Contra as internações compulsórias na cracolândia!
Por Mário Medina
Nessa semana que passou o governador de São Paulo, o tucano e
fascistóide Geraldo Alckmin, veio a publico anunciar um programa de
internações compulsórias dos viciados que perambulam pela cracolândia,
na região do bairro da Luz, no centro da cidade de São Paulo.
O
discurso oficial versa sobre o oferecimento de tratamento e resgate das
pessoas que ali se encontram. Mas o que o governo de fato pretende com
essa medida é realizar uma faxina social, eliminando os indesejados
craqueiros que mancham a visão que a elite deseja para a região da Luz.
Há tempos o poder público, em parceria com setores da burguesia que se
beneficiariam de uma reordenação territorial, a saber, empreiteiros,
investidores imobiliários, etc, tem um projeto de ``revitalização`` e
reurbanização da região, denominado Nova Luz. Nessa tentativa o
ex-prefeito Kassab chegou a oferecer gratuitamente um terreno da região
para a ONG Projeto Lula.
Com o advento de jogos da copa do mundo em
São Paulo, a especulação imobiliária na região acelera ainda mais. Há
pouco tempo Alckmin e Kassab articularam uma truculenta ação conjunta
das polícias militar e civil na tentativa de tirar os viciados das ruas
da cracolândia, projeto que acabou frustrado, com os usuários de crack
espalhados por diversos bairros adjacentes, formando mini-cracolândias
por diversas regiões da cidade.
Pouco tempo depois, há alguns meses
atrás, a presidente Dilma deu ordens para que sprays de pimenta e armas
de choque fossem utilizadas na repressão aos usuários de cracolândias de
todo o Brasil, abrindo ainda mais o leque para os ataques à dignidade e
direitos humanos dos dependentes.
Agora a ofensiva é ainda mais
aberrante e violenta. A exemplo do Rio, onde as internações compulsórias
tem sido, além de um vergonhoso ataque aos direitos humanos, um
verdadeiro fracasso, o governo de São Paulo lança mão desse artifício,
para numa última tentativa de higienização social, jogar os usuários a
força em manicômios.
A verdadeira solução para a drogadição na
região passa muito longe do que o governo quer impor com mais essa
medida. A verdadeira solução passa por um tratamento humano e decente
aos usuários, disponibilizando assistentes sociais e psicólogos para
realizarem uma triagem que encaminhe voluntariamente os viciados para
tratamentos de excelência na recuperação física e social da dependência
química.
Diante da ofensiva repressiva e desumana do governo sobre
essa população em alto estado de vulnerabilidade, e de posse de uma
análise que diverge diametralmente do enfoque das forças reacionárias
acerca do tratamento aos usuários, os militantes da esquerda e dos
movimentos sociais conclamam os diversos setores progressistas da
sociedade a se manifestarem contra a ação a ser realizada na cracolândia
a partir do dia 21 de Janeiro.
Os defensores dos direitos humanos,
os setores específicos que lutam pelos direitos políticos desses
cidadãos que estão sendo atacados pelo estado, setores anti-manicomiais e
diversas organizações sociais devem sair às ruas da cidade para exigir o
imediato declínio do projeto de internações compulsórias, que nada mais
é que um ato fascista e elitista desse governo maldito, governo que
exatamente há um ano atrás promoveu o massacre do Pinheirinho em São
José dos Campos, onde lançou sua força armada sobre uma população de
esmagadora maioria de mulheres, crianças e idosos.
TR – Tendência Revolucionária / PSOL
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