domingo, 25 de maio de 2014

PEPE MUJICA GOVERNA, HUMILDEMENTE, PARA O CAPITAL FINANCEIRO E PARA AS MULTINACIONAIS

por Beth Monteiro
Há uma contradição flagrante entre o discurso e as ações do presidente uruguaio
Está clara a intenção dos ideólogos do capitalismo ao abraçarem as causas das minorias e dos Direitos Humanos: estas lutas, embora justíssimas, não implicam em mudanças radicais do sistema econômico vigente, e por isso estão servindo como mais um instrumento político de dominação, desta vez levando ilusões até mesmo a amplos setores que se reivindicam de esquerda e defensores dos direitos humanos.
Talvez o modelo de maior sucesso, que está servindo de modelo a ser usado como uma tentativa desesperada para prorrogar a vida vegetativa do capitalismo, seja o de Pepe Mujica no Uruguai.

O URUGUAI É UM PAÍS CONHECIDO PELO SEU PIONEIRISMO EM MEDIDAS RELACIONADAS COM DIREITOS CIVIS e democratização da sociedade: em 1907, foi o primeiro país a legalizar o divórcio; em 1932, o segundo país da América a conceder às mulheres o direito ao voto. Em 2007, quando Mujica ainda não era presidente, o Uruguai foi o primeiro país sul-americano a legalizar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo.

OBSERVADORES POLÍTICOS CONSIDERAM O URUGUAI O PAÍS MAIS SECULAR NAS AMÉRICAS. Em 1909, toda e qualquer educação religiosa foi banida das escolas públicas; em 1917, a completa separação entre Igreja e Estado foi introduzida na Constituição. O Uruguai se converteu no país mais laico da região com várias medidas que já levam mais de um século, como o fim dos feriados religiosos. Lá o Dia de Reis se chama Dia das Crianças, a Semana Santa é a Semana do Turismo e o Natal se conhece como o Dia da Família.
 A partir destas características e de conquistas já assimiladas pela população menos conservadora da América Latina, Mujica ousou avançar um pouco mais, fazendo algumas mudanças como transformar a lei já existente, sobre união civil, em casamento gay, aprovar a descriminalização do aborto e a legalização da maconha.  Entretanto, seu governo não legislou em favor dos interesses dos trabalhadores uruguaios. O modelo econômico permanece o mesmo.

CONTRADIÇÕES
Mujica posa de grande defensor do meio ambiente, mas deu carta branca para as empresas transnacionais poluírem à vontade, tendo a seu dispor generosos incentivos fiscais. Nunca o Uruguai deu tanta terra para as multinacionais que incluem empresas que cultivam soja GM com agrotóxicos e desenvolvem projetos de mineração a céu aberto que está causando um grande impacto negativo ao meio ambiente.

UM TERÇO DOS TRABALHADORES URUGUAIOS ganha menos de 14.000 pesos por mês, quando se estima que, para a família média de quatro pessoas, seriam necessários 50 mil pesos mensais para cobrir as necessidades básicas. Os ricos, no entanto, continuam cada vez mais ricos. E se, por um lado, houve uma ligeira valorização salarial e queda na taxa de desemprego, por outro lado, a maioria dos trabalhadores é obrigada a aceitarem a precarização.
O governo de Pepe Mujica afastou-se do programa inicial da Frente Ampla e de sua retórica anti-imperialista e antioligárquica, optando por uma coalizão socialdemocrata. Assim, ficou livre para enganar o povo com um discurso de viés progressista para convencer o eleitorado de que um capitalismo desenvolvido com a vinda de grandes multinacionais levaria o país ao Socialismo (??!!).

O EX-GUERRILHEIRO MUJICA DIZ SER A FAVOR DE UM CAPITALISMO MAIS HUMANO, ao mesmo tempo em que segue determinações do FMI e do Banco Mundial, em detrimento dos trabalhadores, que têm se decepcionado com as consequências do retorno do Uruguai a total dependência do capital estrangeiro, com serviços financeiros levando expressiva parcela do PIB, o que acarreta ao país a fama de ser um paraíso fiscal. Atualmente, a Dívida Pública se converteu em 125% do PIB,  índice semelhante ao alcançado na época da Ditadura Militar.

MUJICA ESTÁ SERVINDO COMO UMA MARIONETE OU “GAROTO PROPAGANDA” DO CAPITALISMO, mostrando ao mundo as qualidades e os benefícios que pode trazer a um país um governante austero em sua vida pessoal e que não seja corrupto em sua vida pública. Para isso, ele usa frases de efeito e uma filosofia duvidosa que agrada a todos: desde Obama e especuladores como George Soros que apoiou e financiou a campanha pela legalização da maconha de olho nos lucros que a Monsanto terá com a cannabis GM, até ambientalistas do Greepace, passando pela esquerda festiva que não se cansa de admirá-lo pela sua coragem de governar em prol das minorias oprimidas, mesmo que isto signifique governar contra a maioria explorada e em prol das oligarquias.

Fontes: La República –Ministério das Relações Exteriores do  Brasil –Wikipédia - Carta Capital


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