segunda-feira, 22 de abril de 2013

Pelo fim do genocídio dos jovens negros

                                   

Nos últimos meses em São Paulo a situação de violência urbana aumentou em proporções geométricas após uma quebra no acordo entre PSDB e PCC. O chamado ``salve``, que não se sabe ao certo de onde e por que partiu, foi o estopim de uma matança que não acaba mais.
A média é de 10 a 15 assassinatos diariamente, sobretudo nas periferias da grande São Paulo, onde crianças, mulheres e trabalhadores tem pago a conta de uma guerra de que não fazem parte. Os jovens são as maiores vitimas. Com os toques de recolher impostos, os jovens negros da periferia se tornaram o principal alvo dos ataques e da repressão da policia.
Se de um lado policiais são vitimas de assassinatos perto de onde residem ou por onde costumam transitar, de outro a população fica a mercê de acertos de conta que não fazem distinção entre pessoas envolvidas no crime e pessoas comuns da periferia. Os assassinos tem atirado a esmo, de modo que crianças foram baleadas e pessoas notadamente trabalhadoras e imparciais tem sido vitimadas pelas execuções.
Não defendemos a morte de policiais nem de criminosos. Defendemos o fim das mortes, o fim da violência. O que acontece em São Paulo é uma guerra onde pobre mata pobre, e sem saber, porque não se tem a consciência de como esse processo se dá e chega a tal extremo.
A mão de obra do crime organizado é arregimentada entre jovens pobres sem perspectiva de vida. O desemprego, a falta de oportunidades, o fetiche da mercadoria a que não se pode ter acesso e o desejo de sair da pobreza são as molas propulsoras da criminalidade.
Mas a mão de obra arregimentada para as polícias, sobretudo a policia militar, é formada por jovens pobres que se submetem a formar o braço armado do estado, a serem cães de guarda da burguesia de armas em punho por um salário medíocre, o que naturalmente gera corrupção e abuso da violência, modus operandi da esmagadora maioria da PM.
É curioso notar que o policial geralmente sai da periferia onde mora pra reprimir a população de uma outra periferia. No final do expediente volta pra casa, afastada de onde trabalha, e se torna vitima dos assassinatos do PCC próximo de onde mora. Ou seja, é pobre matando pobre. De um lado os pobres que se agrupam por fora do sistema da legalidade pra serem mão de obra de traficantes milionários, porque eles é que são os donos e os beneficiados do esquema do tráfico; e de outro os policiais que por falta de melhores oportunidades e de falta de consciência de classe se vendem para a repressão do estado e mormente seguem uma lógica de vida de extrema violência.
E aí voltamos ao ponto de onde partimos. Quem paga o pato desse sistema perverso e venal é o trabalhador pobre, o jovem negro da periferia que se torna o alvo das balas dos esquadrões da morte que matam sumariamente quem encontram pela rua, com passagem ou não pela polícia.
A solução para o caos que se estabeleceu passa uma nova forma de pensar a segurança pública, a saber, a dissolução da policia militar e a criação de uma segurança pública a ser feita pelos trabalhadores constituídos em armas; uma segurança pública comprometida com os interesses da classe trabalhadora, e não a serviço dos vis interesses do capital e dos poderosos.
Enquanto as condições subjetivas não são suficientes para a superação do sistema capitalista e seus meios de controle social, a população amarga a violência e a opressão naturais desse regime. Lamentável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário