No decurso do último década, o banco britânico HSBC colaborou com os cartéis da droga do
México e da Colômbia - responsáveis por dezenas de milhares de assassínios com
armas de fogo - na lavagem de dinheiro, num montante de cerca de 880 bilhões de
dólares.
As relações
comerciais do banco com os cartéis da droga perduraram, apesar das dezenas de
notificações e avisos de diversas agências governamentais dos EUA (entre as
quais o OCC - Office of the Comptroller of the Currency).
Os lucros obtidos não só levaram o HSBC a ignorar os avisos,
mas, pior ainda, a abrir balcões especiais no México, onde os narcotraficantes
podiam depositar caixas cheias de dinheiro vivo, para facilitar o processo de
branqueamento.
Apesar da atitude
abertamente provocatória do HSBC contra a lei, as consequências legais da sua
colaboração direta com as organizações criminosas foram praticamente nulas. Em
Dezembro de 2012, o HSBC teve de pagar uma multa de 1900 milhões de dólares - o
que equivale a uma semana de receitas do banco - para fechar o processo de
branqueamento.
Nem um só dirigente ou empregado foi sujeito a procedimento
criminal, embora a colaboração com organizações terroristas ou a participação
em atividades ligadas ao narcotráfico sejam passíveis de cinco anos de prisão.
Ser dirigente de um grande banco dá direito a carta branca para facilitar, com
total impunidade, o tráfico de drogas pesada, ou outros crimes.
E pensar que bancos são
os maiores financiadores de campanhas eleitorais para garantirem a eleição de governos cúmplices de sua bandidagem, que
colaborem com o saque a seus próprios
países. Mas esses governantes "não fazem isto por maldade": uns e umas até juram que amam o
seu povo, que governam para os trabalhadores, que são de esquerda etc . Eles
fazem isso por submissão e por ganância, ou seja, em troca de muita grana, não só para suas
campanhas eleitorais, mas, também, para suas contas particulares.
Para ficarem milionários, políticos vendidos, que representem
as elites e tenham alguma chance no processo eleitoral viciado, nem precisam mais ganhar eleições: basta serem
candidatos e funcionarem como antagonistas dos mesmos projetos e programas de
governo que “combatem”, criando assim uma falsa polarização que leve os eleitores a serem obrigados a optarem por um “mal menor”
Eric Hobsbawm escreveu sobre
a “Era das Revoluções”, a “Era dos Extremos”, a “Era do Capital” e a “Era
dos Impérios”. Agora, acho que chegou a
hora de completar sua obra, escrevendo sobre
a “Era do Cinismo” ou da Falta de Vergonha na Cara.
Beth Monteiro
Fonte: CADTM – Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro
Mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário