Pelo fim do genocídio dos jovens negros
Nos últimos meses em São Paulo a situação de violência urbana aumentou
em proporções geométricas após uma quebra no acordo entre PSDB e PCC. O
chamado ``salve``, que não se sabe ao certo de onde e por que partiu,
foi o estopim de uma matança que não acaba mais.
A média é de 10 a
15 assassinatos diariamente, sobretudo nas periferias da grande São
Paulo, onde crianças, mulheres e trabalhadores tem pago a conta de uma
guerra de que não fazem parte. Os jovens são as maiores vitimas. Com os
toques de recolher impostos, os jovens negros da periferia se tornaram o
principal alvo dos ataques e da repressão da policia.
Se de um lado
policiais são vitimas de assassinatos perto de onde residem ou por onde
costumam transitar, de outro a população fica a mercê de acertos de
conta que não fazem distinção entre pessoas envolvidas no crime e
pessoas comuns da periferia. Os assassinos tem atirado a esmo, de modo
que crianças foram baleadas e pessoas notadamente trabalhadoras e
imparciais tem sido vitimadas pelas execuções.
Não defendemos a
morte de policiais nem de criminosos. Defendemos o fim das mortes, o fim
da violência. O que acontece em São Paulo é uma guerra onde pobre mata
pobre, e sem saber, porque não se tem a consciência de como esse
processo se dá e chega a tal extremo.
A mão de obra do crime
organizado é arregimentada entre jovens pobres sem perspectiva de vida. O
desemprego, a falta de oportunidades, o fetiche da mercadoria a que não
se pode ter acesso e o desejo de sair da pobreza são as molas
propulsoras da criminalidade.
Mas a mão de obra arregimentada para
as polícias, sobretudo a policia militar, é formada por jovens pobres
que se submetem a formar o braço armado do estado, a serem cães de
guarda da burguesia de armas em punho por um salário medíocre, o que
naturalmente gera corrupção e abuso da violência, modus operandi da
esmagadora maioria da PM.
É curioso notar que o policial geralmente
sai da periferia onde mora pra reprimir a população de uma outra
periferia. No final do expediente volta pra casa, afastada de onde
trabalha, e se torna vitima dos assassinatos do PCC próximo de onde
mora. Ou seja, é pobre matando pobre. De um lado os pobres que se
agrupam por fora do sistema da legalidade pra serem mão de obra de
traficantes milionários, porque eles é que são os donos e os
beneficiados do esquema do tráfico; e de outro os policiais que por
falta de melhores oportunidades e de falta de consciência de classe se
vendem para a repressão do estado e mormente seguem uma lógica de vida
de extrema violência.
E aí voltamos ao ponto de onde partimos. Quem
paga o pato desse sistema perverso e venal é o trabalhador pobre, o
jovem negro da periferia que se torna o alvo das balas dos esquadrões da
morte que matam sumariamente quem encontram pela rua, com passagem ou
não pela polícia.
A solução para o caos que se estabeleceu passa uma
nova forma de pensar a segurança pública, a saber, a dissolução da
policia militar e a criação de uma segurança pública a ser feita pelos
trabalhadores constituídos em armas; uma segurança pública comprometida
com os interesses da classe trabalhadora, e não a serviço dos vis
interesses do capital e dos poderosos.
Enquanto as condições
subjetivas não são suficientes para a superação do sistema capitalista e
seus meios de controle social, a população amarga a violência e a
opressão naturais desse regime. Lamentável.
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