horas e saí por força de uma espécie de habeas corpus, pra aguardar julgamento, recebo a notícia que o processo até então não aceito pelo juiz que o apreciou, sob o argumento de que não havia como constatar materialidade das acusações, a saber, dano ao patrimônio e constrangimento ilegal, esse mesmo processo é reaberto por pedido de recurso do Ministério Público, agora constando apenas três dos 23 nomes iniciais, o meu e o de dois companheiros, que também tinham destaque no movimento estudantil à época. 
Após essa ocasião em que fui preso, a segunda, pois já havia sido detido em uma ocupação de reitoria em 2008, me afastei do movimento estudantil para me dedicar a outras tarefas militantes. De lá pra cá acompanhei a distância o transcorrer do processo, e obtive a informação do atual processo por uma companheira, presa comigo na época, que me enviou mensagem por rede social.
Essa companheira soube do processo por ter ido ao fórum de Guarulhos para uma audiência pública, pois também havia sido detida por ocasião de reintegração de posse do prédio da direção, ocupado dias antes do incidente em que a PM foi chamada ao campus pra reprimir um ato dos alunos grevistas, que se encontravam em frente ao prédio entoando palavras de ordem em que exigiam a imediata renúncia do então diretor acadêmico, o professor titular Marcos Cézar de Freitas, filiado ao PT.
Esse mesmo senhor depôs contra mim e os outros dois companheiros, afirmando nos ter visto pichando as paredes do campus.
O fato curioso dessa história é que eu e os dois companheiros citados no proceso somos militantes orgânicos da esquerda revolucionaria, eu, filiado ao Psol, Laise, militante do PCO, e Bruno Henrique, à época militante do MNN. Tenho dito que uma semana antes havia xingado o diretor Marcos Cézar de petista safado, enquanto ele acompanhava a reintegração de posse da diretoria, quando 46 estudantes foram detidos pela PM, além de ter publicado inúmeros artigos em que criticava sua gestão.
Ou seja, não tenho dúvida alguma que Marcos Cézar levou a questão pro lado pessoal, e que essa acusação se trata de uma perseguição de cunho político, de um sujeito reacionário que pretende prejudicar um militante de esquerda, o que também acontece com os outros dois estudantes, publicamente reconhecidos na universidade por sua militância e combatividade.
Esse tipo de acusação, de métodos repressivos, são usualmente utilizados pelo estado para criminalizar os movimentos populares, pra conter as ondas de manifestação de descontentamento com os poderes estabelecidos. Nesse sentido, chega a ser previsível que soframos esse tipo de perseguição, e entendo ser imprescindível que os militantes de esquerda continuem se manifestando apesar dos esforços que a repressão empreende para conter os movimentos.
Pelo visto, 2014 será um ano recheado de detenções e processos, a exemplo do que vem ocorrendo nos últimos tempos, com direito a recrudescimento por preocupação do governo em viabilizar os jogos da Copa, a contragosto da população, que exige com propriedade a melhora dos serviços públicos e a aplicação do dinheiro público em obras que beneficiem os contribuintes, e não o setor privado.
Não esmoreceremos.
Até a vitória sempre!




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