Redução da maioridade penal = criminalização da pobreza
Nessas últimas semanas a mídia burguesa tem sistematicamente esperneado
a favor da redução da maioridade penal. A imprensa dos capitalistas
defende sem cansar que a maioridade desça dos 18 para os 16 anos de
idade. O argumento mais usado é o de que os menores de 16 anos já podem
até mesmo votar e por isso devem também arcar com as consequências de
seus atos.
Como se pode notar, os argumentos dessa mídia nojenta são
tão baixos quanto ela mesma o é. O discurso é rasteiro e as motivações
dos crimes praticados pelos menores são deixadas de lado em favor da
argumentação sensacionalista erigida na ideia de jovens `` monstros ``
que devem ser banidos do convívio social a qualquer custo.
Mídia
hipócrita, perversa, que tem um lado: o dos ricos e poderosos. E que tem
uma ideologia a defender fervorosamente: a ideologia dominante dos
mesmos ricos e poderosos a quem ela serve. Quando um filho de rico
comete um delito, por mais bárbaro e cruel que seja, ninguém fala em
redução da maioridade penal. Os menores infratores filhos da burguesia
contam com a defesa dos melhores e mais bem pagos advogados, que
conseguem liberdade para os seus clientes em tempo bem rápido.
Onde
estão os garotos que tocaram fogo no índio Galdino em Brasília?
Cumpriram pena os meninos ricos da capital, filhos de gente poderosa e
com influência? E o menino rico que atropelou com um jetsky a garotinha
na praia? Corre na internet pra quem quiser ver a denúncia de que o pai
do menino é amigo e apoiador de Alckmin. Óbvio que nada aconteceu com
esse menino. Jamais uma família de tamanha influência veria um filho seu
cumprir pena sócio-educativa na Fundação CASA.
Quem amarga as
insalubres dependências da Fundação CASA são os filhos dos pobres, que
lá entram para saírem `` piorados ``pelo péssimo sistema carcerário que
se diz sócio-educativo. Os meninos que lá entram comem o pão que o diabo
amassou, passando por toda sorte de privações de direitos e violência
por parte do Estado.
São meninos que advém das periferias dos
grandes e médios centros urbanos, de famílias que padecem na pobreza e
na extrema pobreza, meninos que não tiveram educação de qualidade
garantida, que não tiveram acesso ao lazer e a cultura, meninos que
passaram fome, que foram espancados pelos pais, que são oriundos de
famílias desestruturadas pelo desemprego, pelo alcoolismo, pela miséria;
meninos que não foram assistidos pelo Estado e que pagam o preço de uma
sociedade toda errada, cheia de injustiça e exclusão sociais.
Esses
meninos não tem dinheiro para contratar advogados. São meninos que,
empurrados pela miséria, aderiram ao crime como forma de fuga de uma
vida de privações e sofrimentos. A sociedade que não da conta de cuidar
dos seus jovens vê o crime organizado cooptá-los.
A solução fácil e
hipócrita do fascistóide Alckmin é encaminhar ao congresso um projeto
que prevê o aumento da penalidade em cinco anos, com a ida dos jovens
que completam 18 anos para prisões comuns. Pra tucanada, que não quer de
jeito nenhum mudar as estruturas sociais que os mantém no poder, jogar
com o interesse mais imediato da classe média reacionária e idiotizada
que consome o lixo da mídia, é uma saída simples.
As organizações da
direita que promovem manifestações e requerimentos para a redução da
maioridade penal de 18 para 16 continuarão fazendo apenas manifestações e
requerimentos. A redução não passara. Um retrocesso como esse não será
aceito pela esquerda, pelos sindicatos e pelas organizações de direitos
humanos.
E é uma insanidade pensar que reduzir a maioridade iria
resolver alguma coisa. Se hoje os meninos de 16,17 anos cometem crimes
ou assumem crimes no lugar das quadrilhas pelas quais são cooptados,
reduzida a maioridade penal, o crime organizado passaria a cooptar
jovens de 14,15 anos, e por aí em diante.
A solução para o problema
da violência passa por uma transformação radical da sociedade. Enquanto
não houver condições dignas de vida, educação, saúde, cultura, enquanto
não houver erradicação da pobreza e perspectivas para os jovens, não
haverá mudanças substanciais na questão da violência.
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