por Mário Medina
Prefeitura e estado
anunciaram essa semana o aumento da tarifa do transporte público de
R$3 para R$3,20. O aumento estava previsto para o começo desse ano,
mas foi adiado a pedido do ministro da fazenda, Guido Mantega, numa
tentativa de frear a escalada da inflação.
O aumento poderia,
segundo o prefeito Fernando Haddad, subir até os R$3,40, mas fechou
em RR 3,20 numa outra suposta tentativa de evitar maior inflação,
além de não criar maiores animosidades com a população.
A população, todavia,
e com muita razão, tem repudiado o aumento da tarifa, ainda que essa
não tenha subido conforme o índice inflacionário do período, como
tem defendido Haddad.
O transporte público em
São Paulo já está muito caro, e nem de longe faz jus a alguma
qualidade esperada para o mesmo. Trabalhadores continuam andando
feitos sardinha em lata nos horários de pico, em situação
degradante, de continuo desconforto, insegurança, etc...
Quem controla a
perversa lógica do transporte em São Paulo são os donos das
companhias de ônibus, uma verdadeira máfia que concentra o serviço
de transporte graças aos lobbys com parlamentares e membros do
executivo municipal.
E mesmo que o
transporte fosse de qualidade, nada justificaria um preço tão
elevado. A tarifa do transporte suga uma quantia relevante do
dinheiro do trabalhador, e, ademais, não faz sentido, haja visto que
pagamos impostos para esperar o retorno em investimentos nos serviços
públicos.
Transporte é uma
necessidade e um direito do cidadão, assim como outros serviços,
como educação, saúde, previdência. Como costuma dizer Lucio
Gregory em suas palestras sobre o passe livre, é o direito de ir e
vir. Assim como contamos com o serviço dos hospitais públicos em
caso de doença, assim deveríamos contar com o transporte público
sempre que tivéssemos necessidade do mesmo.
Fazer de uma
necessidade do cidadão uma fonte de lucro de um punhado de
capitalistas mal intencionados é uma maldade política permitida
pelo sistema que garante a continuação dessa lógica maldita.
Nesse sentido, a
esquerda mais combativa e coerente reivindica a aplicação do
sistema de passe livre, projeto que inclusive foi apresentado à câmara pelo vereador Toninho Vespoli; e mais, reivindica a
municipalização do sistema de transporte.
É necessário colocar
o transporte público a serviço da trabalhadora e do trabalhador, seu
funcionamento sob a direção dos trabalhadores da categoria, sua
propriedade sob o poder e a administração da população que o
utiliza, e que por isso mesmo se preocupa de fato com sua qualidade e
funcionamento. Todo o resto é conversa pra boi dormir elaborada por
quem quer lucrar com a desgraça alheia.