Beth Monteiro
A ironia trágica desta história é quando se percebe que as
vítimas do Holocausto se tornaram os
algozes que promoveram - e continuam a promover - a Nakba, ou seja, a expulsão sistemática e violenta de um povo
do seu próprio país de origem.
Mais do
que o assassinato de cerca de 15 mil pessoas em massacres, a destruição de 521
vilas palestinas e o deslocamento de cerca de 800 mil pessoas (números oficiais
da ONU relativos apenas a 1948), a Nakba foi uma limpeza étnica, que, de acordo
com as Nações Unidas, é definida pela transferência massiva de uma população de
forma sistemática, coerciva e deliberada, com o objetivo de alterar a
composição demográfica de uma região, e, particularmente, quando há por trás
uma ideologia que justifique a dominação de um grupo sobre o outro.
Desde
1948, o sionismo, com a conivência e apoio incondicional do imperialismo, usa
essa política para impedir os palestinos de exercerem seu direito de
autodeterminação. Israel expulsa os palestinos de suas terras e impede seu
retorno com o propósito de colonizar e estabelecer uma maioria judia no
território. A Nakba segue ocorrendo na chamada Terra Santa. A política de
expulsão sistemática da população palestina continua na ordem do dia.
Além do
bloqueio à Faixa de Gaza, que Israel transformou
no maior campo de concentração do mundo, os palestinos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental convivem diariamente com
o confisco de suas terras, a demolição
de suas casas, com o controle sobre a água, estradas e
fronteiras e o estabelecimento de checkpoints (bloqueios militares) em todo o
território, além da prática hedionda do APARTHEID que foi institucionalizado com a
construção do muro da segregação na Cisjordânia, território palestino ocupado
ilegalmente por Israel , que começou a ser erguido em 2002, e tem cerca de nove
metros de altura e 700 km de
comprimento. (quase a mesma distância entre o Rio de Janeiro e Luziânia em
Goiás)
Este
muro da segregação não tem o objetivo de segurança, como alega Israel,
mas de reforçar a colonização. Pelo caminho, vão-se demolindo casas,
destruindo infraestruturas, sistemas de irrigação, separando famílias,
impedindo o crescimento natural e saudável de uma sociedade já traumatizada por uma ocupação violenta.
Mas os
palestinos continuam firmes em sua resistência às ambições racistas do
sionismo/imperialismo. Uma luta que não tem data para acabar. Mas eles sabem que o caminho é longo, e por isso é
preciso construir uma base sólida de resistência, pautada na total independência do jogo político capitalista e centrada na
construção de uma Palestina laica, independente, autônoma e Socialista em um só
Estado onde todas as etnias e religiões possam conviver em paz e que,
sobretudo, mantenha e amplie o caráter internacionalista desta luta.
A luta dos palestinos é a luta de todos que lutamos contra a
opressão capitalista, agravada exponencialmente
em sua fase imperialista cada vez mais predatória, desumana e cruel. A este
povo espoliado foi destinada uma das mais
terríveis experiências humana: ficar cara a cara com
monstro sionista
(Israel) que encarna toda a crueldade e
capacidade humana para destruir, humilhar, despojar, roubar, matar, torturar e
encarcerar todos os que resistem a seu poder desmedido , cujos crimes ficam
impunes por conta do apoio que recebe de praticamente todos os países que o
reconhecem e com ele mantém relações políticas, comerciais e culturais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário