domingo, 11 de maio de 2014

PROLETARIADO DA UCRÂNIA EM BUSCA DE UMA DIREÇÃO



                                                                                  por Beth Monteiro
Em 1871, a Comuna de Paris passou para a história como símbolo da capacidade do proletariado organizado para forjar transformações radicais na sociedade e uma afirmação revolucionária da autonomia de uma cidade. Os trabalhadores derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonarem precipitadamente a cidade. A Comuna de Paris é considerada a primeira república proletária da história.
Na construção da Comuna, que durou 40 dias, os trabalhadores foram a principal força e, muitos deles eram filiados à Primeira Internacional dos Trabalhadores. Não obstante, entre as massas, havia confusão política. Seu esmagamento, pelas forças armadas de Thiers, revestiu-se de extrema crueldade, deixando um rastro sangrento de 20 mil mortos.
A República Popular de Donetsk , na Ucrânia, não tem em sua direção, um grupo, ou Partido formado por Internacionalistas marxistas, mas gente do povo, trabalhadores, setores da classe média e até diretamente burgueses ou pró-burgueses. Mas, sendo esmagada ou não, certamente deixará para a história uma das mais candentes experiências de autodeterminação dos trabalhadores. Suas ilusões e confusão políticas não podem servir de motivo para que a mesma seja desprezada pela Esquerda marxista .
Para entender os militantes rebeldes do Leste e Sul da Ucrânia e suas ilusões, devemos recordar que em janeiro de 1905, os trabalhadores russos, liderados pelo padre Gapon, saíram na manhã do que ficou conhecido como o Domingo Sangrento para pleitear do czar, o reconhecimento de que suas reivindicações eram justas. Entretanto, as lideranças revolucionárias marxistas não os desprezaram por suas ilusões toscas no Czar e por seguirem um religioso que os levou a acreditarem que seriam recebido pelo Czar Nicolau II da Rússia, no Palácio de Inverno. A manifestação foi reprimida pelos soldados do Czar, que dispararam sobre a multidão, matando 200 pessoas e ferindo 800.
Olhando comentários e postagens em redes sociais de pessoas desta região, fico impressionada com o fato de que a insurgência no sul -oriental da Ucrânia é, basicamente, um movimento de operários. Na cidade de Yenakievo, e sem dúvida , em outros lugares, MINEIROS E METALÚRGICOS ADERIRAM AO MOVIMENTO EM MASSA.
Os militantes tiveram muitas ilusões nos governos e oligarcas de Kiev, mas isso não os impediu de queimarem os bancos de um dos piores deles, Kolomoysky. E agora que Putin retirou até mesmo seu apoio retórico para a sua causa, os militantes estão perdendo suas ilusões no Estado russo também. Quando confrontados com as perspectivas econômicas intoleráveis, e submetido a ameaças físicas, os TRABALHADORES OLHAM COMO LIDERANÇA PARA QUALQUER UM QUE PARECE PREPARADO PARA LUTAR e tem algumas ideias sobre como a luta deve prosseguir.
O IDEAL É QUE ESSES LÍDERES SEJAM EXPERIMENTADOS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS, mas a maior parte deles está longe disso. Não vamos, no entanto, descartar o potencial da classe trabalhadora como um agente de mudança revolucionária baseados em que, por vezes, seus membros estão sob a influência de aventureiros, estalinistas, nacionalistas ou da direita. Temos que expressar nossa confiança na capacidade dos trabalhadores para aprenderem com a sua experiência e construírem uma direção voltada para a defesa de seus interesses de classe, e que tenham coragem e princípios para conduzir sua luta.

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